“Falo, na verdade, em nome de todos que não estão mais aqui, que foram mortos e que precisam e têm que ser lembrados sempre. Eu sou a voz deles”, disse
Por Rômulo Ávila
Repórter Dom Total
“Eu nasci em Amsterdã, Holanda, em 1929. Tive dois irmãos e era a filha do meio. Tive uma infância normal e feliz. Frequentei uma boa escola pública e fazia muito esporte. Tudo isso acabou quando as tropas alemãs invadiram e ocuparam a Holanda em maio de 1940, sem nenhuma declaração de guerra. Cinco dias depois, a Holanda capitulou”.
Foi com o texto acima que Nanette Konig, sobrevivente do Holocausto, e amiga de Anne Frank, começou a descrever, na noite desta quinta-feira (3), na Escola Superior Dom Helder Câmara, parte de um dos capítulos mais triste da história mundial. Para uma plateia totalmente envolvida pelo testemunho, Nanette, única sobrevivente de sua família, narrou sua trajetória e luta pela vida. Foi aplaudida de pé. O depoimento de Nanette abriu a exposição Paz e Justiça, Brasil e Holanda – Refletindo sobre o passado, construindo um futuro melhor, que fica até o dia 31 de maio na Escola Superior Dom Helder Câmara.
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Em entrevista ao Dom Total, ela destacou a relevância de a exposição ser recebida na Dom Helder Câmara. “É importante para que eu possa contar para esses alunos. Muitas pessoas ainda não sabem o que foi o Holocausto”, disse. “Falo, na verdade, em nome de todos que não estão mais aqui, que foram mortos e que precisam e têm que ser lembrados sempre. Eu sou a voz deles”, afirmou Nanette Konig, que mora em São Paulo desde 1953.
História
O Holocausto foi uma prática de perseguição política, étnica, religiosa e sexual estabelecida durante os anos de governo nazista de Adolf Hitler. Conforme a ideologia nazista, a Alemanha deveria superar todos que impediam a formação de uma nação composta por "seres superiores". “Eu fui a única da minha família que sobreviveu. Foi uma devassa, uma tragédia que não tem nem tamanho, não se pode nem pensar”, recorda.
Nanette Konig foi amiga de classe de Anne Frank, que ficou mundialmente conhecida após seu pai, Otto Frank, publicar o diário em que Anne relatava as angústias, medos, incertezas e esperanças de uma jovem que sonhava sobreviver às atrocidades nazistas.
‘Honra’
O Reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara, Paulo Umberto Stumpf, transmitiu, em seu pronunciamento, o sentimento de alunos e funcionários da escola. “A nossa Instituição está tendo a felicidade, a honra de receber essa exposição e esse evento. Nós somos privilegiados de podermos presenciar, ao vivo, um testemunho como o da Nanette Konig, uma das últimas sobreviventes do nazismo”, disse Stumpf, que citou Dom Helder Câmara, patrono da Instituição.
“A exposição servirá, sem dúvida, para reafirmamos nossos compromissos, nossos desejos para que, inspirados também por Dom Helder Câmara, possamos fazer do Direito um instrumento efetivo de defesa da dignidade humana”, disse.
Teatro
Outro destaque da noite foi a apresentação teatral dos alunos da Escola Municipal Anne Frank, de Belo Horizonte. A peça, que retratou de maneira emocionante o drama de Anne Frank, mereceu aplausos de pé da plateia. Da mesma maneira, alunos da escola que fizeram uma apresentação de copeira foram bastante festejados.
A exposição
A exposição que homenageia Anne Frank é constituída por painéis vindos da Casa Anne Frank, em Amsterdã. Os objetos, fotos e textos também mostram outros temas relacionados aos direitos humanos, como as imagens dedicadas a cidade de Haia/Holanda, sede da atual Corte Internacional da Justiça (local onde foram realizados os primeiros tratados internacionais sobre crimes de guerra).
A história do desenvolvimentista João Maurício de Nassau, governador das possessões holandesas no Brasil entre 1637 a 1644, que ficou conhecido por incluir cientistas e artistas nas expedições que chefiava, também será retratada.
Exposição Brasil e Holanda – Paz e Justiça - Refletindo sobre o passado, construindo um futuro melhor
Local Escola Superior Dom Helder Câmara (Rua Álvares Maciel, 628, Santa Efigênia).
Visitação: de 3 de abril a 31 de maio de 2014. De segunda à sexta-feira das 8hs às 21h e aos sábados de 8h às 15h,
Entrada Franca
Informações e visitas agendadas: (31) 3226-7848
Entrada Franca
Informações e visitas agendadas: (31) 3226-7848
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