Congresso internacional decorre esta semana em Braga
Lisboa, 06 nov 2013 (Ecclesia) – A cidade de Braga vai acolher a partir de hoje o congresso internacional ‘Concílio de Trento. Restaurar ou Inovar. 450 anos de história’, que pretende “analisar o seu impacto cultural e mental em Portugal”.
“Pela primeira vez realiza-se em Portugal um grande congresso sobre o Concílio de Trento [século XVI] e sobre o seu impacto na cultura. Não vamos só analisar o que significou o estabelecimento de um conjunto de diretrizes para regular a doutrina, uma espécie de reforma eclesiológica, mas também a sua receção e impacto cultural e mental em Portugal até aos dias de hoje”, explicou à Agência ECCLESIA José Eduardo Franco, da coordenação executiva da Comissão Organizadora.
O diretor do Centro de Literaturas e Culturas Lusófonas e Europeias da Universidade de Lisboa revelou que é “fundamental” analisar o Concílio de Trento para se entender Portugal “como povo, cultura e sociedade” uma vez que este influenciou a “modelação e evolução politica e a definição de campos religiosos, políticos e sociais”.
No Congresso internacional vão também debater matérias saídas do Concílio como a catequese, os sacramentos, a formação do clero, as orientações da missão dos bispos, que tornaram-se mais próximo das populações e ainda destacar figuras portuguesas que “tiveram preponderância em Trento”.
Em Portugal destaca-se D. frei Bartolomeu dos Mártires, arcebispo primaz de Braga, que impulsionou a aplicação das decisões do concílio no reino, nomeadamente a começar na sua diocese.
No congresso “Concílio de Trento. Restaurar ou Inovar. 450 anos de história”, a arte também terá lugar de relevo com a realização de painéis que vão exemplificar “o seu reflexo fundamental na forma de fazer arte”, como “a regulamentação da arquitetura ou da pintura, que passou a ser feita noutros moldes no mundo católico”.
O Concílio de Trento, convocado pelo Papa Paulo III, era “desejado por muitos bispos, teólogos, líderes da Igreja e apesar de não ter sido muito participado foi marcante para impulsionar uma resposta decisiva da Igreja” e terminou em 1563.
Segundo José Eduardo Franco, esta ação - a Contra-Reforma - às reformas protestantes de Martinho Lutero e João Calvino, marcou a Igreja e a Europa, “num antes de depois do Concílio de Trento” e “contribuiu para uma nova geografia norte-sul não só religiosa - catolicismo/protestantismo”.
Por isso, segundo o interveniente não se pode simplificar o maior desenvolvimento do norte da Europa em comparação com o sul “com o catolicismo de Trento” mas “é preciso debatê-lo e discuti-lo e ultrapassar essa visão simplista, estereotipada, ideológica, que é empobrecedora”.
Com o Concílio houve também uma “definição doutrinal dos sete sacramentos”, uma maior “racionalidade das práticas devocionais e espirituais procurando depurar as influências não cristãs, redefinido o culto dos santos”, assinalou.
Este Concílio contribuiu ainda para o início da regulamentação canónica “muito completa que existe hoje” e para o “grande impulso missionário da Igreja, aproveitando as expansões marítimas”, explicou José Eduardo Franco.
PR/CB
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