quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Antes que as coisas piorem...

Todos os pontos da política econômica registraram piora durante o governo de Dilma Rouseff.



No governo Dilma, o Banco Central perdeu autonomia para implantar políticas eficientes. (Foto: Arquivo)
Por Alexandre Kawakami*

A dificuldade de se debater, de forma objetiva, os rumos da política econômica do país muitas vezes se baseia na percepção, por parte dos governistas, de que qualquer crítica às políticas do governo atual tem por objetivo criticar o partido governista e não as ditas políticas.

Focando apenas em questões de gestão da economia, estou pronto a reconhecer que as políticas implantadas no governo Lula foram, em grande parte, apropriadas. Dentro desta premissa, gostaria de pedir a meus leitores governistas que aceitem as críticas que ofereço com a boa vontade que desejo ter. Até mesmo porque pretendo comparar as políticas de dois governos do mesmo partido.

Afirmar-se que a conjuntura macroeconômica da economia mundial dos dois governos é diferente e, portanto, as duas políticas não podem ser comparadas, depõe mais contra do que a favor do governo atual: a crise de 2008 foi, em termos de abrangência e gravidade, bem maior do que a que encontramos agora.

Outrossim, durante o Governo Lula, consolidou-se o controle da inflação, do câmbio e das reservas internacionais. O rating de investimento soberano elevou-se a níveis de investimento inéditos. A taxa de juros teve tendência consistente de queda. O equilíbrio fiscal manteve-se. Os preços públicos permitiram o investimento em infraestrutura de energia e combustíveis e a Petrobrás era caso de sucesso dentre as empresas públicas de todo o mundo. As taxas de investimento externo no país escalavam e o Brasil era a “bola-da-vez”. 

Todos os pontos de política econômica descritos acima registraram piora durante o governo atual de Dilma Rouseff. O que mudou? Mudou-se a forma de se estabelecer política econômica. Ao que tudo indica, no Governo Lula, as equipes do Banco Central tinham autonomia e autoridade para implantar políticas economicamente eficientes. Isso mudou no governo atual. As decisões são centralizadas na presidência e baseadas em prioridades políticas, as quais substituíram preocupações com responsabilidade e transparência.

A mensagem que gostaria de deixar para meus leitores governistas é a de que a preocupação com a estabilidade da economia precisa ser uma preocupação do partido e não precisa ser antagonista aos objetivos sociais que o partido professa. Assim foi no Governo Lula.

Todos nós, brasileiros, nos beneficiamos com um país economicamente estável e rico. Todos nós queremos um ambiente econômico mais dinâmico, independente do partido que o promove.

Ainda que meus leitores governistas não concordem publicamente comigo às vésperas das eleições, ainda tenho a esperança que ouçam estas observações quando nossa estrutura macroeconômica piorar no decorrer deste ano.
*Alexandre Kawakami é Mestre em Direito Econômico Internacional pela Universidade Nacional de Chiba, Japão. Agraciado com o Prêmio Friedrich Hayek de Ensaios da MontPelerinSociety, em Tóquio, por pesquisa no tema Escolhas Públicas e Livre Comércio. É advogado e consultor em Finanças Corporativas.

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