domingo, 12 de janeiro de 2014

Governo tem se seguir «outros caminhos»

Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social diz que viver em Portugal é «cada vez mais difícil» por causa dos cortes nos ordenados e pensões

D.R.
Fátima, Santarém, 10 jan 2014 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. Jorge Ortiga, afirmou hoje em Fátima que há “outros caminhos” de combate à crise para lá dos cortes de “ordenados e pensões”, por parte do Governo.
“Viver em Portugal torna-se cada vez mais difícil e por muitas razões que os nossos políticos encontrem para estas medidas, interrogo-me se não será possível fazer as coisas doutra maneira”, disse o arcebispo de Braga, falando aos jornalistas à margem das primeiras jornadas nacionais da Pastoral do Turismo, promovidas pela Igreja Católica, onde marcou presença.
O Governo aprovou esta quinta-feira uma proposta de Orçamento Retificativo para 2014 que altera a Contribuição Extraordinária de Solidariedade, determinando que esta taxa se aplique às pensões a partir dos 1000 euros, segundo referiu o comunicado do Conselho de Ministros.
Para D. Jorge Ortiga, é necessário encontrar “outros modos onde se possa descobrir aquilo que faz falta para cumprir as obrigações” que o Estado português tem.
"Estamos a enveredar só por um caminho de cortes de ordenados e de pensões, não sei se é o único. Estou convencido de que não será, que há outros caminhos”, concluiu.
D. António Vitalino, bispo de Beja e vogal da presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, disse à Agência ECCLESIA que as pessoas estão “esgotadas” e “os mais pobres já não têm nada para poder sobreviver”.
“O Governo não consegue, realmente, reformular o Estado e os nossos impostos não chegam para pagar as estruturas que criamos. O dinheiro tem se buscar a quem o tem, mas espero que comecem a cortar por cima e não por baixo”, advertiu.
O Orçamento do Estado para 2014 determina a aplicação às pensões de valor mensal a partir de 1350 euros uma taxa progressiva entre 3,5% e 10%, denominada Contribuição Extraordinária de Solidariedade.
Também presente nas jornadas nacionais da Pastoral do Turismo, Guilherme d’Oliveira Martins, presidente do Tribunal de Contas, disse aos jornalistas que este é “um ano decisivo, porque vai obrigar a uma mobilização de todos” para terminar da “melhor maneira este programa excecional de resgate”.
Sem comentar qualquer das medidas do Governo, o responsável, também presidente do Centro Nacional de Cultura, defendeu uma economia “criadora, solidária” e com “responsabilidade social”.
“Este é um ano de esperança e é um ano em que só obteremos resultados positivos se todos tivermos consciência de que unindo-nos e sendo rigorosos, disciplinados, responderemos melhor aos desafios perante os quais nos encontramos”, concluiu.
PR/OC

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