domingo, 19 de janeiro de 2014

A Igreja «servidora» segundo papa Francisco

A nomeação de 16 novos cardeais pelo Papa, já de si uma escolha muito pessoal, confirmou o seu desejo na procura de uma nova face para a Igreja onde a simplicidade, a humildade e a pobreza estejam realmente presentes. E fez questão de o transmitir aos escolhidos, através do que escreveu, lembrando que «o cardinalato não significa uma promoção, nem uma honra, nem uma condecoração. É simplesmente um serviço que exige ampliar o olhar e dilatar o coração». Foi assim, desta forma simples e concreta, que quis lembrar aos purpurados que a sua missão é serem «servidores da Igreja». O Papa pediu aos futuros cardeais para «receberem esta designação com um coração simples e humilde», dando dessa forma consistência a uma vivência em consonância com a fé.

Papa Francisco deu outro sinal concreto da sua visão para a «nova» Igreja durante o discurso dirigido aos embaixadores de todo o mundo acreditados junto da Santa Sé, que ocorreu na última segunda-feira na Sala Régia, no Vaticano. Estiveram presentes no ato cerca de 180 representantes de nações que mantém relações diplomáticas com a Santa Sé. Perante os representantes desses países e governos, Francisco alertou para as situações mais difíceis, frágeis e dolorosas, mas não esqueceu a esperança, solicitando a colaboração dos que podem ajudar a encontrar soluções.

O Pontífice reiterou a sua rejeição da cultura «do descartável», não apenas dos alimentos e bens, mas também das pessoas. Deixou bem vincada a defesa das crianças, o não ao aborto, o não ao tráfico de pessoas – que considerou um «crime contra a humanidade» – e recordou ainda a necessidade de valorizar os jovens e idosos. Foi claro em relação aos temas abordados no discurso aos embaixadores demonstrando quão importante é a pessoa, onde quer que ela esteja, mas especialmente aos que vivem no limite seja da Igreja ou do mundo.

Francisco tem confirmado pela postura adotada, que alberga no seu coração toda a família humana à qual pertencemos, mas também o desejo da cultura do encontro, da partilha, da paz e da fraternidade. Com esta forma de agir está a abrir novos caminhos que será possível a Igreja trilhar. É como que um voltar às «origens» do cristianismo, agora sob perspetivas diferentes, mas com as mesmas finalidades. No fundo é dar o exemplo sério e empenhado, pondo em prática as palavras que outrora as pessoas diziam dos primeiros cristãos: vejam como eles se amam.

É deveras interessante o cunho pessoal que imprime às suas escolhas, não só através dos temas que aborda publicamente, como através dos colaboradores que considera necessários. Exemplo disso foi a nomeação do novo Secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin. Em entrevista recente concedida ao Centro Televisivo do Vaticano, este colaborador do Papa afirmou que a sua «prioridade é a transformação missionária da Igreja, uma Igreja em estado permanente de missão». São palavras que definem a ideia do Papa em relação à Igreja que deseja, enquanto servidora.

Fátima Missionária

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