segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Jericoacoara, o outro nome do paraíso

A paz e o esplendor de uma praia onde, há duas décadas, não havia nem luz elétrica



Jericoacoara, uma vila de pescadores de beleza única (Foto: Divulgação)
Por Marco Lacerda*
Jericoacoara é uma vila de pescadores incrivelmente bela que conserva seu ar rústico, como pode ser visto assim que se vence, possivelmente a bordo de uma jardineira, os 23 quilômetros de dunas entre Jijoca e Jeri. Nas ruas de areia fofa a contemplação e o sossego são dever-de-casa.
Mas isso não quer dizer que o tempo ali é igual para todo mundo, no ritmo dormir cedo para aproveitar a praia assim que o sol nascer. Para alguns, o amanhecer marca a hora de ir para a cama, depois do forró no restaurante Dona Amélia que embala as noites de quarta e sábado com bandas ao vivo, na alta temporada. Quem prefere sons de outras latitudes, vá ao Planeta Jeri, à beira-mar.
Depois do forró, vale a pena uma pausa na Padaria Santo Antônio, que abre na madrugada com pães de queijo quentinhos. Ou seja, os boêmios também têm vez nesse pedaço do litoral cearense que há duas décadas não tinha nem luz elétrica.
Hoje a estrutura turística, com pousadas, hotéis, restaurantes e lojinhas, não impede a preservação do cenário de dunas como a do Por do Sol, onde todo mundo se encontra no fim de tarde, seja voltando de passeios de bugue pela região, seja acordando de um cochilo para recuperar as energias para uma madrugada de agito.
A Praia da Malhada, à direita da vila, é perfeita para banho e caminhadas. Na maré baixa, caminhe pela trilha que se abre até a Pedra Furada, curiosa formação esculpida pelas águas do mar. Se não for pela trilha, só a cavalo ou de bugue para chegar até lá.
O bugue, aliás, é essencial para se deslocar para cenários igualmente apaixonantes dos arredores. Ainda que pareça um sacrifício sair da vila, vale a pena o “esforço” de visitar lagoas com águas cristalinas, como a Azul e a Formosa, nas quais é possível testar a invenção mais deliciosa do lugar: as redes para deitar com meio corpo dentro d’água. No segundo semestre, o horizonte fica pontilhado pelas cores das velas dos praticantes de kitesurfe e windsurfe, que deslizam velozmente no embalo dos fortíssimos ventos.
Hospedagem
A hotelaria de Jericoacoara cresce. As principais pousadas aliam boa decoração eatendimento atencioso. A maioria delas está à beira-mar e no centrinho, mas novos estabelecimentos vêm surgindo perto da Duna do Pôr do Sol.
Localizadas no Centro, a Pousada Jeribá, a Pousada Vila Kalango e o Myblue Hotel são hospedagens pé na areia: no primeiro, restaurante e bar estão quase na areia; no segundo, bangalôs reservam vista para a Duna do Pôr do sol, enquanto o terceiro dispõe de redário, hidromassagem e bar de praia. O Chili Beach, na Praia da Malhada, tem acomodações de jardim na areia, e, na praia, kit com toalhas. Na Casa na Praia, na Beira-mar, você entra pela praia e nada na piscina com o som das ondas do mar, ao fundo.
O Portal do Vento, na Praia de Tatajuba, hospeda comumente kitesurfistas. Isso porque na praia em frente venta muito. Os quartos têm estilo rústico, sem televisão. Os de categoria Palafita ficam a 4 metros do chão, com vista para o mar.
Quem busca economia pode ser hospedar no Jujuju, Pousada Blue Jeri, Pousada Samba e Recanto do Barão Pousada, todos no Centro. Já o Jeri Brasil Hostel é dica de diária mais em conta na alta temporada.

Culinária 

Os restaurantes especializados em pescados predominam por aqui. A maioria dos estabelecimentos se concentra no centrinho, sobretudo na Rua Principal. Em maio, boa parte dos estabelecimentos fecha. No estrelado Pimenta Verde, no Centro, aposte nos frutos do mar. O The Lab, também no Centro, tem um longo menu de massas e pescados. 
Há variadas opções de petiscos, como o Batata Rostie, o Gelato & Grano e o Granola, que serve frozen yogurt, saladas, tapioca e açaí. 
Como chegar

O mais comum é por Jijoca de Jericoacoara. Mas não caia no conto dos guias à beira da estrada, que indicam um caminho para ir de carro. Além dos atoleiros na via, os veículos são inúteis na vila – deixe o seu em Jijoca. Dali, embarque em caminhonetes que fazem o trajeto em 40 minutos (R$ 10). Há também restrições para utilizar carro em Jeri – com acesso proibido no Centro. Lá, os chinelos não podem faltar. Os 287 km de Fortaleza a Jijoca podem ser percorridos nos ônibus da Viação Redenção (85/3256-2728), a R$ 50, com o trajeto de jardineira a Jeri incluído.
Há restrições para carros na vila, portanto, o melhor é deixá-los estacionados ao chegar. Isso não é um problema, porque andar a pé é o melhor jeito de conhecer o lugar. São três as ruas importantes: São Francisco, do Forró e Principal, entrecortadas por vielas com bares, lojinhas e restaurantes. Os bugueiros levam às praias e lagoas mais distantes do centrinho.
Só duas estações são percebidas em Jeri. O verão, entre julho e janeiro, traz os ventos para o kite e windsurfe. No resto do ano, o “inverno” não derruba o calor, mas traz nuvens de chuvas, principalmente de fevereiro a maio: é o período de diárias baixas.
"Jericoacoara" - Veja o vídeo: 

*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal

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