quinta-feira, 3 de abril de 2014

Exposição tem abertura solene na ALMG

Evento foi realizado na manhã desta quinta-feira (3), com a presença de autoridades, políticos e estudantes.

Por Patrícia Azevedo
Redação Dom Total

Refletir sobre o passado para construir um futuro melhor. O lema da exposição ‘Paz e Justiça’, em cartaz na Escola Superior Dom Helder Câmara, foi também a síntese de sua cerimônia de abertura, realizada na manhã desta terça-feira (3), no teatro da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Seja por meio de peça teatral, do discurso das autoridades ou no depoimento emocionado de Nanette Blitz Konig (sobrevivente do holocausto e colega de Anne Frank), a memória dos tempos passados conduziu os participantes por uma grande jornada histórica. Da chegada de João Maurício de Nassau ao Brasil, no século XVII, aos 50 anos recém-completados do golpe militar, vários fatos foram lembrados com o objetivo de combater as frequentes violações aos Direitos Humanos registradas em todo o mundo.

“Um desses acontecimentos, que tem destaque na mostra ‘Paz e Justiça’, é o legado deixado por Anne Frank, que escreveu seu famoso diário durante a Segunda Guerra. Entre tantas lições que ela nos deixou, a mais bonita é que, diante da discriminação, da brutalidade e de toda forma de violência, podemos e devemos agir. Mas sempre de forma não violenta”, afirmou o professor Paulo Umberto Stumpf, reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara.

Solenidade

Também participaram da reunião especial, que integrou as atividades da Comissão de Direito Humanos da ALMG, o deputado estadual Durval Ângelo; a Secretária Municipal de Educação, Sueli Maria Baliza Dias; o Cônsul Geral dos Países Baixos no Rio de Janeiro, Arjen Uijterlinde; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-MG, William Santos; a presidente Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita, Deliane Lemos; o presidente da Associação dos Magistrados de Minas Gerais (Amagis), desembargador Herbert Carneiro; o representante da Federação Israelita do Estado de Minas Gerais, Marcos Brafman; a presidente do Instituto Plataforma Brasil, Joelke Ofringa; entre outras autoridades.

Na plateia, destaque para a grande presença dos alunos da Escola Municipal Anne Frank, que acompanharam os debates com olhares atentos e curiosos. Eles foram responsáveis pela peça teatral – abordando a Segunda Guerra Mundial, o Holocausto e a vida de Anne Frank – encenada na abertura da sessão solene.

“Fiquei muito impressionado com o teatro que assistimos aqui, é uma lembrança que nos faz refletir sobre o passado, assim como a exposição que trazemos a Belo Horizonte. Fico muito feliz com esta iniciativa e com a recepção que tivemos na Escola Superior Dom Helder Câmara”, afirmou Arjen Uijterlinde. Com humor, o cônsul lembrou a possibilidade de ‘enfrentamento’ entre Brasil e Holanda nas oitavas de final da Copa, no Mineirão, mas destacou que a relação entre os países sempre foi de amizade e intercâmbio, desde a chegada de Maurício de Nassau (também tema da exposição, saiba mais).

O discurso de Durval Ângelo, por sua vez, foi marcado pela gravidade que envolve a questão dos Direito Humanos e as frequentes violações registradas ao longo da história, seja em âmbito global ou regional. “Com a Segunda Guerra, tivemos uma catástrofe: seis milhões de judeus padeceram ao holocausto. No total, quase 60 milhões de pessoas perderam a vida. O mundo e a humanidade ficaram muito menores em seus princípios e valores éticos. A história de Anne Frank deve servir para nós como motivação para entendermos este período e para lutarmos sempre pela paz, para sermos intransigentes com relação à intolerância”, ressaltou Durval Ângelo.

O deputado apresentou também dados sobre as violações ocorridas durante os 21 anos de ditadura militar no Brasil: quase duas mil pessoas torturadas, 10 mil presas, cinco mil cientistas afastados de seu trabalho, 468 mortes ou desaparecimentos não esclarecidos. “Ironicamente, o golpe no Brasil caiu no 1º de abril, mas costumo dizer que todos os dias de golpe são dias da mentira. Todos os dias de intolerância, violência e atrocidade, são dias da mentira. Não nascemos para isso”, defendeu Durval.

Exposição

Promovida pela Escola Superior Dom Helder Câmara, em parceria com o Instituto Plataforma Brasil e a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Minas Gerais (OAB-MG), a exposição ´Paz e Justiça´permanece em cartaz até o dia 31 de maio, na sede da Escola (Rua Álvares Maciel, 628, Santa Efigênia), com entrada gratuita. O horário de funcionamento será de segunda à sexta-feira das 8hs às 21h e aos sábados de 8h às 15h.

“Quando nos trouxeram a notícia de que a mostra poderia acontecer na Escola Superior Dom Helder Câmara, nós dissemos que não apenas a acolheríamos, como faríamos o máximo para divulgá-la e promovê-la. É para nós uma grande alegria e honra”, afirmou o professor Paulo Umberto Stumpf.

Igualmente feliz com a parceria, Joelke Ofringa destacou que a mostra não poderia estar em melhor lugar. “A expectativa é muito grande, estamos trabalhando há mais de um ano para realizar essa exposição. E estamos muito felizes por estar sediada em uma faculdade tão renomada na área do Direito, é perfeito”, completou.

Memória

Um dos pontos altos da solenidade de abertura foi o depoimento de Nanette Blitz Konig. Sobrevivente do holocausto, ela teve a chance de conhecer Anne Frank e conviver com a garota, dentro e fora dos campos de concentração. “Encontrei Anne Frank, em outubro de 1941, no liceu judaico, quando não era mais permitido aos alunos judeus frequentarem escolas públicas. Fui a única aluna da classe que encontrou Anne no campo de Bergen-Belsen, um mês antes de ela falecer. Falei com ela várias vezes, e durante estas conversas contou-me que queria usar o diário que estava escrevendo como base de um livro a ser publicado depois da guerra”, contou.

Segundo Nanette, os relatos contidos nos diários de Anne Frank são marcantes para todo o mundo, mas para ela têm significado ainda mais profundo. “Eles dizem também da minha história. Passei por tudo aquilo. Todos os meus familiares diretos foram mortos durante a guerra”, relembrou emocionada.
Redação Dom Total

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