Krul tornou-se mundialmente famoso assim que entrou em campo para substituir o goleiro Jasper Cillessen.
Por Lev Chaim*
Há bem pouco, ninguém havia ouvido falar no nome de Timothy Michael Krul, ou, simplesmente, Tim Krul, de 1,93m de altura - a máquina secreta de parar pênaltis do técnico da seleção holandesa de futebol, Louis van Gaal. Nem mesmo os holandeses o conheciam muito bem.
Goleiro do clube inglês Newcastle United, Krul tornou-se mundialmente famoso assim que entrou em campo para substituir o goleiro oficial da seleção holandesa, Jasper Cillessen, minutos antes do final da prorrogação de meia hora, contra a Costa Rica, para as quartas de final da Copa no Brasil, no dia 5 de julho último.
Ninguém entendeu nada, muito menos os comentaristas holandeses que transmitiam a partida. “Alguém mais descansado para bater os pênaltis, sim, mas o goleiro?” – diziam eles. Assim que ele pisou em campo, número 23, para substituir o número um, é que todos se aperceberam de algo: o homem era largo e alto!
O que ninguém sabia e foi desvendado logo mais é que esta era a arma secreta de Louis van Gaal, em caso de uma decisão por pênaltis. Krul havia sido treinado justamente para a ocasião, o que deixou bem claro quando parou duas bolas dos costarriquenhos e deu a vitória aos holandeses, para tornar-se o mais recente herói dos Países Baixos.
A seleção holandesa foi para as semifinais e vai jogar contra a Argentina e a da Costa Rica voltou para casa. E tudo isto aconteceu no início da madrugada de domingo, aqui na Holanda, cerca de 0h30 ou quase uma hora da manhã. Foi um silêncio comprimido, triste e abafado que, por alguns minutos, segurou o fôlego do país, antes do estouro da alegria pela vitória.
Sem olhar para os pênaltis que iam sendo cobrados, eu apenas ouvia os comentários e manuseava o meu telefone. Até que tudo terminou e os Holandeses venceram. Ao longe ouvi um foguetório descontrolado, meio parecendo de improviso, já que, no adiantar da hora, tudo parecia ter sido já guardado para outra ocasião.
Mais tarde, sob as janelas de minha casa, num pequeno vilarejo holandês medieval, tranquilo, cercado de águas por todos os lados, o sossego foi quebrado pelo esgoelar de buzinas de carros. Posso garantir que este fenômeno é recente e foi importado. Nunca havia isto nas ruas, só alegria. O show pirotécnico, o meu cão odeia, mas a buzinação é coisa nova.
Nessas horas é que percebo uma coisa sensível. A intensidade de se comemorar uma vitória, pode ter gradações, mas o conteúdo em si é o mesmo, da Sibéria ao Chuí: uma mímica de gestos espontâneos e aloprados que não fazem parte de nossa rotina do dia-a-dia. Tudo vale para se desintoxicar da tensão acumulada durante o jogo.
É por isto que dou razão ao nosso poeta maior, quando brincando respondeu, ao ser acusado de não ser brasileiro o suficiente: “Desculpe-me, mas devido ao adiantado da hora, sinto-me anterior às fronteiras”. Muito bem formulado Carlos Drummond de Andrade, as “fronteiras” são para os menores e os piores, que sempre querem sempre dividir para reinar.
Como dizia a minha mãe: “Alegria e tristeza, quando espontâneas e verdadeiras, são iguais em qualquer parte do mundo e carregam uma só identidade: o DNA humanidade”. Falou e disse minha querida e saudosa dona Tuta. Vamos ver agora contra a Argentina, o que vai acontecer com os holandeses. Tchau e até a próxima terça-feira.
Há bem pouco, ninguém havia ouvido falar no nome de Timothy Michael Krul, ou, simplesmente, Tim Krul, de 1,93m de altura - a máquina secreta de parar pênaltis do técnico da seleção holandesa de futebol, Louis van Gaal. Nem mesmo os holandeses o conheciam muito bem.
Goleiro do clube inglês Newcastle United, Krul tornou-se mundialmente famoso assim que entrou em campo para substituir o goleiro oficial da seleção holandesa, Jasper Cillessen, minutos antes do final da prorrogação de meia hora, contra a Costa Rica, para as quartas de final da Copa no Brasil, no dia 5 de julho último.
Ninguém entendeu nada, muito menos os comentaristas holandeses que transmitiam a partida. “Alguém mais descansado para bater os pênaltis, sim, mas o goleiro?” – diziam eles. Assim que ele pisou em campo, número 23, para substituir o número um, é que todos se aperceberam de algo: o homem era largo e alto!
O que ninguém sabia e foi desvendado logo mais é que esta era a arma secreta de Louis van Gaal, em caso de uma decisão por pênaltis. Krul havia sido treinado justamente para a ocasião, o que deixou bem claro quando parou duas bolas dos costarriquenhos e deu a vitória aos holandeses, para tornar-se o mais recente herói dos Países Baixos.
A seleção holandesa foi para as semifinais e vai jogar contra a Argentina e a da Costa Rica voltou para casa. E tudo isto aconteceu no início da madrugada de domingo, aqui na Holanda, cerca de 0h30 ou quase uma hora da manhã. Foi um silêncio comprimido, triste e abafado que, por alguns minutos, segurou o fôlego do país, antes do estouro da alegria pela vitória.
Sem olhar para os pênaltis que iam sendo cobrados, eu apenas ouvia os comentários e manuseava o meu telefone. Até que tudo terminou e os Holandeses venceram. Ao longe ouvi um foguetório descontrolado, meio parecendo de improviso, já que, no adiantar da hora, tudo parecia ter sido já guardado para outra ocasião.
Mais tarde, sob as janelas de minha casa, num pequeno vilarejo holandês medieval, tranquilo, cercado de águas por todos os lados, o sossego foi quebrado pelo esgoelar de buzinas de carros. Posso garantir que este fenômeno é recente e foi importado. Nunca havia isto nas ruas, só alegria. O show pirotécnico, o meu cão odeia, mas a buzinação é coisa nova.
Nessas horas é que percebo uma coisa sensível. A intensidade de se comemorar uma vitória, pode ter gradações, mas o conteúdo em si é o mesmo, da Sibéria ao Chuí: uma mímica de gestos espontâneos e aloprados que não fazem parte de nossa rotina do dia-a-dia. Tudo vale para se desintoxicar da tensão acumulada durante o jogo.
É por isto que dou razão ao nosso poeta maior, quando brincando respondeu, ao ser acusado de não ser brasileiro o suficiente: “Desculpe-me, mas devido ao adiantado da hora, sinto-me anterior às fronteiras”. Muito bem formulado Carlos Drummond de Andrade, as “fronteiras” são para os menores e os piores, que sempre querem sempre dividir para reinar.
Como dizia a minha mãe: “Alegria e tristeza, quando espontâneas e verdadeiras, são iguais em qualquer parte do mundo e carregam uma só identidade: o DNA humanidade”. Falou e disse minha querida e saudosa dona Tuta. Vamos ver agora contra a Argentina, o que vai acontecer com os holandeses. Tchau e até a próxima terça-feira.
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da Fala Brasil e trabalhou 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Dom Total.
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