segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Moral cristã implica responsabilidade no «viver social», diz especialista

Sergio Bastianel, jesuíta italiano, sustenta que mudança coletiva começa na formação da consciência

D.R.
Lisboa, 14 dez 2013 (Ecclesia) – O jesuíta italiano Sergio Bastianel, especialista em Teologia Moral, disse à Agência ECCLESIA que os católicos são chamados a assumir a “responsabilidade do viver social”, a todos os níveis, incluindo a economia e a “correta distribuição das riquezas”.
“É preciso proceder de modo a que não usemos as dificuldades de facto, que são reais, e os problemas que são maiores do que nós para nos desculparmos e, por isso, dizer que não podemos fazer nada”, referiu o autor, que esta sexta-feira apresentou duas obras, em Lisboa.
A reflexão do docente universitário destaca a responsabilidade pessoal no modo como os problemas sociais são compreendidos e assumidos, porque “a questão não passa pelas regras éticas, mas pela atitude da consciência, a formação da própria pessoa”.
“O objetivo de se procurar a partilha a todos os níveis nunca pode deixar ser primário”, acrescenta.
Os livros ‘Entre Possibilidades e Limites’ (autoria e coordenação) e ‘Moralidade Pessoal na História’ foram editados em português pela Cáritas.
Entre os problemas abordados está o da fome, que está no centro da mais recente campanha internacional da organização católica de solidariedade.
“Fazer uma campanha, projetada ao mais alto nível, envolvendo todas as organizações da Cáritas é importante, porque o primeiro nível de resultados é o da sensibilidade e de mentalidade”, afirmou o padre Bastaniel.
O especialista considera que, do ponto de vista ético, “é preciso que se dê atenção, para a vivência pessoal, ao facto de os diversos problemas, de uma forma ou de outra” colocarem em questão cada pessoa.
“Nunca acontecerá que aqueles que têm bens achem que é razoável dá-los aos outros a não ser que tenham realmente percebido que o único modo de viver humanamente é esse”, exemplifica.
As obras publicadas pela Cáritas fazem parte das propostas do Curso sobre o Pensamento Social Cristão, lecionado na Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa.
Um dos volumes publicados, ‘Entre limites e possibilidades”, reúne textos sobre os 50 anos do Concílio Vaticano II (1962-1965) e evoca os cem anos do nascimento de uma das referências da Teologia Moral na época conciliar, o jesuíta Josef Fuchs.
“Com o Vaticano II foram colocadas questões aos cristãos e a todos, do ponto de vista moral, em particular o facto de ser necessário rever, para os cristãos, as referências à Escritura, não indo em busca de uma frase que serve para justificar a posição que já se escolheu, mas deixando-se interrogar pela Palavra de Deus”, explica o autor.
Outro elemento “fundante”, prossegue, é o “centrar a reflexão ética sobre a realidade da consciência, com confiança na pessoa e com a possibilidade de ser exigente”.
Sérgio Bastianel, professor catedrático de Teologia Moral, foi diretor da Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma).
Entre as suas múltiplas publicações, destacam-se ‘Il carattere specifico della morale cristiana’ (Cittadella, Assis, 1975), ‘Autonomia morale del crente’ (Morcelliana, Brescia, 1980), ‘A oração na vida moral cristã’ (Ed. Loyola, São Paulo, 1996) e ‘Moralidade Pessoal na História’ (Editorial Cáritas, Lisboa, 2013).
MC/OC

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