Encontro com deficientes foi a primeira etapa de uma visita por três lugares diferentes de Assis GIAN MATTEO CROCCHIONI/REUTERS
O Papa Francisco começou na manhã desta sexta-feira a sua visita a Assis, no centro de Itália, com um emotivo encontro. Segundo a descrição da AFP, sem pressas, atento, o chefe da Igreja Católica sorriu, beijou, acariciou, pôs as mãos sobre a cabeça e disse algumas palavras a cada um dos cerca de 80 deficientes, com idades entre os 5 e os 45 anos, com quem se encontrou.
Rodeado pelos oito cardeais de cinco continentes a quem pediu que o ajudassem a pensar a estrutura da Igreja, e com quem esteve reunido nos últimos três dias, o Papa deixou de lado o discurso que tinha preparado e improvisou. “Jesus está presente e escondido [nas crianças]”, disse. “Os cristãos devem reconhecer as feridas de Jesus”, disse, numa intervenção pontuada por gemidos das crianças.
“Infelizmente a sociedade está poluída pela cultura do desperdício, que se opõe à cultura do acolhimento. E as vítimas da cultura do desperdício são precisamente as pessoas mais frágeis ", dizia o discurso escrito, que o Papa não leu, mas cuja divulgação foi autorizada. Nele saudou como “sinal da verdadeira civilidade, humana e cristã”, o trabalho da instituição que visitou – o Instituto Serafico de Assis, uma instituição católica para jovens deficientes físico e mentais, junto ao monte Subiaco.
Desde o amanhecer, grupos de peregrinos, estudantes, congregações de padres e religiosos concentraram-se na cidade para acolher o Papa que escolheu o nome de Francisco de Assis, filho de um rico mercador que, disse o líder católico, conheceu Cristo através do contacto com leprosos, no século XIII. A visita a Assis, onde o Papa chegou de helicóptero, tem por isso um forte valor simbólico.
O Papa referiu-se também já em Assis à tragédia que provocou a morte de mais de uma centena de pessoas (há ainda mais de 200 desaparecidos) num naufrágio com um navio de imigrantes, no Sul da Itália. “Hoje é um dia de lágrimas”, disse. Francisco – que na quinta-feira se referiu ao ocorrido como uma “vergonha” – denunciou a “indiferença para com os que fogem da escravatura, da fome, para encontrar a liberdade e encontram a morte como ontem [quinta-feira] em Lampedusa”.
A visita ao instituto foi a primeira etapa de um programa de um dia que prevê a passagem de Francisco por 13 lugares diferentes e reserva lugar destacado a encontros com pessoas desfavorecidas. Será o primeiro Papa a visitar a Sala della Spolazione, onde, em 1207, Francisco de Assis se despojou das vestes perante o pai, como sinal de que os bens terrestres foram destinados por Deus aos mais pobres.
O Papa, eleito há sete meses, deve divulgar até ao fim do ano uma encíclica intitulada Beati pauperes (Bem-aventurados os pobres).
http://www.publico.pt/mundo/noticia/papa-francisco-iniciou-visita-a-assis-encontrandose-com-deficientes-1608049
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