
Em mais um dez de dezembro, dia Internacional dos Direitos Humanos, precisamos afirmar ideais de ser humano e de sociedade. Estamos em 2013, mas ainda longe das condições de dignidade para importante parcela de nossa população brasileira e mundial. Dia 10 de Dezembro também é dia de lembrar que os direitos não nascem dos palácios e nem dos gabinetes, mas nascem da luta cotidiana e perseverante daqueles que acreditam que é possível e necessário construir condições de vida boa e abundante para todos, sem qualquer distinção.
A vida, como a liberdade, são valores imexíveis, inegociáveis. Não são conceitos abstratos, mas frutos de vivências e percepções individuais e coletivas, que adquirem sentidos diferentes, porque diferentes são as histórias de cada um. Por isso mesmo é preciso que nos coloquemos coletivamente em marcha pela humanidade que reside em nós e nos outros, pois sempre, a toda hora e em todo lugar podem ocorrer situações em que a vida e a liberdade correm riscos. Mas como defendê-los? Como ensiná-los?
Teremos predisposição para enxergar as inúmeras e corriqueiras violações a que são submetidas muitas pessoas, no cotidiano de nossos dias e nossas vivências? As ruas, as casas, as escolas, os prédios, os campos, as cidades estão fartos de indignidade. Os nossos cinco sentidos humanos podem nos ajudar a desvelar o mundo das realidades humanas. A nossa consciência de sujeitos de direitos pode ajudar na promoção da humanidade que reside em todos nós.
A defesa da vida, que também defesa da dignidade humana, engloba o que a humanidade, através de muita luta e conquista, reconheceu como direitos humanos. Mas o que vem a ser dignidade humana? É difícil definir, mas é fácil de explicar e entender quando nos deparamos com situações em que falta dignidade para alguma pessoa. Dignidade define a própria noção de humanidade, enquanto condições básicas e elementares para sermos gente.
Mas como criar identidade com direitos humanos e, por consequência, com a dignidade? Cada um de nós, como todos os outros, é sujeito de direitos e de dignidade, ao mesmo tempo diferente e igual em relação com os outros. Temos em comum o fato de que somos humanos e temos as mesmas necessidades para nossa "sobrevivência animal". Mas jamais as nossas diferenças ou semelhanças não podem ser critérios para auferir dignidade para um ou para outrem.
A cultura pela dignidade humana promove condições em que ocorra a tolerância, o diálogo, a cidadania, a diversidade. Deve também permitir e incentivar a organização e luta coletiva por direitos. Deve exigir um Estado protetor e promotor de direitos humanos, e não violador da vivência da cidadania e das liberdades. A educação em e para os direitos humanos é mediação para a humanização das pessoas. Através dela podem ser construídas novas formas de relação interpessoal e com o ambiente cultural e natural que ponham a dignidade da pessoa, sua promoção e respeito, no centro da agenda.
Direitos humanos precisam ser aprendidos e ensinados. Aprender é sustentar posturas, subsidiar o desenvolvimento de atitudes e construir sujeitos pluridimensionais agentes da história. Neste sentido, a educação em e para os direitos humanos busca incentivar e motivar para o engajamento efetivo de cada pessoa e de todos na luta pela realização de todos os direitos humanos de todas as pessoas.
Força e coragem a todos os ativistas de direitos humanos que resistem e lutam bravamente para transformar a sua vida e vidas alheias! Àqueles que dizem sim à vida e acreditam que a felicidade é a nossa maior razão de existir.
* Nei Alberto Pies, professor e ativista de direitos humanos.
Fonte: Nei Alberto Pies / Revista Missões
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