quarta-feira, 18 de junho de 2014

Coral poderá ser classificada como em Perigo

O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A Grande Barreira de Coral, uma das sete maravilhas naturais do mundo e um dos mais belos Patrimônios Mundiais da Humanidade, que atualmente recebe cerca de dois milhões de visitantes por ano, emprega aproximadamente 64 mil pessoas e movimenta US$ 5,9 bilhões no setor turístico, poderá passar a ser listada como Patrimônio da Humanidade em Perigo se o governo australiano, que administra o bioma, não buscar soluções para conservar o ecossistema da degradação.
O anúncio foi feito pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), que se reúne nesta semana em Doha, no Catar, para o encontro anual da entidade. A UNESCO alertou para “o sério declínio na condição” dos recifes, que pertencem ao Parque Marinho de Grande Barreira de Corais, e afirmou que a Austrália terá sete meses, até fevereiro de 2015, para apresentar provas de que está tomando medidas para proteger o local.
Muitas vezes, os Patrimônios Mundiais da Humanidade listados como Em Perigo se encontram em países que estão passando por conflitos, como Afeganistão, Congo, Iraque e Síria. No caso da barreira australiana, contudo, a maior ameaça é um projeto do governo de expandir em 70% a capacidade atual do porto Abbot Point.
O porto é um dos grandes pontos de exportação de carvão da Austrália, e a ampliação pode fazer com que três milhões de metros cúbicos de resíduos de dragagem sejam depositados na área do parque, a cerca de 20 quilômetros de onde estão os corais.
Participantes da reunião em Doha “viram com preocupação” o projeto do porto Abbot Point. O comitê da UNESCO declarou que “lamenta a aprovação do Estado para despejar três milhões de metros cúbicos de material dragado dentro da propriedade antes de ter realizado uma avaliação abrangente de opções alternativas e possivelmente menos impactantes de desenvolvimento e despejo”.
Ativistas também sustentam que a expansão do porto pode prejudicar irreparavelmente o coral, que atualmente já sofre com o aquecimento global; o excesso de estrelas-do-mar coroas-de-espinhos, que destroem os recifes; o escoamento agrícola e o intenso tráfego de embarcações. Para se ter uma ideia, em três décadas a cobertura dos corais caiu em 50%.
“Todos esses [problemas] precisam ser administrados apropriadamente se quisermos manter os valores da Grande Barreira de Corais e parar o declínio, então esse projeto por si só causará uma quantidade moderada de dano, mas é com a quantidade cumulativa que estamos preocupados”, comentou Jon Brodie, da Universidade James Cook.
O governo australiano, contudo, alega que os efeitos da dragagem serão compensados por uma melhora geral do local de 150%, embora não tenha apresentado uma proposta formal de como isso será feito. Os representantes australianos em Doha também lembraram que o país investe por ano cerca de US$ 180 milhões para proteger os recifes, incluindo um projeto que trabalha para melhorar a qualidade da água na região dos corais.
O comitê da UNESCO reconheceu que em alguns aspectos da proteção a Austrália fez progresso, principalmente relacionado à qualidade da água e ao apoio ao Plano de Proteção da Qualidade da Água do Recife 2013, mas cobrou mais ações para o próximo ano.
“O comitê de patrimônio mundial resistiu à intensa pressão dos governos australianos e de Queensland [estado da Austrália] para atenuar sua decisão sobre os recifes. Em fez disso, o comitê alertou a Austrália a tomar medidas mais fortes para proteger a Grande Barreira de Coral”, declarou Richard Leck, ativista do WWF-Austrália.
Até mesmo o ator e ativista Leonardo DiCaprio advogou a proteção da barreira, alertando para a degradação ocorrida nos últimos anos. “Do meu primeiro mergulho na Grande Barreira de Coral na Austrália há 20 anos ao mergulho que tive que fazer no mesmo local há dois anos, testemunhei em primeira mão uma devastação ambiental”, disse o ator.
“O que já pareceu uma utopia subaquática infinita está agora cheia de recifes de coral branqueados e enormes zonas mortas”, lamentou DiCaprio, que doou US$ 3 milhões para ajudar a proteger os habitats dos oceanos para espécies marinhas na Conferência Nosso Oceanos em Washington, nos Estados Unidos.
Instituto Carbono Brasil

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