sexta-feira, 7 de março de 2014

Andréa Beníccio: A espiritualidade de Charles de Foucauld



O amor é inseparável da imitação
O Bem aventurado Charles de Foucauld

"O amor é inseparável da imitação: quem ama quer imitar: é o segredo de minha vida. Apaixonei-me por esse Jesus de Nazaré crucificado, e passo a vida tentando imitá-lo." (Beato Charles de Foucauld) Lembrei de você, Pe. Geovane. Abraço.


Oração do Abandono

De Carlos de Foucauld, rezada diariamente pelos seguidores da sua espiritualidade
Meu Pai, a vós me abandono. Fazei de mim o que quiserdes. O que de mim fizerdes, eu vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo, contanto que a vossa vontade se faça em mim e em todas as vossas criaturas, não quero outra coisa, meu Deus.
Entrego minha alma em vossas mãos, eu vo-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque eu vos amo e é para mim uma necessidade de amor dar-me, entregar-me em vossas mãos sem medida, com infinita confiança de que sois o meu Pai.


A sepultura de Carlos de Foucauld encontra-se em El-Goléa, no deserto sul da Argélia
 
* 15 de Setembro de 1858 em Estraburgo, na França
† 01 de Dezembro de 1916, em Tamanrasset, na Argélia


           O Beato Charles Eugène de Foucauld nasceu em 15 de Setembro de 1858 emEstrasburgo, (França). De meio familiar aristocrático, fica órfão de pai e mãe em 1864. Freqüenta a Escola Especial Militar de Saint-Cyr. É herdeiro de uma enorme fortuna, que rapidamente delapida em jogo, indisciplina e excentricidades. Retrata-se e, já oficial do exército francês, é colocado na Argélia. Deixa a vida militar e torna-se explorador em Marrocos. Chega a receber uma medalha da Sociedade Francesa de Geografia em reconhecimento do trabalho de investigação no Norte de África. Mais tarde, uma prolongada reflexão sobre a vida espiritual vai conduzi-lo a uma conversão súbita e leva-o a ingressar na Ordem Trapista. Nesta Ordem estabelece-se em França, e depois na síria. Deixa os Trapistas em 1897 em busca de uma vocação religiosa autónoma e ainda não definida. É ordenadosacerdote em 1901. Regressa à Argélia e leva uma vida isolada do mundo numa zona dos Tuaregues, mas interventiva junto da população. Aprende a língua Tuaregue e estuda o léxico e gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tem a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucede apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus. É assassinado por assaltantes de passagem em 1 de Dezembro de 1916. Foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005. (Fonte Enciclopédia Wikipédia, na Internet)

A Espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld

Por René Voillaume

COM JESUS, EM NAZARÉ, NO DESERTO E NOS CAMINHOS DOS HOMENS

“O Padre Carlos de Foucauld, por sua parte, sempre concebeu a sua vida religiosa consagrada como uma participação da forma de vida de Cristo (...). Ele deixa tudo para entrar na vida monástica, porque não pode con­ceber o amor sem uma imperiosa necessidade de viver unicamente para Aquele que ama, de imi­tá-lo em tudo e de partilhar a sua condição de vida. A regra de vida do irmão Carlos pode resumir-se na sua decisão de imitar Jesus tal como o Evangelho lho revela. É então que desco­bre no desenrolar da existência terrestre de Cristo como que três maneiras de viver: em Nazaré,no desertopelos caminhos como operário evangélicoEsta intuição tão simples revelou-se nele extraordinariamente fecunda e dominou sua mar­cha espiritual. O Irmão Carlos esteve constantemente atento para fazer de sua vida uma imi­tação sempre mais fiel daquela de seu bem-amado irmão e Senhor Jesus. 
Charles Eugène de Foucauld
A sepultura de Carlos de Foucauld encontra-se em El-Goléa, no deserto sul da Argélia

* 15 de Setembro de 1858 em Estraburgo, na França
† 01 de Dezembro de 1916, em Tamanrasset, na Argélia

           O Beato Charles Eugène de Foucauld nasceu em 15 de Setembro de 1858 emEstrasburgo, (França). De meio familiar aristocrático, fica órfão de pai e mãe em 1864. Freqüenta a Escola Especial Militar de Saint-Cyr. É herdeiro de uma enorme fortuna, que rapidamente delapida em jogo, indisciplina e excentricidades. Retrata-se e, já oficial do exército francês, é colocado na Argélia. Deixa a vida militar e torna-se explorador em Marrocos. Chega a receber uma medalha da Sociedade Francesa de Geografia em reconhecimento do trabalho de investigação no Norte de África. Mais tarde, uma prolongada reflexão sobre a vida espiritual vai conduzi-lo a uma conversão súbita e leva-o a ingressar na Ordem Trapista. Nesta Ordem estabelece-se em França, e depois na síria. Deixa os Trapistas em 1897 em busca de uma vocação religiosa autônoma e ainda não definida. É ordenado sacerdote em 1901. Regressa à Argélia e leva uma vida isolada do mundo numa zona dos Tuaregues, mas interventiva junto da população. Aprende a língua Tuaregue e estuda o léxico e gramática, os cantos e tradições dos povos do Deserto do Saara. Tem a intenção de criar uma nova ordem religiosa, o que sucede apenas depois da sua morte: os Irmãozinhos de Jesus. É assassinado por assaltantes de passagem em 1 de Dezembro de 1916. Foi beatificado pelo Papa Bento XVI em 13 de Novembro de 2005. (Fonte Enciclopédia Wikipédia, na Internet)

A Espiritualidade do Irmão Carlos de Foucauld

Por René Voillaume


COM JESUS, EM NAZARÉ, NO DESERTO E NOS CAMINHOS DOS HOMENS

Coração“O Padre Carlos de Foucauld, por sua parte, sempre concebeu a sua vida religiosa consagrada como uma participação da forma de vida de Cristo (...). Ele deixa tudo para entrar na vida monástica, porque não pode con­ceber o amor sem uma imperiosa necessidade de viver unicamente para Aquele que ama, de imi­tá-lo em tudo e de partilhar a sua condição de vida. A regra de vida do irmão Carlos pode resumir-se na sua decisão de imitar Jesus tal como o Evangelho lho revela. É então que desco­bre no desenrolar da existência terrestre de Cristo como que três maneiras de viver: em Nazaré,no deserto, e pelos caminhos como operário evangélico. Esta intuição tão simples revelou-se nele extraordinariamente fecunda e dominou sua mar­cha espiritual. O Irmão Carlos esteve constantemente atento para fazer de sua vida uma imi­tação sempre mais fiel daquela de seu bem-amado irmão e Senhor Jesus.
Entre estas três maneiras de viver de Cristo, escolheu imitar particularmente a primeira, em Nazaré. Todavia esta escolha não o impede de seguir Jesus também no deserto e nos caminhos da evangeli­zação dos homens. Como poderia ser de outra forma para quem escolheu dar-se a Cristo Jesus cuja vida e missão não poderiam ser perfeitamente compreendidas nem participadas através de um único modo de vida, concebido como excluindo os outros?
Quanto mais você freqüentar o irmão Carlos esforçando-se para melhor compreender o fundo de sua alma, mais compreenderá como nele esta intuição dos três modos de vida de Cristo é característica. Efetivamente, é um dos traços essenciais de sua mensagem.”

[Mensagem extraída do livro “Sentinelas de Deus na Cidade”, de René Voillaume, Ed. Paulinas, SP, 1976]

Ensinamentos espirituais de Carlos de Foucauld, o Irmão Universal

“Quanta doçura soube ter Jesus com quem dele se aproximava”

Charles de Foucauld e o eremitério no deserto de Tamanrasset
      HÁ  UMA  DIFERENÇA  TÃO  GRANDE  ENTRE  DEUS  E TUDO  O  QUE  NÃO  É  ELE

     “A minha vocação religiosa nasceu no mesmo momento da minha fé: Deus é tão grande! Há uma diferença tão grande entre Deus e tudo o que não é ele...” (Carta a Henry de Castries, 14 de agosto de 1901)

      QUIBUS  AUXILIIS?
 
     “Mediante a tua graça, e que graça! Com a tua misericórdia, uma infinidade de misericórdias!... Graças à intercessão da Santa Virgem, de São José, de Santa Madalena, de São João Batista, de meu anjo da guarda, de todos os santos e de todas as santas, de tantas pessoas que me amam e que não estão mais neste mundo; [...] com a ajuda de São Paulo Eremita e de Santo Antônio, cuja memória celebramos nestes dias.” (Anotação de 15 de janeiro de 1895)

        JESUS  DERRAMARÁ  GRAÇAS  ABUNDANTES  E  ELES  COMPREENDERÃO

     “Os nativos nos acolhem bem; não são sinceros: cedem à necessidade. Quanto será preciso para que adquiram realmente os sentimentos que hoje fingem ter? Talvez isso nunca aconteça... Saberão distinguir os soldados dos padres e ver em nós servos de Deus, ministros de paz e de caridade, irmãos universais? Não sei. Se eu fizer o meu dever, Jesus derramará graças abundantes e eles compreenderão.” (Carta a madame De Bondy, do sul de Beni Abbés, 3 de julho de 1904)

     FONTE E  BÁLSAMO  DE  CONSOLAÇÃO

     “Nós nos esforçamos para ter uma infinita delicadeza em nossa caridade; não nos limitamos aos grandes serviços, mas cultivamos aquela terna delicadeza capaz de cuidar dos detalhes e que sabe derramar, com gestos de nada, uma montanha de bálsamo nos corações. ‘Dai-lhes de comer’, diz Jesus. Da mesma forma nós, com aqueles que vivem ao nosso lado, entramos nos pequenos detalhes de sua saúde, de sua consolação, de suas orações, de suas necessidades: consolamos, damos alívio com as atenções mais diminutas; para com aqueles que Deus põe ao nosso lado esforçamo-nos por ter aquelas ternas, delicadas, pequenas atenções que teriam entre si dois irmãos cheios de delicadeza, e mães cheias de ternura por seus filhos, com a finalidade de consolar, o quanto possível, todos aqueles que nos cercam, e ser para eles fonte e bálsamo de consolação, como o foi sempre nosso Senhor para todos aqueles que se aproximavam dele: para a santa Virgem e São José, mas também para os apóstolos, para Madalena e para todos os outros... Quanta consolação, quanta doçura soube dar a todos aqueles que se aproximavam dele.” (de La bonté de Dieu)

     A  ORAÇÃO

     “Não procura organizar, preparar a fundação dos Pequenos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus: apenas vive como se tivesses de ficar sempre sozinho. Se estais em dois, em três, num pequeno número, vivai como se nunca tivésseis de se tornar mais numerosos. Reza como Jesus, tanto quanto Jesus, reservando como ele um lugar sempre muito grande para a oração... Sempre à imagem dele, deixa muito espaço para o trabalho manual, que não é um tempo subtraído da oração, mas doado à oração; o tempo de teu trabalho manual é um tempo de oração. Reza fielmente todos os dias o breviário e o rosário. Ama Jesus de todo o teu coração (dilexit multum), e a teu próximo como a ti mesmo por amor dele... A tua vida de Nazaré pode-se fazer em qualquer parte, viva-a no lugar mais útil ao próximo.”
     (Meditação de 22 de julho de 1905)

     A  FRAQUEZA  DOS  MEIOS  HUMANOS  É  CAUSA  DE FORÇA

     “Eis nossas armas, as do nosso Esposo divino que nos pede que deixemos continuar a viver em nós a vida dele, ele mesmo, o único Amante... a única Verdade... Não encontraremos melhor do que ele e ele não envelhece... Sigamos esse modelo único e estaremos seguros de fazer muito bem, pois dessa forma não seremos mais nós a viver, mas será ele a viver em nós; nossas ações não pertencerão mais a nós, humanos e miseráveis, mas a ele, e serão por isso divinamente eficazes.” (Carta ao padre Charles Guérin, 15 de janeiro de 1908)

     OS  POBRES

     “Amamos os ricos, pois são filhos de Deus; mas não nos ocupamos deles, já que não precisam disso; ocupamo-nos dos pobres, já que precisam de tudo e porque Jesus os deixou para nós como irmãos, mas como Ele mesmo para serem cuidados, nutridos, vestidos, consolados, santificados, salvos, enfim, amados. Eles são ‘os seus irmãos’, são a família que ele adotou; a que deixa a nós.” (Meditação sobre o Salmo 81)

     CABE A ELE CHAMAR-NOS

     “Deus nos dará a todo instante o que é necessário para cumprir qualquer missão que lhe aprouver dar-nos... Ele no-lo dará sobrenaturalmente, sem nenhuma preparação de nossa parte, se isso lhe agradar, como fez com seus grandes apóstolos Pedro e Paulo [...]. Ou então no-lo dará fazendo-nos cooperar com sua graça por meio de nosso trabalho, e então nos dirá Ele mesmo de que forma devemos realizar esses trabalhos preparatórios... Cabe a ele chamar-nos na hora em que quiser que nos dediquemos a eles.”
     (Meditações sobre os Santos Evangelhos, 234ª)

     TU  DÁS  A  SAÚDE  ÀS  ALMAS  POR  PURA  COMPAIXÃO

     “Tu dás a saúde às almas, mesmo quando elas não te pedem, ó meu Deus, por pura compaixão, por puro amor pela obra de tuas mãos, por tuas ovelhas, ó bom Pastor! Que assim seja! Tu não esperas que a ovelha perdida, agredida pelo lobo e já quase morta sob os seus dentes, chame por Tua ajuda; de longe, sempre a vê e sempre lhe dá, até o último momento, tudo o que lhe é necessário para escapar do inimigo. Que assim seja.” (Meditação sobre as passagens dos Santos Evangelhos relativas às quinze virtudes, 106ª)

     UM  RELÂMPAGO  QUE  ILUMINA  POR  UM  INSTANTE A  NOITE  DA  TERRA

     “Tu poderias, meu Deus, guiar José usando de meios bem diferentes, em vez das aparições: temos a impressão de que tenhas como objetivo tornar, desde as primeiras páginas do Evange­lho, evidente aos nossos olhos essa verdade da esperança que é preciso ter na tua graça (que tu nos dás para nos conduzir para a glória), que nos mostras assim, já no início do Novo Testamento, esses anjos, essas estrelas que se elevam ao teu chamado para guiar os homens... É como um relâmpago que ilumina por um instante a noite da terra e nela faz visível, aos nossos olhos estupefatos, qual é a tua maneira de dirigir as almas.” (Meditações sobre as passagens dos Santos Evangelhos relativas às quinze virtudes, 8ª)

******

Para Bento XVI, Charles de Foucauld, exemplo de fraternidade universal, testemunhou o Evangelho respeitando as outras religiões.
Como é tradição neste pontificado, no final da celebração eucarística e do rito da beatificação, Bento XVI desceu do Palácio Apostólico até á Basílica de S. Pedro para venerar as relíquias dos novos bem-aventurados e saudar os fiéis. O Papa salientou que Charles de Foucauld nos convida à fraternidade universal que viveu no Sahara, no meio dos tuareg, convida-nos ao amor do qual Cristo nos deu o exemplo.
“Demos graças a Deus pelo testemunho oferecido por Charles de Foucauld, disse o Papa, recordando que durante a sua vida contemplativa e escondida em Nazaré encontrou a verdade da humanidade de Jesus, convidando-nos a contemplar o mistério da Incarnação; naquele lugar ele aprendeu muito sobre o Senhor que queria viver com humildade e pobreza. (Rádio Vaticano, 13.11.2006)
Entre estas três maneiras de viver de Cristo, escolheu imitar particularmente a primeira, em Nazaré. Todavia esta escolha não o impede de seguir Jesus também no deserto e nos caminhos da evangeli­zação dos homens. Como poderia ser de outra forma para quem escolheu dar-se a Cristo Jesus cuja vida e missão não poderiam ser perfeitamente compreendidas nem participadas através de um único modo de vida, concebido como excluindo os outros?
Quanto mais você freqüentar o irmão Carlos esforçando-se para melhor compreender o fundo de sua alma, mais compreenderá como nele esta intuição dos três modos de vida de Cristo é característica. Efetivamente, é um dos traços essenciais de sua mensagem.”

[Mensagem extraída do livro “Sentinelas de Deus na Cidade”, de René Voillaume, Ed. Paulinas, SP, 1976]

Ensinamentos espirituais de Carlos de Foucauld, o Irmão Universal

“Quanta doçura soube ter Jesus com quem dele se aproximava”

Charles de Foucauld e o eremitério no deserto de Tamanrasset
      HÁ  UMA  DIFERENÇA  TÃO  GRANDE  ENTRE  DEUS  E TUDO  O  QUE  NÃO  É  ELE

     “A minha vocação religiosa nasceu no mesmo momento da minha fé: Deus é tão grande! Há uma diferença tão grande entre Deus e tudo o que não é ele...” (Carta a Henry de Castries, 14 de agosto de 1901)

      QUIBUS  AUXILIIS?
 
     “Mediante a tua graça, e que graça! Com a tua misericórdia, uma infinidade de misericórdias!... Graças à intercessão da Santa Virgem, de São José, de Santa Madalena, de São João Batista, de meu anjo da guarda, de todos os santos e de todas as santas, de tantas pessoas que me amam e que não estão mais neste mundo; [...] com a ajuda de São Paulo Eremita e de Santo Antônio, cuja memória celebramos nestes dias.” (Anotação de 15 de janeiro de 1895)

        JESUS  DERRAMARÁ  GRAÇAS  ABUNDANTES  E  ELES  COMPREENDERÃO

     “Os nativos nos acolhem bem; não são sinceros: cedem à necessidade. Quanto será preciso para que adquiram realmente os sentimentos que hoje fingem ter? Talvez isso nunca aconteça... Saberão distinguir os soldados dos padres e ver em nós servos de Deus, ministros de paz e de caridade, irmãos universais? Não sei. Se eu fizer o meu dever, Jesus derramará graças abundantes e eles compreenderão.” (Carta a madame De Bondy, do sul de Beni Abbés, 3 de julho de 1904)

     FONTE E  BÁLSAMO  DE  CONSOLAÇÃO

     “Nós nos esforçamos para ter uma infinita delicadeza em nossa caridade; não nos limitamos aos grandes serviços, mas cultivamos aquela terna delicadeza capaz de cuidar dos detalhes e que sabe derramar, com gestos de nada, uma montanha de bálsamo nos corações. ‘Dai-lhes de comer’, diz Jesus. Da mesma forma nós, com aqueles que vivem ao nosso lado, entramos nos pequenos detalhes de sua saúde, de sua consolação, de suas orações, de suas necessidades: consolamos, damos alívio com as atenções mais diminutas; para com aqueles que Deus põe ao nosso lado esforçamo-nos por ter aquelas ternas, delicadas, pequenas atenções que teriam entre si dois irmãos cheios de delicadeza, e mães cheias de ternura por seus filhos, com a finalidade de consolar, o quanto possível, todos aqueles que nos cercam, e ser para eles fonte e bálsamo de consolação, como o foi sempre nosso Senhor para todos aqueles que se aproximavam dele: para a santa Virgem e São José, mas também para os apóstolos, para Madalena e para todos os outros... Quanta consolação, quanta doçura soube dar a todos aqueles que se aproximavam dele.” (de La bonté de Dieu)

     A  ORAÇÃO

     “Não procura organizar, preparar a fundação dos Pequenos Irmãos do Sagrado Coração de Jesus: apenas vive como se tivesses de ficar sempre sozinho. Se estais em dois, em três, num pequeno número, vivai como se nunca tivésseis de se tornar mais numerosos. Reza como Jesus, tanto quanto Jesus, reservando como ele um lugar sempre muito grande para a oração... Sempre à imagem dele, deixa muito espaço para o trabalho manual, que não é um tempo subtraído da oração, mas doado à oração; o tempo de teu trabalho manual é um tempo de oração. Reza fielmente todos os dias o breviário e o rosário. Ama Jesus de todo o teu coração (dilexit multum), e a teu próximo como a ti mesmo por amor dele... A tua vida de Nazaré pode-se fazer em qualquer parte, viva-a no lugar mais útil ao próximo.”
     (Meditação de 22 de julho de 1905)

     A  FRAQUEZA  DOS  MEIOS  HUMANOS  É  CAUSA  DE FORÇA

     “Eis nossas armas, as do nosso Esposo divino que nos pede que deixemos continuar a viver em nós a vida dele, ele mesmo, o único Amante... a única Verdade... Não encontraremos melhor do que ele e ele não envelhece... Sigamos esse modelo único e estaremos seguros de fazer muito bem, pois dessa forma não seremos mais nós a viver, mas será ele a viver em nós; nossas ações não pertencerão mais a nós, humanos e miseráveis, mas a ele, e serão por isso divinamente eficazes.” (Carta ao padre Charles Guérin, 15 de janeiro de 1908)

     OS  POBRES

     “Amamos os ricos, pois são filhos de Deus; mas não nos ocupamos deles, já que não precisam disso; ocupamo-nos dos pobres, já que precisam de tudo e porque Jesus os deixou para nós como irmãos, mas como Ele mesmo para serem cuidados, nutridos, vestidos, consolados, santificados, salvos, enfim, amados. Eles são ‘os seus irmãos’, são a família que ele adotou; a que deixa a nós.” (Meditação sobre o Salmo 81)

     CABE A ELE CHAMAR-NOS

     “Deus nos dará a todo instante o que é necessário para cumprir qualquer missão que lhe aprouver dar-nos... Ele no-lo dará sobrenaturalmente, sem nenhuma preparação de nossa parte, se isso lhe agradar, como fez com seus grandes apóstolos Pedro e Paulo [...]. Ou então no-lo dará fazendo-nos cooperar com sua graça por meio de nosso trabalho, e então nos dirá Ele mesmo de que forma devemos realizar esses trabalhos preparatórios... Cabe a ele chamar-nos na hora em que quiser que nos dediquemos a eles.”
     (Meditações sobre os Santos Evangelhos, 234ª)

     TU  DÁS  A  SAÚDE  ÀS  ALMAS  POR  PURA  COMPAIXÃO

     “Tu dás a saúde às almas, mesmo quando elas não te pedem, ó meu Deus, por pura compaixão, por puro amor pela obra de tuas mãos, por tuas ovelhas, ó bom Pastor! Que assim seja! Tu não esperas que a ovelha perdida, agredida pelo lobo e já quase morta sob os seus dentes, chame por Tua ajuda; de longe, sempre a vê e sempre lhe dá, até o último momento, tudo o que lhe é necessário para escapar do inimigo. Que assim seja.” (Meditação sobre as passagens dos Santos Evangelhos relativas às quinze virtudes, 106ª)

     UM  RELÂMPAGO  QUE  ILUMINA  POR  UM  INSTANTE A  NOITE  DA  TERRA

     “Tu poderias, meu Deus, guiar José usando de meios bem diferentes, em vez das aparições: temos a impressão de que tenhas como objetivo tornar, desde as primeiras páginas do Evange­lho, evidente aos nossos olhos essa verdade da esperança que é preciso ter na tua graça (que tu nos dás para nos conduzir para a glória), que nos mostras assim, já no início do Novo Testamento, esses anjos, essas estrelas que se elevam ao teu chamado para guiar os homens... É como um relâmpago que ilumina por um instante a noite da terra e nela faz visível, aos nossos olhos estupefatos, qual é a tua maneira de dirigir as almas.” (Meditações sobre as passagens dos Santos Evangelhos relativas às quinze virtudes, 8ª)

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Para Bento XVI, Charles de Foucauld, exemplo de fraternidade universal, testemunhou o Evangelho respeitando as outras religiões.
Como é tradição neste pontificado, no final da celebração eucarística e do rito da beatificação, Bento XVI desceu do Palácio Apostólico até á Basílica de S. Pedro para venerar as relíquias dos novos bem-aventurados e saudar os fiéis. O Papa salientou que Charles de Foucauld nos convida à fraternidade universal que viveu no Sahara, no meio dos tuareg, convida-nos ao amor do qual Cristo nos deu o exemplo.

“Demos graças a Deus pelo testemunho oferecido por Charles de Foucauld, disse o Papa, recordando que durante a sua vida contemplativa e escondida em Nazaré encontrou a verdade da humanidade de Jesus, convidando-nos a contemplar o mistério da Incarnação; naquele lugar ele aprendeu muito sobre o Senhor que queria viver com humildade e pobreza. (Rádio Vaticano, 13.11.2006)


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