Inicialmente, manifestantes serão incluídos em um cadastro para ganharem aluguel social
Os desalojados da ocupação de prédio da Oi aceitaram na segunda (14) terminar o acampamento de protesto que faziam, desde a última sexta-feira (11), em frente à prefeitura do Rio de Janeiro, em troca de serem incluídos em um cadastro para ganharem aluguel social e futuramente participarem de programas habitacionais. A decisão foi tomada após reunião entre lideranças dos desalojados e membros da prefeitura, com a participação da Comissão dos Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
"Estamos confiantes. Fizemos exigências e eles atenderam. Está escrito aqui no papel. Eles vão dar [o documento] assinado pelo vice-prefeito [Adilson Pires] e o pessoal da Secretaria de Habitação. Sem o cadastro, não tem como caminhar. Vai vir o aluguel social, mas com a garantia de que não vão ser só três meses de enganação. Vai ser por tempo indeterminado, até sair a moradia do povo", disse a líder social Francisca Trajano de Lima, que representou a comunidade do Rato Molhado, que fica em frente ao prédio abandonado da Oi.
Para o líder comunitário Rodrigo Moreira, de Manguinhos, a iniciativa da prefeitura, de cadastrar os moradores, é apenas o primeiro passo. "Em princípio, todas as famílias serão cadastradas. Amanhã será outro passo. Queremos habitação. Quem não tem onde morar, que está na rua, vai para um abrigo. Vamos todos nos cadastrar", disse ele.
O integrante da Comissão dos Direitos Humanos da OAB, Rodrigo Mondego, acompanhou a reunião e disse esperar que as autoridades municipais honrem a palavra empenhada. "Eles colocaram no papel que iriam avaliar [a situação], então nós esperamos que isso aconteça. Eles disseram que, com esse cadastro, poderão propor uma política pública [de habitação]. Então nós esperamos que eles cumpram e garantam esse direito humano fundamental, que é o direito à moradia. A prefeitura do Rio de Janeiro deu a palavra dela, que iria assistir quem necessitasse. Fomos testemunhas da palavra empenhada", disse Mondego.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social divulgou nota, no início da noite, dizendo que pelo menos 300 pessoas seriam atendidas ao longo do dia. Quem não pudesse ser cadastrado, segundo a secretaria, receberia uma senha numerada, para ser atendidas ao longo desta terça-feira. O prédio abandonado da Oi, no bairro do Engenho Novo, foi ocupado durante 11 dias por milhares de pessoas, vindas de diferentes comunidades. Entre elas, um ponto em comum é a busca da casa própria, pois a maioria não suporta mais pagar o preço dos aluguéis nas favelas, que praticamente dobraram de valor nos dois últimos anos.
Agência Brasil
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