quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Divórcio à Mark Twain entre Obama e Michelle

Michelle separa-se de Obama: divórcio à Mark Twain

Foto: EPA
A revista americana The National Enquirer revelou, no Natal, que o casal Obama se vai divorciar. Segundo o tabloide, a crise entre eles já existe há muito tempo.
A primeira-dama já sofreu tanto que preparou os documentos para o advogado. Ela ficará na Casa Branca até ao fim do mandato por respeito ao instituto da presidência. Mas, em janeiro de 2017, (oficialmente, os mandatos presidenciais começam, nos EUA, no mês de janeiro do ano seguinte depois das eleições), ela e Barack supostamente irão sair de Washington em diferentes direções.
Mesmo entre os tabloides dos EUA, The National Enquirer tem uma reputação bastante duvidosa. A revista é uma espécie de aspirador num buraco de fechadura: entram roupa e zangas alheias e saem sensações. Ela tem um auditório constante, mas muito específico. As restantes pessoas pegam no Enquirer com cuidado.
Na América, semelhantes notícias explosivas aparecem ou na véspera de eleições, ou quando há mesmo falta de notícias, quando são poucos os leitores, mas é preciso vender a tiragem. Até às eleições de novembro de 2016 ainda falta muito tempo. Isto significa que a culpada é “a falta de notícias”: nos dois dias de Natal, nos EUA não se publicam jornais e revistas.
O casal Obama já “se divorciou” por mais de uma vez. Esta revista já o anunciou três vezes. Além disso, descreveu toda a “pré-história dos divórcios” com pormenores que, normalmente, ninguém e nunca compartilha com a imprensa e talvez nem os confie aos advogados.
Em 2010, Michelle, segundo o Investigador Nacional (tradução livre do nome da revista), ameaçou separar-se de Obama se ele fosse reeleito. “Ou eu, ou a Casa Branca”, disse ela, acrescentando: “A minha vida aí é um autêntico inferno”.
Em 1996, ela teria feito a mesma ameaça, mas antes da tentativa de Obama de eleição para o Congresso (então, ele foi derrotado). Ela voltou a ameaçar “queimar pontos em 2000”.
Em outubro de 2012, o milionário Donald Trump disse ter nas mãos os “documentos do divórcio” do presidente e da sua esposa. Nas vésperas das presidenciais de novembro de 2012, ele ameaçou publicá-los e prometeu que a publicação dos documentos provocaria um choque pior do que o que sentiria a América se soubesse de súbito que a Terra é quadrada.
Jay Leno, apresentador de um dos mais populares shows televisivos no canal NBC, perguntou a Obama, já depois das eleições, o que tinha acontecido e porque é que Trump atacava assim o presidente? Obama (ele nunca se encontrou pessoalmente com Donald Trump) fugiu ao tema com uma piada:
“Isso já vem do tempo em que nós vivíamos ambos no Quênia (O pai de Obama tem origem queniana). Nós corríamos no campo de futebol e ele ficava sempre para trás. Isso humilhava-o e irritava-o. Quando nós, finalmente, viemos para a América, pensei que tudo tinha acabado. Mas não”.
Em 2004, The National Enquirer “divorciou” este casal devido ao “adultério” do senador Obama com uma das suas assessoras. Hoje, ela baseia-se numa “pessoa informada” e escreve que Michelle ficou furiosa com o comportamento do marido na cerimônia fúnebre de Nelson Mandela, no estádio de Joanesburgo, a 12 de dezembro. O presidente, segundo ela, teria feito a corte a Helle Torning-Schmidt, primeira-ministra da Dinamarca. A beldade dinamarquesa estava sentada entre Obama e David Cameron, primeiro-ministro britânico. O trio divertia-se (e com sonoros sorrisos) com fotos do telemóvel de Helle. Isso, depois, provocou um pequeno escândalo: os líderes de Estados realmente não se comportam assim em cerimônias fúnebres. Mas Michelle não ficou indignada com isso, mas com a atenção prestada pelo marido a Helle Torning-Schmidt. Na Dinamarca, ela é conhecida como “Gucci-Helle” devido à paixão por roupas de marca.
A esposa do presidente é uma advogada com longa experiência, licenciada em Princetown e na Escola de Direito de Harvard. Normalmente, as pessoas dessa profissão não se dão a emoções extremas. E a razão não é séria. A esposa de Bill Clinton, por exemplo, não abandonou o “amigo Bill” mesmo depois da escapada com Monica Lewinski. Hillary tinha bem mais motivos para se separar do que um infantil cortejar e fotos do telemóvel.
Oprah Winfrey, uma das super-populares apresentadoras de shows televisivos, perguntou, há cerca de dois meses atrás, a Michelle Obama o que significava para ela o casamento com o presidente e como é que ela suporta a vida na Casa Branca. “Claro que é difícil, reconheceu a esposa do presidente dos EUA, mas eu sabia ao que ia”.
“Em geral, isso deve ser uma verdadeira parceria. Aqui é preciso amar e respeitar muito a pessoa com quem você se casou. O casamento é um caminho difícil. Eu digo isto a todos os jovens. Não se pode fundir duas pessoas, dar vida a várias outras e pensar que tudo é maravilhoso e fantástico, sem problemas até ao fim da vida. Pensar assim é uma receita para a catástrofe. É uma estupidez. Há altos e baixos. Mas, quando você, no fim do dia, pode dizer ao outro: “Gosto de ti”, isso significa muito mais do que o primeiro amor”, acrescentou ela.
Se o famoso americano e inteligente Mark Twain estivesse vivo, talvez hoje ficasse feliz com a atual América: ela continuou a ser como quando ele a deixou. Na imprensa dos EUA pouco mudou desde que Twain escreveu, em 1870, o seu paradigmático conto: “Como fui eleito governador”. Nele, o escritor, também baseando-se em “pessoas informadas”, foi acusado de falsas declarações no tribunal e de violação do “juramento por 34 testemunhas”, de roubo de “bens dos camaradas de barraca”, da intenção de roubar terrenos a uma pobre velha viúva, e não foi eleito governador.
A América de 2013 já não é a América que elegeu o seu primeiro presidente negro em 2008.
Então, mais de 50% estavam firmemente convencidos de que Barack Hussein Obama é cristão (o que é verdade, pois estudou numa escola católica da Indonésia e é bem conhecido o templo cristão que ele frequenta quando vai a casa, a Chicago). Hoje, na cabeça dos americanos, também com a ajuda da The National Enquirer, tudo se confundiu. Hoje, 1/5 dos americanos acredita que o seu presidente segue o Islã. Os restantes duvidam se ele é crente ou não. Para alguns, Obama é um marxista, socialista e comunista escondido, um muçulmano secreto, um racista e fascista.
Talvez isso passasse no tempo de Mark Twain, mas, no séc. XXI, trata-se claramente de um exagero.
Andrei Fedyashin
Barack Obama, EUA, escândalo, divórcio, Sociedade

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