Padre
Geovane Saraiva*
Mais
do que falar do Evangelho, é indispensável vivenciá-lo no dia a dia, procurando
ser a carta viva de Deus para o mundo, a partir da Boa Nova de Jesus, no seu
imperativo: “Portanto, vão e façam com que todos os povos se tornem meus
discípulos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, e
ensinando-os a observar tudo o que ordenei a vocês." (Mt 28, 19-20), dando
importância à seguinte frase, tão antiga quanto emblemática: “As palavras
comovem e os exemplos arrastam”.

Claro
que é inquestionável este momento de oração e simbolismo, de importância
incomensurável, para recordar o Papa Francisco, no gesto magnânimo, na sua
visita espiritual e pastoral a Lampedusa, que do íntimo de seu coração
externou: Regressar “espiritualmente” ao Mediterrâneo para “chorar com quantos
estão na dor” e para “lançar as flores da oração de sufrágio pelas mulheres, os
homens e as crianças que são vítimas de um drama que parece não ter fim”.
A
Eucaristia deste domingo em Agrigento (Ilha de Lampedusa) é o “momento
culminante” de várias manifestações que pretendem recordar o primeiro
aniversário da visita do Papa Francisco, “recordar milhares de vítimas que
perderam a vida no mar, diante da ilha e também para refletir sobre o papel de
Lampedusa como coração do Mediterrâneo”. A mensagem Papal quer assinalar o
primeiro aniversário da sua visita à ilha italiana, a qual é tida pelos
imigrantes e refugiados africanos, como local estratégico, no sentido de fixarem-se na Europa. O lamentável e a enorme dor do Sucessor de Pedro é a “lógica da
indiferença” perante os naufrágios que continuam a acontecer no Mediterrâneo.
Os
imigrantes pagaram e continuam a pagar um preço alto pelo direito à própria
dignidade. São vítimas daquilo que o Papa Francisco chama de “globalização da
indiferença” ou, pior ainda, da “cultura do descartável”. A fim de evitar que
mais pobres e desesperados continuem a morrer, perseguindo o sonho de uma vida
melhor, é necessário que o ser humano mude a mentalidade e se abra “à cultura
do acolhimento e da solidariedade”.
No
aniversário de sua visita a Lampedusa (08/07/2013), o Sumo Pontífice foi
representado pelo presidente do Conselho Pontifício para a Pastoral dos
Migrantes e Itinerantes, cardeal Antônio Maria Vegliò, o qual aceitou
prontamente o convite que lhe foi feito por Dom Francesco Montenegro, arcebispo
de Agrigento, de “rezar por todas as vítimas dos naufrágios”, na intenção de um
modo pedagógico “sensibilizar a comunidade eclesial e a opinião pública para a
realidade dolorosa dos imigrantes e dos refugiados”. O Sumo Pontífice em sua
mensagem falou da lógica da hospitalidade e da partilha, a fim de tutelar e
promover a dignidade e a centralidade de cada ser humano.
O
Papa Francisco sonha com um mundo verdadeiramente de irmãos, que parafraseando
Dom Helder Câmara, evidencia-se no “Espírito de Deus, que envia sonhos ao
homem! Não sonhos enganosos, alienados e alienantes. Envia sonhos, belos sonhos
que, amanhã, se transformem em realidade!”. Assim seja!
*Padre da Arquidiocese de Fortaleza, escritor, colunista, blogueiro,
membro da Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza, da Academia de Letras
dos Municípios do Estado Ceará (ALMECE) e Vice-Presidente da Previdência
Sacerdotal - Pároco de Santo Afonso - geovanesaraiva@gmail.com
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