Por Patrícia Azevedo
Repórter Dom Total
Mestrado em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
Título da Dissertação: O resgate do Saci: a revalorização da cultura do povo como forma de garantir a efetiva sustentabilidade socioambiental
Mestrando: Diego de Oliveira Silva
Banca: José Adércio Leite Sampaio/Maraluce Maria Custódio/João Batista Moreira Pinto/Edimur Ferreira de Faria (Prof. Convidado)
Data: 28 de fevereiro
Local: Centro Dom Helder de Convenções
Repórter Dom Total
Da cultura popular para o universo logocêntrico das pesquisas acadêmicas. O Saci-pererê, lendário personagem do folclore brasileiro, foi escolhido pelo mestrando Diego de Oliveira Silva para simbolizar o valor do patrimônio cultural na construção de uma efetiva sustentabilidade socioambiental.
Em dissertação defendida na manhã desta sexta-feira (28), na Escola Superior Dom Helder Câmara, o Saci não só participa do título do trabalho (veja ficha abaixo), como ‘acompanha’ Diego em sua proposta de traçar um panorama da sustentabilidade no mundo pós-moderno, analisar o papel do ‘senso comum’ em questões ligadas ao meio ambiente e propor caminhos para a ‘revalorização da cultura do povo’.
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“A revalorização do patrimônio cultural, ligado às classes exploradas, é importante para criar um novo paradigma para a sociedade, em que sustentabilidade socioambiental seja de fato efetiva (...). E o Saci, além de ser o protetor das florestas, carrega as características do povo brasileiro e da miscigenação: começa com uma lenda indígena, incorpora a cor negra [herança africana] e ganha um gorro mágico, vindo da cultura europeia. Ele traz ainda um prazer maior na leitura do trabalho e aguça a curiosidade para o tema”, conta Diego.
Tempos pós-modernos
De acordo com o pesquisador, a pós-modernidade tem como paradigma dominante o avanço tecnológico ‘sem freios’ e a exploração entre as classes. “Mas não é exploração tão clara quanto à da época anterior [modernidade], é uma exploração que fica omitida pelos meios de comunicação e pela cultura de massas. É o que o filósofo francês Pierre Bourdieu chama de poder simbólico”, explica Diego. Nesse cenário, as classes opressoras conseguem fazer com que as classes oprimidas se mantenham na mais absoluta passividade.
Uma saída apontada pelo pesquisador seria a criação de uma ‘nova ciência’ por meio do resgate da cultura popular. “Precisamos de uma forma de pensar, que não seja técnica ou científica, mas do povo. Ela pode trazer muitas respostas para as questões ambientais”, defende Diego, com base em suas pesquisas e também em sua experiência como defensor público.
“Quando estão na defensoria, as pessoas se sentem livres para falar, para se expressar da forma que desejam, sem preocupação com erros de português, por exemplo. E o principal: percebem que a sua opinião realmente importa. E é essa opinião que pode efetivamente salvar o planeta da total insustentabilidade”, ressalta.
Tentativas
Durante a apresentação, o pesquisador citou tentativas empreendidas por outras ciências no sentido de valorizar a cultura popular, como a Teologia da Libertação, no campo da Teologia, e a aplicação dos princípios pregados por Paulo Freire, na Pedagogia. “Elas propuseram a inclusão do patrimônio cultural do povo nas suas manifestações, seja no sincretismo religioso ou nas salas de aula”, explica.
No campo do Direito, existem regras constitucionais e infraconstitucionais que dizem respeito à ‘cultura do povo’, mas segundo Diego, elas não são observadas. “Seja por falta de alguma força executória, na própria lei ou instrumento normativo, ou por interpretações do próprio tribunal, que não leva em conta a necessidade de efetivamente preservar o patrimônio cultural”, completa.
Banca
A banca examinadora foi composta pelos professores José Adércio Leite Sampaio, orientador do mestrando; Maraluce Maria Custódio e João Batista Moreira Pinto, da Escola Superior Dom Helder Câmara; e Edimur Ferreira de Faria, da PUC Minas, considerado referência no campo do Direito Administrativo.
Segundo Edimur, o trabalho elaborado pelo mestrando foi ‘fantástico’, assim como a apresentação. “É uma pesquisa inédita, nos limites do meu conhecimento. E mostra como é difícil ‘resgatar o Saci’”, avalia.
Mestrado em Direito Ambiental e Desenvolvimento Sustentável
Título da Dissertação: O resgate do Saci: a revalorização da cultura do povo como forma de garantir a efetiva sustentabilidade socioambiental
Mestrando: Diego de Oliveira Silva
Banca: José Adércio Leite Sampaio/Maraluce Maria Custódio/João Batista Moreira Pinto/Edimur Ferreira de Faria (Prof. Convidado)
Data: 28 de fevereiro
Local: Centro Dom Helder de Convenções
Redação Dom Total
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