segunda-feira, 17 de março de 2014

O que a Igreja nos recomenda na Quaresma?

É momento de nos perguntarmos como está o nosso caminho em conformação com Jesus.

Por João Antônio Johas Leão

Quando caminhamos com um destino não nos perdemos. Se nos desviamos do caminho e nossa consciência nos alerta, é justamente porque conhecemos nosso destino e sabemos que por esse novo caminho não vamos chegar lá. Mas saber o destino não significa que o caminho vai ser fácil. E nossa mente confusa, muitas vezes se esquece do destino final, gerando um risco real de se perder. 

Qual é o destino da Quaresma? A Ressurreição de Jesus. A Igreja, com sua liturgia, não nos deixa esquecer disso e nos ajuda a ter sempre presente algumas atitudes que podemos ter nessa tempo para viver de acordo com o espírito quaresmal e caminhar sempre até Jesus ressuscitado. Em todas as missas, os textos nos lembram constantemente como viver bem esse período de preparação para a Páscoa. Por isso é tão importante participar com atenção nas celebrações eucarísticas, especialmente nos Domingos. 

Que atitudes nos recomenda a Igreja nesse tempo? 

Nunca podemos nos esquecer dos três grandes meios propostos. Oração, Jejum e caridade. Esses três meios vistos em conjunto nos convidam a uma atitude, em geral, mais sóbria, austera, recolhida, meditativa. Não significa estar triste, porque um cristão não pode ser triste, mas voltar a pensar no essencial das nossas vidas. Como está o meu caminho de conformação com o Senhor Jesus, em outras palavras, estou mais parecido com Ele do que no ano passado? Como posso me assemelhar mais nesse tempo? 

Mas não devemos nos perguntar isso com uma atitude pessimista, como se estivéssemos pensando: “Estou muito mal, Deus vai me castigar se eu não melhorar”, mas com um horizonte positivo, fundamentado no amor, como se pensássemos: “Amo tanto a Jesus que me dói não ser mais parecido com Ele, como posso amá-lo mais?” A vida cristã é uma vida de amor, não de temor. Quantas vezes escutamos Jesus dizendo nos Evangelhos: “Não tenham medo”. Não tenhamos medo, nos lancemos, nessa quaresma, nessa aventura do amor que nunca acaba. 

Na Missa do primeiro Domingo da Quaresma escutamos o sacerdote pedir, na oração coleta, “que possamos progredir no conhecimento de Jesus Cristo e corresponder a seu amor por uma vida santa.” Essa é uma atitude que não nos deixa desviar do caminho. Buscar conhecer mais a Jesus por exemplo pela oração mais intensa ou pelo estudo do catecismo, nos fará arder de amor por Ele, porque quanto mais conhecemos, mais amamos Àquele que é todo amor. Com esse ardor vivo em nossos corações vamos acender o coração de muitas outras pessoas que estão sentindo o frio da falta de Deus. 

A Igreja sempre nos conduz pelo Caminho que é o próprio Jesus. Progredindo no tempo da Quaresma, vemos que esse caminho realmente nos conduz a Glória de Deus quando Jesus é transfigurado no segundo Domingo da Quaresma. Nesse dia somos chamados a ter uma atitude alegre porque Deus já nos está recompensando, com a visão da Glória, os esforços que estamos fazendo por nossa conversão. 

Em todo o tempo quaresmal, somos uma e outra vez convidados a olhar para o nosso interior e perceber, ao meu ver, duas coisas. A primeira delas é a nossa grande pobreza, fruto dos nossos pecados pessoais, que nos afastam de Deus e nos levam a uma vida sem sentido, triste. A outra é a grandeza (infinitamente maior que a primeira) do amor de Deus, que se aproxima de nós, fazendo-se pobre como nós para enriquecer-nos com sua riqueza, como nos diz São Paulo em sua primeira carta aos Coríntios, passagem que também serviu de base para o Papa Francisco em sua mensagem para essa quaresma. 

Devemos que reconhecer que somos pobres enriquecidos! Com essa consciência elevamos nosso olhar outra vez a Deus e lhe pedimos: “Acolhei esta confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia.” (Oração coleta do terceiro Domingo da Quaresma) Somente assim seremos transparentes ao Amor de Deus e permitiremos que muitas outras pessoas vejam por meio de nós o brilho de sua riqueza. 

No fundo, as atitudes que devemos buscar ter na Quaresma são as atitudes que devemos buscar ter em toda a vida cristã, com um especial cuidado nesse tempo. E qual é a atitude mais básica do Cristão? É a que acontece na hora do batizado, quando morremos para os nossos pecados e ressurgimos para a Vida nova, a vida de Cristo, a vida cristã. Toda a vida do cristão é um morrer ao pecado, ao homem velho, para viver para a Graça, para o homem novo, que é Jesus. 

Todos os meios que colocamos na Quaresma, as atitudes que tomamos, devem encher o nosso coração do amor de Deus e acender em nós “tal desejo do céu, que possamos chegar purificados à festa da luz eterna” (Oração de benção do fogo, na Vigília Pascual). 

Para isso, Maria nos ensina, com sua vida, as melhores atitudes para esse tempo. Tão silenciosa e recolhida, atenta a Palavra de Deus, meditando-as sempre em seu coração, buscando levar Jesus aos corações de todos os seus filhos, nossa Mãe é a escola perfeita onde aprendemos a dispor o nosso coração para a alegria eterna à qual somos todos chamados. Pedindo que Ela nos guie e proteja podemos ter a certeza de que não nos desviaremos do caminho de Jesus.
A12, 15-03-2014.

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