São Paulo – No próximo dia 2 de abril, por decreto, o Padre José de Anchieta – fundador da cidade de São Paulo - será declarado santo pelo papa Francisco. Após a canonização, em vez da missa solene na Praça de São Pedro, em Roma, o papa Francisco celebrará, no dia 24, missa em ação de graças em uma igreja romana jesuíta.
Tornado beato em 1980 pelo papa João Paulo II, o religioso catequista não precisou da comprovação de um milagre, dispensado pelo atual pontífice, que foi noviço na Companhia de Jesus, para virar santo. A canonização terá uma série de festejos pelo Brasil, onde o padre Anchieta realizou trabalhos de evangelização em São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Pernambuco e Bahia e intercedeu a favor de índios, segundo a Igreja.
"É fundamental a gente entender a importância do padre Anchieta para o Brasil. A Igreja em São Paulo nasceu junto com a cidade, da qual ele é o fundador, a partir do Páteo do Colégio", diz o cônego Antônio Aparecido, porta-voz da Arquidiocese de São Paulo.
O cardeal Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, em convocação para as celebrações, lembrou que a canonização do chamado “Apóstolo do Brasil” teve início já no século XVII, “sendo interrompida e longamente paralisada por várias circunstâncias históricas, como a injusta expulsão dos Jesuítas do Brasil e da posterior supressão da Ordem”. Para o arcebispo, Anchieta “marcou profundamente o início da evangelização, não apenas em São Paulo, mas em boa parte do Brasil”.
"O fato de não haver uma canonização no estilo tradicional não diminui em nada a importância do Padre Anchieta ser declarado santo. Há toda uma tradição em torno da figura dele, de homem dedicado à catequese dos índios. Ele é o patrono dos catequistas, dos evangelizadores do Brasil. Para o povo, ele já é santo. A Igreja, quando canoniza alguém, só faz validar aquilo que o povo acredita e crê", acrescenta o cônego Antônio Aparecido.
No próximo dia 2, em São Paulo, dom Odilo convidou padres a tocar os sinos de suas respectivas igrejas e capelas, simultaneamente e por pelo menos cinco minutos, a partir das 14h.
Na Catedral da Sé, dia 6, às 11h, haverá uma missa pela canonização do jesuíta com a presença de autoridades municipais e estaduais, antecedida de uma procissão que sairá do Páteo do Colégio, às 10h15, em direção à Catedral.
Há a possibilidade, ainda, de um concerto ser realizado na Sala São Paulo, na Luz, centro da capital, em homenagem ao religioso.
O arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, presidirá, também no dia 2, uma missa em ação de graças na Catedral Metropolitana de São Sebastião, às 18h.
No Espírito Santo, onde o Padre Anchieta viveu e fundou a cidade que leva seu nome, Anchieta, haverá no dia 2 uma missa na Catedral Metropolitana presidida por Dom Luiz Mancilha Vilela, Arcebispo de Vitória. No dia 6, acontecem missas na paróquia Beato José de Anchieta, na Serra, Grande Vitória, e no Santuário Nacional de Anchieta, no município de Anchieta, no litoral capixaba.
José de Anchieta nasceu em 1534, em Tenerife, na Ilhas Canárias (Espanha). Partiu para o Brasil em 1553, após entrar na Companhia de Jesus, e desembarcou em Salvador. Após um período de adaptação, acompanhou o padre Manoel da Nóbrega na chamada missão Piratininga, que deu origem à cidade de São Paulo. Em 1563, ficou seis meses refém de índios tamoios durante a negociação de paz entre os índios e portugueses na colônia de São Vicente.
Considerado um dos primeiros antropólogos e naturalistas do Brasil, por conta de seus inúmeros escritos, o Padre Anchieta percorreu em missões São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Bahia, antes de morrer, em 1597, aos 63 anos, em Reritiba, no Espírito Santo, atual município de Anchieta.
Além do jesuíta espanhol, o papa Francisco canonizará também outros dois missionários no mesmo dia 2; dom Francisco de Laval e a beata Maria da Encarnação, que realizaram trabalhos de evangelização no Canadá.
SIR/O Globo
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