quarta-feira, 23 de julho de 2014

Comunidade do Facebook reúne 'selfies' de israelenses em bunkers

Página reúne fotos de grupos sorrindo e 'agradecimentos' ao Hamas.
Guerra em Gaza já deixou 593 palestinos e 29 israelenses mortos.

Do G1, em São Paulo
Desde o início da ofensiva de Israel na Faixa de Gaza, um grupo de israelenses posta diariamente no Facebook fotos dos momentos em que as sirenes de alerta antibombas são disparadas e eles precisam se dirigir aos abrigos subterrâneos, construídos em todas as edificações do país. Em uma comunidade, a "Bomb Shelter Selfies", ou "Selfies em Abrigos Antibombas", mais de 1.600 pessoas compartilham imagens de famílias reunidas e colegas de trabalho sorrindo juntos nos bunkers.
A página começa com um aviso de um dos organizadores dizendo que o grupo está "tentando se manter são nessa guerra louca" e que as imagens são "uma maneira de expressar nossa sobrevivência enquanto foguetes são [felizmente] abatidos ao nosso redor". Desde 8 de julho, o grupo palestino Hamas já lançou mais de mil foguetes contra Israel, sendo que a enorme maioria é eliminada pelo poderoso sistema de escudo antiaéreo do país.
Até esta terça-feira, o atual conflito havia matado 622 pessoas - das quais 593 palestinos, incluindo 121 crianças. Hospitais e escolas já foram alvos de bombas e mais de 40 mil pessoas estão sendo mantidas em 34 abrigos das Nações Unidas. No mesmo período, 27 soldados e dois civis israelenses morreram.
Dois selfies registrados no grupo aberto do Facebook. O da esquerda 'Outro momento divertido em nosso abrigo rosa' e no da direita lê-se 'Obrigada, Hamas, por fazer da troca de fraldasuma aventura' (Foto: Reprodução/Facebook)Dois selfies registrados no grupo aberto do Facebook. O da esquerda 'Outro momento divertido em nosso abrigo rosa' e no da direita lê-se 'Obrigada, Hamas, por fazer da troca de fraldasuma aventura' (Foto: Reprodução/Facebook)
Uma das organizadoras da página, a diretora de marketing Sara Eisen, de 41 anos, explicou em entrevista ao G1 que a ideia era fazer com que seu filho não tivesse medo do momento de ir ao abrigo e também avisar ao amigos de fora de Israel que eles estavam bem.
"É assustador, mas sentimos que nosso governo nos protege, então nos sentimos seguros na maioria das vezes. Fico triste que as pessoas em Gaza não tenham a mesma proteção do seu governo e, ao contrário, sejam usadas pelo Hamas como escudo", disse Sara, que não conhece ninguém na Faixa de Gaza.
Entre as imagens, em sua maioria de pessoas sorrindo, há posts que "agradecem" ao Hamas pelo "encontro", outros que mostram famílias todas de pijama ou com roupas de banho.
"Odeio essa guerra, mas não sei se temos opções. O Hamas construiu um sistema de túneis igual ao metrô de Londres para poder sequestrar israelenses e guardar armamentos. Eles poderiam usá-los de abrigo, mas claro que não o fazem, eles mandam seus cidadãos para o telhado. E eles só estão sendo bombardeados porque o Hamas lança foguetes em civis. Tantos mortos, tão triste", disse Sara.
Israel mobilizou 53.200 homens dos 65 mil reservistas autorizados pelo governo para a ofensiva nesse pequeno território de 362 km², onde vivem na miséria 1,8 milhão de habitantes, ou seja, uma das densidades populacionais mais altas do mundo.

A nova espiral de violência foi desencadeada após o sequestro e o assassinato de três estudantes israelenses em junho, atribuídos por Israel ao Hamas, seguidos pelo assassinato de um jovem palestino, queimado vivo em Jerusalém.

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