sábado, 26 de outubro de 2013

Simplicidade: um caminho possível?

'Vida mais simples é uma forma de entrar em contato com Deus', diz Dom João Justino.


Família anda de bicicleta: além de saudável, a prática fortalece os vínculos com família, amigos e com a comunidade. (Foto: Arquivo)
Por Alexandre Vaz
Redação Dom Total


O excesso de consumo de bens e de informações vem afastando o homem moderno de sua essência, deixando pouco espaço para que ele descubra o real valor de suas experiências pessoas. Em nome do sucesso e da busca desenfreada aos bens materiais, muitas pessoas abdicam de experiências como a convivência em família, a apreciação da natureza, a conversa amigável entre vizinhos e até mesmo um minuto de silêncio consigo mesmo.

Para quebrar esse ciclo, é cada vez mais comum o número de pessoas que questionam esse modelo de comportamento, buscando uma vida mais simples e desprovida de complicações. Para o bispo auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte, Dom João Justino de Medeiros Silva, a busca pela simplicidade é uma forma de as pessoas se aproximarem de Deus, deixando espaço para que o mistério divino entre em suas vidas.

“O acumular de objetos e produtos produz um ‘empanturramento’ nas pessoas, deixando-as distantes de si mesmas. Por isso, a perspectiva do desapego é importante, uma vez que ele deixa espaço para o encontro com Deus e o sentido da vida. Ou seja, viver de modo simples é uma forma de anunciar que a nossa segurança está em Deus”, explica.

Dom João Justino alerta que a sociedade capitalista aproveita-se dessa sensação de insaciedade permanente das pessoas, empurrando-lhes bens e serviços dos quais elas, na verdade, não precisam. “O mercado descobriu esse poço sem fundo. A simplicidade vai na contramão desse modelo. A felicidade vem de coisas que o dinheiro não pode comprar”, lembra.

Exemplo de Francisco

Como exemplo, o arcebispo cita Lucas 18, 18-23, em que Jesus encontra-se com o homem rico e lhe propõe que, para que encontre Deus, é preciso que ele abra mão de tudo e reparta com os pobres. 

“Entende-se que, ao propor que o homem abra mão de seus bens, Jesus também propõe que ele ganhe mais liberdade em seus pensamentos e sentimentos, tornando-o mais próximos de Deus e seus irmãos. Esse foi o modelo proposto por Jesus a todos os seus discípulos e que também foi referencial para homens como Francisco de Assis”, destaca.

Dom João Justino destaca também o exemplo que está sendo oferecido pelo papa Francisco. “Pela força de suas palavras e por sua visibilidade, o papa acaba desafiando esse modelo cultural-econômico. Nesse sentido, ele também ajuda as pessoas a repensar sua forma de viver e de se relacionar com o meio ambiente”, afirma.
Redação Dom Total

Nenhum comentário:

Postar um comentário