Economia moderna deve ser orientada por princípios de sustentabilidade ecológica (Foto: Divulgação) |
Marcus Eduardo de Oliveira
É cada vez mais frequente o choque entre a economia em expansão e os limites dos sistemas naturais do Planeta.
Essa tensão entre o sistema econômico e o sistema ecológico ganhou maior proporção durante o ano 2000 quando o crescimento da economia mundial ultrapassou o crescimento de todo o século XIX.
Fora isso, acrescentamos mais 80 milhões de habitantes à população mundial a cada ano, fato que até 1950 esse crescimento populacional pouca atenção despertava.
Fato concreto é que o desenvolvimento de mais tecnologias faz pressionar os níveis de produção global de bens e serviços que, desde 1950, aumentaram sete vez, assim como o substancial aumento da renda provoca maior pressão sobre os níveis de consumo.
Para sustentar a economia global do jeito como ela vem sendo estruturada e conduzida, o capital natural da Terra tem sido substancialmente dilapidado; vários pesqueiros já entraram em colapso, lençóis freáticos caem assustadoramente, grandes extensões de solos e pradarias são esgotadas.
Na tentativa de cobrir os déficits econômicos “criamos” os déficits ecológicos. Lester Brown em “Eco-Economia” destaca bem essa passagem: “os déficits econômicos são o que tomamos emprestados uns dos outros; os déficits ecológicos são o que retiramos emprestados das gerações futuras”.
Na tensão existente entre o ato de produzir e o de pensar a questão ecológica, a produção tem se sobressaído.
Herman Daly, expoente máximo da economia ecológica, diz que “à medida que o empreendimento humano continua a expandir, os produtos e serviços fornecidos pelo ecossistema da Terra são cada vez mais escassos, e o capital natural está rapidamente se transformando no fator limitador, enquanto o capital criado pelo homem é cada vez mais abundante”.
Como mudar essa história? O caminho de saída dessa economia destrutiva passa, indubitavelmente, pelo planejamento de uma economia que respeite os princípios da ecologia.
Urge estabelecer uma economia que seja sensível à produção sustentável, respeitando, primeiramente, a capacidade de suporte ecológico, os ciclos de nutrientes, ciclo hidrológico e o sistema climático.
Outro ponto de reversão para abandonar essa economia destrutiva é criar maneiras para abranger a reutilização e a reciclagem.
Para tanto, a economia moderna não pode mais ser orientada por sinais emitidos pelo mercado (isso já se mostrou extremamente autodestrutivo), mas, sim, por princípios de sustentabilidade ecológica.
Sem o sistema econômico reconhecer à sua dependência da biosfera, entendendo ser um subsistema do meio ambiente, ficará difícil o processo de reversão.
Os tomadores de decisões econômicas precisam entender que é o ecossistema que dá fundamento à atividade econômica e, por isso, deve e precisa ser preservado.
Portanto, se há uma alternativa de ruptura com o atual modelo econômico destruidor da riqueza natural, essa é claramente a de reestruturar a economia sob as bases dos princípios ecológicos. Sem adotar essa premissa, não haverá possibilidades de reversão.
Marcus Eduardo de Oliveira é economista e professor de economia da FAC-FITO e do UNIFIEO, em São Paulo. prof.marcuseduardo@bol.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário