Sergio Bastianel, jesuíta italiano, sustenta que mudança coletiva começa na formação da consciência
Lisboa, 14 dez 2013 (Ecclesia) – O jesuíta italiano Sergio Bastianel, especialista em Teologia Moral, disse à Agência ECCLESIA que os católicos são chamados a assumir a “responsabilidade do viver social”, a todos os níveis, incluindo a economia e a “correta distribuição das riquezas”.
“É preciso proceder de modo a que não usemos as dificuldades de facto, que são reais, e os problemas que são maiores do que nós para nos desculparmos e, por isso, dizer que não podemos fazer nada”, referiu o autor, que esta sexta-feira apresentou duas obras, em Lisboa.
A reflexão do docente universitário destaca a responsabilidade pessoal no modo como os problemas sociais são compreendidos e assumidos, porque “a questão não passa pelas regras éticas, mas pela atitude da consciência, a formação da própria pessoa”.
“O objetivo de se procurar a partilha a todos os níveis nunca pode deixar ser primário”, acrescenta.
Os livros ‘Entre Possibilidades e Limites’ (autoria e coordenação) e ‘Moralidade Pessoal na História’ foram editados em português pela Cáritas.
Entre os problemas abordados está o da fome, que está no centro da mais recente campanha internacional da organização católica de solidariedade.
“Fazer uma campanha, projetada ao mais alto nível, envolvendo todas as organizações da Cáritas é importante, porque o primeiro nível de resultados é o da sensibilidade e de mentalidade”, afirmou o padre Bastaniel.
O especialista considera que, do ponto de vista ético, “é preciso que se dê atenção, para a vivência pessoal, ao facto de os diversos problemas, de uma forma ou de outra” colocarem em questão cada pessoa.
“Nunca acontecerá que aqueles que têm bens achem que é razoável dá-los aos outros a não ser que tenham realmente percebido que o único modo de viver humanamente é esse”, exemplifica.
As obras publicadas pela Cáritas fazem parte das propostas do Curso sobre o Pensamento Social Cristão, lecionado na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Um dos volumes publicados, ‘Entre limites e possibilidades”, reúne textos sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965) e evoca os cem anos do nascimento de uma das referências da Teologia Moral na época conciliar, o jesuíta Josef Fuchs.
“Com o Vaticano II foram colocadas questões aos cristãos e a todos, do ponto de vista moral, em particular o facto de ser necessário rever, para os cristãos, as referências à Escritura, não indo em busca de uma frase que serve para justificar a posição que já se escolheu, mas deixando-se interrogar pela Palavra de Deus”, explica o autor.
Outro elemento “fundante”, prossegue, é o “centrar a reflexão ética sobre a realidade da consciência, com confiança na pessoa e com a possibilidade de ser exigente”.
Sérgio Bastianel, professor catedrático de Teologia Moral, foi diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma).
Entre as suas múltiplas publicações, destacam-se ‘Il carattere specifico della morale cristiana’ (Cittadella, Assis, 1975), ‘Autonomia morale del crente’ (Morcelliana, Brescia, 1980), ‘A oração na vida moral cristã’ (Ed. Loyola, São Paulo, 1996) e ‘Moralidade Pessoal na História’ (Editorial Cáritas, Lisboa, 2013).
MC/OC |
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