terça-feira, 18 de março de 2014

O que é o espírito mundano? Somos todos dominados por ele? Ouça


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Cidade do Vaticano (RV) – No primeiro ano de Pontificado, que celebramos nestes dias, nós fiéis nos acostumamos com novos gestos, atitudes e termos do Papa Francisco, que não cansa de nos surpreender com a sua vivacidade e senso de humor. Uma das expressões mais utilizadas pelo Pontífice foi a “mundanidade espiritual”. “É uma tentação perigosa porque amolece o coração com o egoísmo e insinua nos cristãos um complexo de inferioridade que os leva a uniformizar-se com o mundo”. Na missa celebrada sexta-feira, 17 de janeiro, na capela da Casa Santa Marta. O Papa fez um convite a viver a docilidade espiritual sem vender a própria identidade cristã. 

Em sua Exortação Apostólica “A Alegria do Evangelho”, Papa Bergoglio foi ainda mais incisivo: “Em alguns, o próprio mundanismo espiritual esconde-se por detrás do fascínio de poder mostrar conquistas sociais e políticas, ou numa vanglória ligada à gestão de assuntos práticos, ou numa atração pelas dinâmicas de auto-estima e de realização auto-referencial”.

Mas afinal, o que é o espírito mundano? Responde o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo. Para ouvir, clique acima.

“Olha, todos nós temos o espírito mundano. É a tentação de todo o ser humano, de toda instituição, mesmo as mais santas. Jesus teve esta tentação, no deserto, a da auto-referência. Tudo o que vemos no mundo dos negócios, da política, e até no nosso mundinho, cada um no seu, estamos sempre tentados a pensar em nós. Tentamos sempre em optar por nós. Isto é mundano. Acredito que isto, em primeiro lugar, deve se dizer claramente, é a grande tentação de todo ser humano e de toda instituição: de cuidar de si mesmo e quere prestígio, poder, riqueza... é isto aí”.

Penso que a Igreja no Brasil também tem que fazer de novo esta reflexão, deixar-se interpelar. A CNBB, por exemplo, é de fato uma instituição que tem muito peso no Brasil, tem prestígio, e sabe que tem. Quando o Papa falou a nós, bispos brasileiros, na JMJ, ele disse o seguinte (uma coisa que foi muito surpreendente): “Seria importante descentralizá-la mais, dar mais espaço às Conferências regionais”. Sabemos que além da Nacional, existem as regionais, que são dependentes, que são ‘braços’ da nacional. 
Isto já era mexer com a nossa auto-referência: é a CNBB, auto-referente, que dirige tudo no Brasil. E agora, o Papa diz: “Olha, cuidado, você tem que pensar também que nas regiões existem necessidades, existem bispos que devem pensar por si mesmos também; deve haver muito mais participação”. 

“A questão de irmos aos pobres também. Tendemos a ficar em casa, a gente fala dos pobres, mas não vamos a eles”.
(CM)
 Rádio Vaticano 

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