sábado, 9 de novembro de 2013

Cáritas condena «perigosa cegueira» face a efeitos da austeridade

Portugal: 

Organização católica sustenta que crise exige mais do que «soluções técnicas»

Lusa
Lisboa, 08 nov 2013 (Ecclesia) – A Cáritas Portuguesa publicou hoje uma nota sobre a situação do país em que critica a “perigosa cegueira” dos governantes e responsáveis públicos face aos efeitos da austeridade e às consequências da crise económica.
“Não basta termos soluções técnicas com efeitos a prazo. Impõe-se que haja sensibilidade e sentido de justiça para minorar drasticamente os sacrifícios de quantos são afetados pelas medidas geradas pela crise”, refere o documento, enviado à Agência ECCLESIA.
A Cáritas deixa apelos à União Europeia, para que coordene esforços no sentido de “pôr a riqueza e o desenvolvimento ao serviço de todos”, sem colocar em causa o rigor das contas públicas.
“Os compromissos internacionais devem ser cumpridos, as dívidas têm de ser pagas sem imposições intoleráveis, mas impõe-se que haja justiça para todos”, observa a organização da Igreja Católica.
A nota defende a necessidade de “pôr em prática ações concretas, na sociedade e nas políticas públicas" que contrariem a "cegueira" relativamente aos que são vítimas de uma crise "gerada pela especulação financeira, pela avidez da riqueza fácil e imediata, pelo consumismo desenfreado e pela irresponsabilidade social”.
A Cáritas Portuguesa apresenta a sua posição num momento em que o país debate o próximo Orçamento e o guião da ‘Reforma do Estado’, manifestando-se contra o “agravamento das desigualdades e das injustiças”.
“O Estado Social é chamado a responder melhor aos novos desafios de uma justiça para todos. Nesse sentido, a reforma tem de cuidar do rigor e da justiça”, adverte a organização católica para a solidariedade e ação humanitária.
A organização convida os católicos e a sociedade em geral a contrariar “quaisquer manifestações” de desigualdade e de exclusão.
“A crise financeira tornou-se económica e social, alastrou pelo mundo e está a afetar, em termos intoleráveis, não só os mais pobres mas também aqueles que agora inesperadamente se vêm privados de emprego e dos meios essenciais à sua subsistência”, pode ler-se.
A nota fala num clima de “crispação e de acusações mútuas”, face ao qual é necessário encontrar “pontes duráveis de diálogo”.
“Perante o drama demográfico, a sede doentia de ganhos fáceis, o egoísmo consumista e o negocismo financeiro, a desatenção à destruição do meio ambiente, precisamos de uma redobrada atenção e um verdadeiro cuidado aos irmãos em dificuldades”, acrescenta o documento.
O momento de crise exige, segundo os responsáveis da Cáritas, a adoção de medidas visando “o combate à pobreza, a promoção do investimento e do emprego e a salvaguarda da dignidade humana para todos”.
OC

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