sábado, 21 de junho de 2014

De Wojtyla a Bergoglio, os pontífices na Calábria


Cassano al’Jônio, sul da Itália - O Papa João Paulo II, nos passos de São Francisco de Paula, lançou um apelo contra o crime organizado; seu sucessor, Bento XVI, decidiu seguir a Cartuxa de Serra San Bruno por uma verdadeira e própria ode ao silêncio. Se pode concluir, nestas duas atitudes, as recordações das visitas dos últimos dois pontífices à Calábria. Repensando João Paulo II e Bento XVI, há uma grande expectativa pela visita de Papa Francisco a Cassano all’Jônio neste sábado, 21, quando encontrará detentos da prisão de Castrovillari, pobres, doentes e idosos. Antes da visita de Wojtyla, é preciso retornar 800 anos para encontrar as pegadas de um Papa na Calábria. Em 1165, Alexandre III e, antes dele, estiveram na Calábria Papa Constantino I, em 710; Urbano II, em 1096 e Calixto II, em 1122. Era outubro de 1984 quando o Papa João Paulo II foi à Calábria para sua 44ª viagem na Itália e a primeira dedicada inteiramente a uma região.

O primeiro encontro foi dedicado aos agricultores. O Papa foi a Lamezia Terme para, em seguida, fazer uma parada na Serra San Bruno, no Santuário de São Francisco de Paula, e depois ir a Catanzaro, Cosenza, Crotone e Reggio Calábria. Olhando a figura de São Francisco de Paula, Papa Wojtyla, pediu aos fiéis a “encarnarem as suas virtudes”, de forma a poder debelar “os males sociais que, aos olhos de muitos, obscureceram a imagem desta região trabalhadora”. Complementou dizendo que, “se tiverem a coragem de cancelar o silêncio, cúmplice da criminalidade, irão melhorar os exemplos entre vós e assim será quebrada a trágica cadeia de vingança e tornará a florir a convivência serena.” Sete anos depois da visita de João Paulo II, a Calábria saudou Bento XVI. Em outubro de 2011, Papa Ratzinger celebrou a missa em Lamezia Terme e depois visitou a Certosa de Serra San Bruno, onde lançou um apelo profundo sobre o tema do silêncio e da solidão.

O seu discurso também olhava os jovens, muitas vezes vítimas do ruído de fundo e da onipresença dos meios de comunicação. Bento XVI, na Calábria e nos passos de San Bruno, que há nove séculos ensinou aos cartuxos uma vida de silêncio, pobreza, oração e trabalho, citou o “rumor” sempre presente também à noite, com as “pessoas imersas em uma realidade virtual, com mensagens audiovisuais que as acompanham da manhã à noite.” Os jovens, complementou, “já nascem nesta condição”, “parecendo querer preencher de músicas ou imagens cada momento vago”, uma tendência que se transforma numa “mutação antropológica.”
SIR

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