Presidente da Sociedade de S. Vicente de Paulo afirma que há pessoas que estão a passar fome «à porta» de quem decide ou «ao lado da casa dos familiares»
Lisboa, 31 out 2013 (Ecclesia) – O presidente da Sociedade de São Vicente de Paulo (SSVP), António Correia Saraiva, afirmou à Agência ECCLESIA que o orçamento de Estado em discussão na Assembleia da República desconhece a realidade do país.
“Tenho de dizer que este orçamento e todas estas medidas que estão a ser tomadas são medidas de pessoas que, de fato, não conhecem a realidade, que não estão a viver no mesmo país onde há pessoas a sofrer tanto”, referiu o presidente da SSVP.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, António Correia Saraiva afirmou que há pessoas com “fome” e “sem água e sem luz” a habitar “à porta” ou “ao lado da casa dos familiares” de muitos políticos e, mesmo assim, desconhecem esta realidade.
“Há pessoas à porta deles ou ao lado da casa dos familiares deles que estão a passar fome, que estão sem água e sem luz, que querem cozinhar e não têm gás para cozinhar e esta realidade eles não conhecem e como não conhecem fazem todas estas leis que de fato humilham as pessoas cada vez mais”, sublinhou.
Os pedidos de ajuda têm aumentado junto das conferências da SSVP, sobretudo de “bens alimentares” e dinheiro para pagar faturas de luz e água ou roupa para as crianças “poderem ir à escola”.
“Pedem tudo isso e muito mais, todos os dias nas SSVP que estão espalhadas pelo país”, diz António Correia Saraiva, reconhecendo que muitas vezes as conferências vicentinas não têm capacidade de resposta.
“Passamos noites e dias muito angustiados porque não conseguimos ajudar e estamos a ver que a pessoa está a degradar-se humanamente. Mas nós nunca deixamos chegar a esse ponto! Quando não conseguimos ajudar, fazemos tudo para encaminhar a pessoa para outra conferência vicentina ou para outra instituição de caridade como por exemplo a Cáritas ou outra qualquer que nos ajude a apoiar essa pessoa. Arranjamos sempre solução!”, afirma o presidente da SSVP.
A Sociedade de São Vicente de Paulo está a assinalar os 200 anos de nascimento do fundador, Frederico Ozanam, que, há 180 anos, criou a primeira conferência vicentina (na altura designada Conferência da Caridade), em Paris.
As conferências vicentinas começaram em Portugal há 154 anos, em Lisboa, e estão hoje espalhadas por todas as dioceses.
“Neste momento somos já 900 conferências a nível nacional com mais de 1500 vicentinos”, refere António Correia Saraiva em entrevista à Agência ECCLESIA, publicada na edição de hoje do semanário digital.
MD/PR
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