Qual a real necessidade de um produto, quanto dele deve ser fabricado e qual o preço a ser cobrado?
(Foto: Arquivo) |
Em ciência econômica existe uma teoria que se convencionou chamar de “Problema do Conhecimento”. Resume-se em dizer que apenas o indivíduo é capaz de conhecer e julgar as condições e consequências de suas ações no contexto em que está inserido.
Assim, se Dona Maria resolveu mudar a receita do seu bolo de aipim de açúcar para adoçante, o fez porque só ela era capaz de julgar se a nova receita teria apelo entre seus compradores, se teria de contratar mais colaboradores ou comprar um forno novo e, consequentemente, se teria de cobrar preço mais alto ou mais baixo.
A questão se torna relevante quando a decisão de milhares de Donas Marias quanto ao preço que cobram alteram o cenário dos preços em todo o espaço econômico.
Isso também é relevante para Dona Maria quando vários teóricos acreditam que é possível interferir nesta decisão de preços e de investimentos através de políticas consideradas a nível macroeconômico. Matizes desta crença vãodesde o controle da economia em geral com taxas de juros e injeção de capital até o controle direto de preços.
Com relação ao controle direto dos preços, esta abordagem tende a ignorar dois pontos que são de imensa relevância. O primeiro é o fato de que, quando o burocrata decide estatizar a produção do bem referido para poder controlar seu preço, ele retira da atividade o seu cálculo econômico. Assim sendo, não há mais referência, não só sobre a viabilidade da produção do produto, mas também sobre a demanda real do mesmo. E assim sendo, fica-se sem saber qual é a real necessidade que se tem de um produto, o quanto dele deve ser fabricado e qual o preço a ser cobrado.
Quando o economista Gordon Tullock visitou a União Soviética no final dos anos setenta, ele tinha esta pergunta na cabeça: como os soviéticos definem a quantidade de produtos que devem ser produzidos, se não há preço? Tendo feito esta pergunta a um planejador soviético, obteve resposta simples: este apenas tirou da gaveta um catálogo da Sears e colocou sobre a mesa.
O segundo ponto é o fato de que, para o empreendedor que tem seus preços controlados, sempre resta a alternativa de parar de produzir seus bens e fazer outra coisa com seus recursos. É obviamente o que fará se os preços impostos forem menores que sua expectativa de retorno de investimento e margem. Certamente, se um burocrata acredita que um preço deve ser controlado é porque acredita que está alto, geralmente por razões políticas.
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