domingo, 15 de dezembro de 2013

Quando eu voltar a ser criança

Que o Deus Menino que vai nascer nos mostre o caminho da verdadeira beleza da vida.



Que saibamos escutar a nossa criança interior que clama por ser amada. (Foto: Arquivo)
Por Dom Roberto Francisco Ferreria Paz*

Com este título da obra do grande educador Janucz Korczak, assassinado numa câmara de gás pelos nazistas, estamos a descortinar um dos desejos do tempo de Advento, e por certo do Natal. 

Dizia o pintor Pablo Picasso que tornar-se criança leva tempo, e poderíamos acrescentar que somente o contato com o Deus Menino nos devolve a pureza e a inocência primordiais. Recuperar o olhar de assombro e de pasmo, para descobrir a beleza e a poesia que nos rodeia  pois: "vale mais a pena ver uma coisa pela primeira vez que conhecê-la, porque conhecer é como nunca ter visto pela primeira vez, (Fernando Pessoa)". 

Ser capaz de cair e levantar-se como se fossemos de borracha, acreditando no amor do Pai, que nos acolhe e perdoa. Ter uma mente aberta a imaginação e ao sonho, considerando as infinitas possibilidades para ser e conviver. Sentir a alegria do novo, do que está nascendo a cada instante, de explorar mundos inéditos e desconhecidos. 

Tornar a jornada uma aventura que nos leva a crescer, amar e compartilhar com os outros a vida. Aprender a ver nas pessoas a grande reserva de bondade, altruísmo e generosidade que carregam dentro de si. Nunca conformar-se com a injustiça e a violência, semeando cordialidade e gentileza a todos (as). 

Mas sobre tudo ser mestres da esperança, pois quem melhor que uma criança espera com o brilho nos olhos o seu presente de Natal. Uma vez uma criança perguntou a seu pai: quem vai dar o presente para Papai Noel? As crianças e os pequenos nos ensinam a descobrir onde nasce Jesus hoje, onde se vive a doação, a partilha, o ágape fraterno, pois, o Natal é a festa de aniversário de nosso Irmão maior Jesus, que nos torna a todos filhos do mesmo Pai.  Que saibamos escutar a nossa criança interior que clama por ser amada, acolhida, curada de tanta mesquinhez, intolerância, e indiferença. 

O Natal é como um poema, nele Deus se revela como uma criança, pois nos mostra que a vida é sempre dom, novidade, a estrear a humanidade para  desenvolve-la  por inteiro. Que o Deus Menino que vai nascer nos mostre o caminho da verdadeira beleza da vida, e a graça de nunca perdermos a alegria de ser e viver. Deus seja louvado!
*Dom Roberto Francisco Ferreria Paz é bispo de Campos (RJ).

Dom Total

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