quarta-feira, 25 de junho de 2014

Vaticano vai acompanhar Legionários de Cristo

Entidade quer acabar com a estrutura que permitiu abusos de seu fundador, Marcial Maciel.
O Vaticano nomeou um “assistente” especial para vigiar a nova etapa na vida dos Legionários de Cristo, congregação religiosa que busca acabar com a estrutura que permitiu abusos de seu fundador, Marcial Maciel. O diretor geral da Legião, o sacerdote mexicano Eduardo Robles-Gil, assinalou que ainda é desconhecida a identidade de quem ocupará esse posto, cujo nome poderá ser revelado no próximo 03 de julho.

Nesse dia está previsto uma reunião da cúpula legionária, junto com os membros do instituto religioso residentes em Roma. Entre eles o cardeal João Braz de Aviz e o arcebispo José Rodríguez Carballo, prefeito e secretário da Congregação para os Institutos da Vida Consagrada e Sociedades da Vida Apostólica do Vaticano de forma respectiva.

“Não participará do governo, o governo da congregação é autônomo, será um assistente externo. Todavia ainda não sabemos quem será”, assinalou Robles em uma entrevista divulgada no sítio online dos Legionários.

Em fevereiro, a antecipação

No último dia 06 de fevereiro Rodríguez Carballo assegurou que a Santa Sé daria um “acompanhamento especial” ao caminho da Legião, depois da celebração, em janeiro, de um Capítulo Geral no qual elegeu-se uma nova cúpula e foram aprovados os textos reformados das Constituições, os regulamentos internos.

Robles reconheceu que, inicialmente, não se tinha “uma ideia clara” de como o acompanhamento iria se concretizar. “Agora sabemos que será um assistente”.

Também estabeleceu que a Santa Sé ainda não havia se pronunciado a respeito do novo texto das Constituições, que foi entregue para sua revisão e eventual aprovação depois do Capítulo. “Possivelmente (em 03 de julho) nos darão uma resposta sobre as Constituições, principalmente se há algo que devemos mudar”, considerou.

Com essa nomeação fica claro que o Vaticano não confia de maneira definitiva no processo de reforma interna dos Legionários, que iniciou há quatro anos após uma longa auditoria externa e a designação de um delegado pontifício, o cardeal italiano Velasio De Paolis.

Mesmo que De Paolis tivesse plenos poderes para intervir, graças ao cargo que lhe foi confiado pelo então Papa Bento XVI, seu trabalho, que encerrou com o Capítulo Geral, deve ser finalizado com outras medidas.

De fato, o próprio Papa Francisco interviu na eleição da nova cúpula, reservando pra si mesmo o poder de nomear dois dos quatro conselheiros gerais, um deles com cargo de vigário geral.

A busca de uma mudança na congregação

Esta decisão, com muitos poucos precedentes, serviu para que Bergoglio assegura-se que o novo órgão do governo empurre a congregação para uma verdadeira mudança.

O objetivo é deixar para traz uma estrutura institucional e mental que permitiu um passado cheio de abusos do fundador, Marcial Maciel Degollado (morto em 2008), culpado de ataques sexuais contra seminaristas menores de idade. Além disso, também mantinha uma vida dupla com famílias e com dependências das drogas.

A nova cúpula deu seus primeiros passos enquanto a saúde do superior anterior dos Legionários tem piorado de forma dramática. Tudo parece indicar que resta muito pouco tempo de vida a Alvaro Corcuera, quem sucedeu Maciel em 2005 na direção da congregação.

“Há alguns dias fui submetido a algumas análises e os médicos constataram que o tumor cerebral voltou a aparecer. No estado atual, é possível apenas recorrer a cuidados paliativos”, escreveu o próprio Corcuera há alguns dias em uma mensagem aos membros da Legião. “Sou consciente do fato de estar me aproximando da reta final da vida e os peço que me encomendem suas orações”, pontuou.

“Deus não deixa de me acompanhar de perto nestes momentos com sua força e sua paz. Peço também por todos os doentes e seus familiares e, em especial, a todos os membros do Movimento que padecem de alguma enfermidade grave”, acrescentou.
Agencia/Excelsior, 23-06-2014.

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