sábado, 8 de fevereiro de 2014

A angústia dos pais cujos filhos foram para a jihad na Síria

Paris (AFP) - O testemunho de pais angustiados por seus filhos terem saído de casa para participar da guerra santa na Síria se multiplicam na França. 

Segundo as autoridades, centenas de pessoas, entre elas dez menores de idade, foram atraídos pela jihad na Síria, desde do início, em 2011, de uma revolta popular que se transformou em guerra civil.

Dois jovens de 15 e 16 anos, de Toulouse, no sul, abandonaram seu colégio e foram para a Turquia, para de lá tentar entrar na Síria e combater contra as tropas do regime de Bashar al-Assad.

O pai de um deles deu a entender que seu filho foi convencido a ir em poucas semanas através da internet, descrevendo uma verdadeira "lavagem cerebral". 

Por causa disso, o presidente François Hollande a afirmar que é preciso proteger mais os jovens da França.

Os dois adolescentes foram recuperado em segurança pela família, mas o resultado destas fugas nem é feliz.

Num testemunho comovente, um casal disse ter sido avisado da morte de seu filho Nicolas, de 30 anos, em uma missão suicida na Síria, através de uma mensagem de texto. 

O anúncio ocorreu meses depois da morte de seu outro filho, nas mesmas circunstâncias.

"Liguei para o número sírio que aparecia em meu celular. Um homem, falando francês, me explicou que Nicolas morreu explodindo um caminhão, junto com outro combatente, no dia 22 de dezembro, na região de Homs", declarou sua mãe ao jornal "Libération Dominique Bons".

"Tenho ressentimento com as pessoas que os enganaram, porque eles sem dúvida foram enganados, para fazer coisas como essa. São assassinos, gente que aliena as pessoas para transforma-las em bombas humanas", acusou o pai, Gérard Bons, à AFP.

Os dois irmãos apareceram em julho em um vídeo de propaganda. Na gravação, Nicolas, com uma AK-47 e um Corão nas mãos, comemora o fato de ter convertido seu irmão amis novo ao Islã.

"Defender as mulheres e as crianças"

Os voluntários da jihad são franceses ou moradores da França, filhos de famílias muçulmanas, como os adolescentes de Toulouse, ou convertidos recentemente, como Frédéric, de 18 anos recém-completados, que saiu de Nice (no sudeste) para a Síria

Na ceia de Natal, celebrada com a família, Frédéric comeu e bebeu normalmente, segundo sua mãe, Michèle, que prefere não dizer seu sobrenome. Depois, saiu do país repentinamente, e agora usa o nome Abu Isa.

Michèle diz ter falado com ele diversas vezes por telefone ou foi Skype, e conta ter percebido, pela tela, um homem barbudo atrás dele.

"Eu disse ´Volta, esse não é seu lugar, não é uma boa decisão´, conta. Mas ele rebateu ´Não, não vou voltar´ e explicou que ´foi defender as mulheres e crianças que sofrem´."

"Seu quarto estava como sempre esteve, nunca o vi rezar e não tinha nenhum amigo que usava símbolos religioso" explica a mãe, desolada.

Nos últimos anos, entre 600 e 700 franceses foram pra Síria para combater, mas muitos voltaram, segundo estimam os serviços de inteligência. Atualmente, perto de 250 estão no país, e 21 morreram lá.

Esses alistamentos confirmam a atração sem precedentes que exerce a guerra santa na Síria em certos jovens na França, sem comparação com os poucos que foram lutar no Afeganistão, no Mali ou na Somália.

O fenômeno tem uma dimensão europeia: entre 1.500 e 2.000 jovens europeus , principalmente belgas, franceses e ingleses, foram para a Síria. Mas também mundial, afetando países do Magreb, além de Austrália, Canadá e Estados Unidos.

Os especialistas consideram que o retorno desses jovens ao seu país de origem pode trazer riscos de terrorismo.

Ao mesmo tempo, para o governo francês, que apoia diplomaticamente e materialmente a oposição síria, é um tema difícil de se tratar.
AFP
Dom Total

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