Cerca de 50 anos atrás, exatamente no dia 4 de janeiro de 1964, Paulo VI realizava sua peregrinação à Terra Santa. Era um evento histórico, pois pela primeira vez “Pedro” voltava à Terra de Jesus depois de 2 mil anos. Uma peregrinação de três dias que também representou a primeira Viagem Apostólica internacional de um Pontífice na era contemporânea.
Agora será o Papa Francisco a seguir as pegadas de Cristo e de seus predecessores. De fato, no Angelus do último domingo, o próprio Santo Padre, em meio a um “clima de alegria” do período natalício, comunicou ao mundo a sua decisão de realizar a sua segunda viagem internacional – a primeira foi ao Brasil -, com o objetivo, antes de tudo, de comemorar o histórico encontro entre Paulo VI e o Patriarca de Constantinopla, Atenágoras I.
O encontro entre os dois líderes religiosos na cidade de Jerusalém foi histórico e importante no sentido de anular as excomunhões do Grande Cisma do Oriente de 1054. Foi um passo significativo na restauração da comunhão entre a igreja de Roma e a de Constantinopla. De fato, esse encontro produziu a declaração de União Católico-Ortodoxa em 1965, simultaneamente ao Concílio Vaticano II. A declaração não acabou com o cisma, mas mostrou um grande desejo de reconciliação entre ambas as igrejas, representadas por Paulo VI e Atenágoras I.
A visita de Paulo VI à Terra Santa, criou naquele tempo uma grande expectativa, - a mesma que se verificou com João Paulo II, Bento XVI e agora com Francisco -, pois abriu os horizontes de uma nova era na Igreja.
Agora a visita do Papa Francisco no próximo mês de maio desperta nos habitantes da Terra Santa grande esperança com novas oportunidades, novos momentos de diálogo para se alcançar a tão desejada paz neste pedaço de terra que viu nascer o “Príncipe da Paz”. Desperta grande esperança na comunidade cristã, uma minoria, que se encontra no meio do conflito entre israelenses e palestinos, entre judeus e muçulmanos.
Por isso, a peregrinação de Francisco certamente será uma visita de oração, mas terá também uma dimensão social e política, sobretudo no que diz respeito à reflexão sobre o Oriente Médio e sobre a vida das comunidades eclesiais locais. Basta notar os esforços contínuos do Santo Padre para que a paz seja uma realidade nesta região, na Terra Santa. E seu olhar vai para além de Israel e Palestina, vai à Jordânia, à Síria, onde vidas inocentes são ceifas em uma guerra fratricida, que produz também deslocados e refugiados. Já está programado um encontro do Papa às margens do Rio Jordão, no dia 24 de maio, na Jordânia, no lugar do Batismo de Jesus; ali Francisco jantará com um grupo de refugiados sírios e pobres da comunidade local.
Como se pode notar será uma viagem a 360 graus, marcada pela simplicidade e humildade durante a qual o Sucessor de Pedro tocará as consciências e corações de fiéis das três religiões monoteístas. Segundo o Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Twal, se espera que com o seu apelo à paz a visita anime a Jordânia em seu esforço pela paz e a justiça, particularmente na Palestina, na atenção aos refugiados sírios, e nas iniciativas para preservar a identidade árabe do cristianismo e afirmar a rejeição de toda violência e ataque aos lugares santos e à dignidade humana.
As etapas da viagem serão três: Amã, Belém e Jerusalém, e no Santo Sepulcro será realizado um encontro ecumênico com todos os representantes das Igrejas cristãs de Jerusalém e com o Patriarca Bartolomeu, de Constantinopla. O Santo Padre neste terreno arado e aberto pelos seus predecessores deseja abrir novos sulcos, para responder de uma maneira nova e atual às novas necessidades que surgiram. Mas a sua viagem, sua visita, é também uma visita de busca e de esperança.
Aqueles que vivem na Terra Santa e que por muitos motivos vivem uma situação difícil, precisam de esperança; muitos cristãos deixaram a região por falta de futuro. É por esta razão que o Papa Francisco vai ao encontro deles, para mostrar o caminho que ele mesmo irá abrir com seus gestos, suas palavras, seu estilo, sua simplicidade.
Serão três dias em que ressoará forte o apelo à “paz e ao diálogo”, três dias de Boa Nova. (Silvonei José)
Rádio Vaticano
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