sexta-feira, 4 de abril de 2014

Anchieta: Histórico da Causa de canonização


 RealAudioMP3 Cidade do Vaticano (RV) - Em 9 de junho de 1957, morria em Reritiba, aos 63 anos de idade, o Padre José de Anchieta, Apóstolo do Brasil, Defensor da liberdade dos índios, Taumaturgo do Novo Mundo, de virtudes em Grau Heróico, declaradas pela Santa Sé. Foi o primeiro propagador da Imaculada Conceição no Brasil, autor de seu Officium Parvum, cantor de suas glórias no Poema de Beata Vergini. Foram necessários 417 anos - um longo percurso marcado por percalços de toda ordem, mas também, sempre acompanhado pela graça – para chegarmos a este momento.

Logo após a sua morte com fama de santidade, os jesuítas começaram a movimentar-se para iniciar o processo de sua canonização, não somente pela fama de santidade de Anchieta, mas também incentivados pela forte manifestação de afeto dos índios.

37 anos após o início deste processo, os jesuítas depararam-se com um primeiro obstáculo. O Papa Urbano VIII assinou um decreto em que os Processos das Causas dos Santos só poderiam ser examinados 50 anos após a morte do fiel cristão. Assim, somente a partir de 1647 a documentação de Anchieta poderia ser investigada.

Com um decreto do Papa Inocêncio X, a Causa foi retomada, começando pela Declaração da 'Não Existência de Culto Público'. Assim, no ano de 1652, Anchieta era declarado Servo de Deus. 

Após sofrer nova interrupção, desta vez por falta de recursos, a Causa foi retomada em 1702. Em 1732, os escritos foram examinados e aprovados no ano seguinte, sendo publicados por Roma com o título "Autos sobre as Virtudes deste Apóstolo". Três anos após, com a publicação do Decreto das Virtudes em Grau Heróico, a santidade de Anchieta era definitivamente reconhecida pela Igreja, passando então a receber o título de 'Venerável'. Foram 21 os Processos realizados e repetidos no Brasil, Portugal e Estados Pontifícios e em sete cidades: Bahia, São Paulo, Rio de Janeiro, Olinda, Évora, Lisboa e Roma.

Em 1760 os jesuítas foram expulsos do Brasil pelo Marquês de Pombal e em 1773 o Papa Clemente XIV suprimiu a Companhia de Jesus, provocando nova interrupção da Causa. Somente 110 anos após, em 1883, a Causa foi retomada. Em 1903, todos os processos anteriores foram declarados válidos.

O episcopado brasileiro, em três séculos e meio, foi ininterruptamente constante e pastoralmente fiel nos apelos dirigidos aos Sumos Pontífices, por meio de cartas postulatórias em prol da Beatificação de Anchieta. Uma coleção destas cartas pertencem aos Bispos da Bahia, Olinda e Rio de Janeiro, acrescidas pelas dos Bispos de Portugal e Espanha, e pertencem aos séculos XVII e XVIII.

Cartas decisivas, porém, que impressionaram o Papa Paulo VI e acabaram frutificando no Pontificado de João Paulo II, foram as redigidas e assinadas pelo Presidente e Bispos da CNBB, nas Assembléias de 1969, 1974 e 1977.

Em outubro de 1976, em Aparecida, Pe. Moutinho, novo Vice-Postulador da Causa, consagrou a Causa a Nossa Senhora Aparecida, argumentando com a Virgem que ela tinha uma dívida de gratidão com Anchieta pelas obras 'O Poema da Virgem', o 'Pequeno Ofício' ou 'Horas da Imaculada Conceição'. Assim, em 1980, após ouvir o pedido do Vice-Postulador, João Paulo II beatificou José de Anchieta, reconhecendo sua fama de santidade e de "milagreiro".

Tendo sido beatificado, era necessário ainda um esforço final para a sua canonização. Um pedido da Conferência dos Bispos do Brasil, acompanhado pelos de cardeais, arcebispos, bispos, padres, representantes dos poderes públicos e também dos leigos representantes de vários segmentos da sociedade, foi encaminhado ao Papa Francisco para que inscrevesse o nome de José de Anchieta no Catálogo dos Santos, estendendo seu culto para a Igreja espalhada por todo o mundo. (JE)

 Rádio Vaticano 

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