quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Seminário discute desafios na formação do presbítero à luz de Cristo

Jaime C.Patias
Os participantes do 2º Seminário Nacional sobre a Formação Presbiteral que acontece em Aparecida, (SP), refletiram na manhã desta terça-feira, dia 21, sobre "o sacerdócio de Cristo segundo a Carta aos Hebreus". O tema foi apresentado por dom Walmor Oliveira de Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (MG), biblista e doutor em Teologia. Ao iniciar sua conferência, o bispo recordou a Conferência de Aparecida realizada no mesmo auditório da qual também participou o cardeal Jorge Mario Bergoglio, o atual papa Francisco. Para dom Walmor, a Conferência de Aparecida é "um horizonte inspirador para a Igreja que nos devolve a condição honrosa de discípulo e discípula missionários de Jesus Cristo".
Recordou ainda o jeito humano do Papa Francisco. "Só o seu sorriso comunica uma beleza evangélica de simplicidade e acolhimento. Isso nos faz pensar muito na força interior que quando desabrocha, muda a nossa vida", completou.
A finalidade do tema discutido na conferência é ajudar na qualificação do processo formativo inicial e permanente na Igreja. Diante das exigências hoje, "se o processo não for qualificado à altura, em todas as dimensões, podemos fazer com que pessoas assumam algo e não consigam dar conta trazendo dificuldades. Mesmo que a gente se atualize permanentemente ainda não é fácil dar conta da missão", alertou.
Nessa perspectiva, o bispo apresentou as razões para iluminar a compreensão do sacerdócio ministerial a partir do sacerdócio de Cristo conforme a Carta aos Hebreus. "O processo de formação presbiteral está desafiado pelo esforço de recuperação e manutenção da dimensão essencial sacramental do sacerdócio", afirmou chamando atenção para o risco de formar presbíteros apenas administradores ou gestores sem ter em conta a dimensão essencial que é o espiritual. "A perda do essencial gera prejuízos sérios e compromete a qualidade do pastoreio".
Na opinião do conferencista, "a caridade pastoral é sempre a tônica e a meta de um processo formativo qualificado: o sacerdote é configurado a Jesus Cristo enquanto cabeça e pastor da Igreja". Por isso, "a exigência de estarmos sempre com os olhos fixos nele, Cristo Jesus, o sumo, único e eterno Sacerdote", disse numa referência ao lema do Seminário. "Essa consideração quer sublinhar que as práticas rituais devocionais e celebrativas, mesmo em quantidade podem não estar formando de maneira mais enraizada e consistente o amigo de Deus que deve ser o sacerdote", sublinhou e apontou a dimensão espiritual como elemento de maior importância.
Aspecto importante na Carta aos Hebreus é a afirmação de que os cristãos têm um sacerdote, Jesus Cristo, o filho de Deus. "A Carta apresenta um sacerdócio sem ambição", recorda o teólogo. "Jesus renunciou a todo privilégio e desceu ao nível mais baixo aceitando a semelhança completa com os homens, sofrendo por eles a morte. A Consagração sacerdotal não ocorre por ritos de separação, mas por meio do assemelhar-se aos outros, pela solidariedade total para com os homens". Além disso, "a obediência amorosa e filial para com Deus e a solidariedade fraterna é a base da compreensão da cristologia sacerdotal. Por isso, o exercício do sacerdócio não é simples ocupação de posição privilegiada diante de Deus e nem mesmo falar em seu nome. É indispensável estar estreitamente vinculado aos homens. O sacerdote é sempre vinculado ao povo, seu sacerdócio é solidariedade com os pecadores. O sacerdócio é escolha de Deus, nunca escolha de alguém que queira se colocar acima dos outros", argumentou.
Por fim dom Walmor apontou como grande desafio, "não deixar perder a centralidade do sentido sacerdotal que o processo formativo deve garantir. A condição sacerdotal não é outra realidade senão a capacidade de gerar e manter o vigor espiritual, aquele que alavanca a fidelidade, fomenta a profecia e nunca deixa perder o sentido da simplicidade e da humildade compreendendo em Cristo a própria vida como oblação", concluiu.
O Seminário é promovido pela Organização dos Seminários e Institutos do Brasil (OSIB) e conta com a participação de 200 pessoas de todo o Brasil, entre padres, seminaristas, religiosos, leigos e bispos. Participam ainda, psicólogos, representantes do Conselho Nacional do Laicato do Brasil, da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e das Pontifícias Obras Missionárias (POM), dentre outros.
Os trabalhos iniciaram na noite desta segunda-feira, dia 20, e se estendem até sábado, 25.
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Fonte: www.pom.org.br

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