Guilherme d’Oliveira Martins, Jorge Wemans e o padre Jorge Teixeira da Cunha analisam exortação do Papa Francisco
Lisboa, 13 dez 2013 (Ecclesia) – Guilherme d’Oliveira Martins, Jorge Wemans e o padre Jorge Teixeira da Cunha destacam a novidade, a radicalidade, o carácter inovador e a linguagem acessível da primeira exortação apostólica do Papa Francisco, ‘Evangelii Gaudium’ (A alegria do Evangelho).
“A ‘Evangelii Gaudium’ é um documento profundamente inovador, pelo registo direto e pela linguagem acessível que contém, mas também pelo modo como abre pistas novas para a reflexão e para o espírito crítico dos cristãos”, considera Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Centro Nacional de Cultura.
Para o responsável, é “necessária uma evangelização” para os “novos modos” das pessoas se relacionarem com Deus, com os outros e com o ambiente e “que suscite os valores fundamentais”.
Na mais recente edição do semanário digital ECCLESIA, o presidente do Centro Nacional de Cultura assinala ainda que Francisco faz “um forte apelo ao compromisso e à compreensão dos novos sinais dos tempos e da dignidade da pessoa humana”, numa reflexão onde destaca vários números da exortação apostólica.
Jorge Wemans, anterior diretor da RTP-2, começa por revelar que “a novidade que a Evangelli Guadium representa no magistério papal só tem paralelo com a sua radicalidade”.
Segundo o jornalista, o Papa “escolheu” escrever a primeira exortação sobre um sentimento “que não é contra a razão”, a alegria, porque atualmente vive-se “submerso por um pensamento pseudorracionalista que procura tudo reduzir a equações e números de curto prazo, iludindo o facto de destruírem, a médio prazo, a vida e as sociedades”.
O artigo “a radical novidade de Francisco” refere que na ‘Evangelii Gaudium’ “tudo é novo” porque “mais do que uma reflexão doutrinária, o Papa oferece uma longa comunicação que brota da espiritualidade que o habita”, através de testemunhos, episódios de vida, sonhos e encontros e rostos que conheceu.
Segundo Jorge Wemans, o documento “não acrescenta doutrina”, mas Francisco “atualiza a dimensão social” e “pronuncia-se com toda a clareza sobre estes seis anos de crise financeira e acusa os processos desencadeados pela ideologia neoliberal (e os seus resultados) como portadores de morte e incompatíveis com o Evangelho”.
O jornalista considera “radical é o modo como o Papa faz sentir que tudo” por isso “tudo” tem de ser visto e repensado: “O que fazemos, aquilo que pensamos, o modo como acolhemos os outros, como nos organizamos em Igreja, as prioridades que nos damos e o que calamos”.
O padre Jorge Teixeira da Cunha destaca, por sua vez, o “homem de ação” onde o “gesto tem precedência sobre a palavra”.
O diretor-adjunto da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa considera que na exortação apostólica encontra a “mesma espontaneidade do gesto” e que “há uma lógica nova no modo de pensar”: “Essa lógica dá-lhe [ao Papa] a possibilidade de ver a Igreja como um carisma em contínuo movimento, como uma instituição sempre vocacionada para o único porvir real, mas imperfeito no tempo presente”.
O especialista destaca que “o ponto de vista” de Francisco “é anterior à ideologia política ou económica” mesmo de quem o vêm como “um teólogo da libertação”.
CB/OC
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