A costa norte de Israel, entre Cesareia e Acre, tem vindo a ser o ponto de partida de várias peregrinações de portugueses à Terra Santa, nos últimos anos, apresentando-lhes a diversidade cultural e religiosa do país.
A tradição de visitar a terra onde Jesus nasceu, pregou, morreu e ressuscitou remonta ao início do catolicismo, mas viria a ganhar consistência com a ação dos Franciscanos, no final da Idade Média, permitindo que os chamados Lugares Santos regressassem à posse das comunidades cristãs.
A Custódia Franciscana da Terra Santa, uma missão internacional com 334 religiosos de 33 países, procura preservar esta memória e, no caso português, o seu comissariado propõe como início oficial de peregrinação a igreja de São Pedro, em Jope, uma cidade marítima que acolhia os peregrinos chegados de barco para os levar a partir daí para o resto do país.
Esta viagem foi feita, ao longo da história, com fins espirituais, mas também com o intuito de reconquistar locais de relevância central para o Cristianismo que tinham caído sobre domínio muçulmano.
As memórias das Cruzadas são ainda hoje visíveis e mesmo publicitadas, como no caso de Acre, porto setentrional que foi a capital do reino dos cruzados, após a queda de Jerusalém: é um cruzado que aparece nos cartazes da localidade.
A cidade bizantina e a reconstrução dos cruzados está hoje em ruínas, na Cesareia, cidade que chegou a acolher um Concílio, no século II.
As referências bíblicas começam a ser mais visíveis no Monte Carmelo, ligado à figura do profeta Elias (I Livro dos Reis), venerado por judeus, cristãos e muçulmanos pela sua luta em favor do monoteísmo; o local está ligado ao nascimento da Ordem dos Carmelitas, no século XIII.
O percurso segue depois para o interior, rumo ao ‘Mar da Galileia’, com passagem por Caná, onde Jesus realizou o seu primeiro milagre, segundo o relato Evangelho de São João, transformando água em vinho.
O facto não passa despercebido aos vários comerciantes locais, dependentes da disponibilidade financeira dos peregrinos, a quem propõem o ‘vinho das bodas de Caná’, entre outras recordações, falando a língua que for necessário para se fazerem entender.
Junto à Igreja, além dos comerciantes, ouvem-se as vozes de quem sofreu por causa do conflito entre judeus e muçulmanos: num território em que fiéis das várias religiões seguem oito calendários distintos, é notório que a convivência tem sempre de enfrentar vários obstáculos.
OC
Agência Ecclesia
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