Reynolds interpreta o policial Nick, que investiga traficantes de drogas com seu parceiro Hayes (Kevin Bacon).
SÃO PAULO - Estrelado por Ryan Reynolds e Jeff Bridges, "R.I.P.D. - Agentes do Além" lembra - e muito - o formato e estilo da franquia "MIB - Homens de Preto". Mas apesar de praticamente compartilhar a mesma fórmula, substituindo os alienígenas por fantasmas e a agência secreta por um departamento de polícia do purgatório, esta comédia sobrenatural tem lá suas qualidades.
Reynolds interpreta o policial Nick, que investiga traficantes de drogas com seu parceiro Hayes (Kevin Bacon). Porém, em uma de suas diligências, acabam levando ilegalmente um artefato de ouro para incrementar suas rendas. Quando Nick avisa seu parceiro de que pretende devolver a peça, é alvejado por Hayes durante um tiroteio contra narcotraficantes.
Ao morrer, em vez de ir direto para julgamento final, Nick vai parar na R.I.P.D. (sigla em inglês para Departamento Descanse em Paz) uma espécie de delegacia do purgatório, chefiada por uma intendente maluca (Mary-Louise Parker). Formada por policiais mortos em serviço, a divisão busca espíritos que não querem sair da terra. São almas que se recusam a partir e, ao apodrecerem longe do além, tornam-se maiores e mais violentas.
Para caçar esses não-vivos, Nick alia-se a Roy (Bridges), um caubói morto no século XIX, espécie de versão bem-humorada de Rooster Cogburn (personagem do próprio ator na refilmagem de "Bravura Indômita"). É a conhecida fórmula do "buddy movie", em que a dupla se antagoniza para produzir o humor. Daí a semelhança com "Homens de Preto": as brigas por suas diferenças, as armas especiais, a morfologia bizarra dos vilões, os informantes.
Tudo se complica quando Nick descobre que os artefatos de ouro, roubados com Hayes, fazem parte de um grande complô dos não-mortos para trazer todas as almas de volta à Terra. E pior: seu assassino e ex-parceiro parece estar envolvido nessa trama.
Baseado em uma revista em quadrinhos homônima, esta produção possui alguns furos que não constam nos gibis. Não se entende, por exemplo, o que são realmente esses não-mortos. Se são almas, por que as pessoas os enxergam? Afinal, Nick e Roy estão disfarçados quando trabalham na terra, incorporando divertidos avatares.
Bridges dá uma show à parte e demonstra divertir-se em seu papel. Reynolds, ao contrário, parece limitado a um mesmo registro quando atua em comédias. Embora tenha provado capacidade dramática em "Enterrado Vivo", por exemplo, seu Nick está tão próximo do Lanterna Verde, quanto de Hannibal King, seu personagem em "Blade:Trinity". Isto é, mais do mesmo.
Apesar dos deslizes, o diretor alemão Robert Schwentke consegue unir o humor com as cenas de ação, tal como fez em "RED - Aposentados e Perigosos". Mas, para evitar que uma indicação etária mais alta restringisse o público das salas de cinema, acomodou-se num filme sem qualquer ousadia, atenuando o aspecto mais sombrio da história original.
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Reuters
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