terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Cézanne espetacular

Com obras dos maiores museus do mundo, a mostra viaja pelo mundo até 2014.

Por Marco Lacerda*
Paul Cézanne ( 1839-1906) foi um pós-impressionista francês, cujo trabalho forneceu as bases da transição das concepções do fazer artístico do século XIX para a arte radicalmente inovadora do século XX. Cézanne pode ser considerado como a ponte entre o impressionismo do final do século XIX e o cubismo do início do século XX. Matisse e Picasso disseram sobre ele: “Cézanne é o pai de todos nós".
Após uma fase inicial dedicada aos temas dramáticos e grandiloquentes próprios da escola romântica, Paul Cézanne criou um estilo próprio, influenciado por Delacroix. Introduziu nas suas obras distorções formais e alterações de perspectiva em benefício da composição ou para ressaltar o volume e peso dos objetos. Concebeu a cor de um modo sem precedentes, definindo diferentes volumes que foram essenciais para suas composições únicas.
O homem que em sua solidão encontrou a arte da filosofia e da forma pura, precursor do cubismo estandarte do naturalismo, criador do pós-impressionismo, é protagonista de uma extraordinária retrospectiva do seu trabalho, inaugurada no Museu Nacional de Belas Artes de Budapeste em 2013 e que agora é apresentada no Museu Thyssen-Bornemisza, de Madrid, de fevereiro a maio. A ironia da mostra é dupla, por rconstituir a memória do criador rechaçado, além de fazê-lo desde uma perpectiva radicalmente diferente daquela que permite compreender, ainda que postumamente a contribuição fundamental do artista à abertura à modernidade.
Orgulho nacional
A exposição “Cézanne e o passado: tradição e criatividade” apresenta até 13 de fevereiro na capital húngara uma centena de obras entre pinturas, aquarelas e desenhos. O conjunto espetacular procede de mais de 40 instituições de todo o mundo (desde o Louvre até o Albertina de Viena, passando por museus e coleções dos Estados Unidos, da Tate Modern e do Thyssen-Bornemisza espanhol.
Provavelmente o próprio Cézanne se assombraria hoje ao ver como tão distante da sua luminosa e amada Provenza natal, numa Budapeste ternamente cinzenta e pesada, seus quadros são admirados como os de um dos maiores criadores de todos os tempos. “Cézanne é o mais influente pintor da arte moderna”, disse Nicholas Penny, diretor da National Gallery de Londres na cerimônia de abertura da mostra.
A prova da importância do evento foi a relevância dos convidados para a inauguração, entre eles o primeiro ministro húngaro, Viktor Orbán. Em seu discurso foi mais que eloqüente nesses tempos de cortes radicais nos investimentos europeus em cultura: “Tem gente que pensa que em tempos ruins não se investe em cultura. Nós acreditamos nos contrário. A vida não é apenas a luta pelo dia-a-dia: a cultura é capaz de mostrar a grandeza e essa é a prova do orgulho nacional húngaro”.
"Os jogadores de cartas, de Paul Cézanne". Veja o vídeo:

*Marco Lacerda é jornalista, escritor e editor especial do Dom Total.

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