Patrícia Azevedo*
Houve um tempo em que fazer dança de salão era ‘coisa de velho’. Depois, o forró virou febre entre os jovens de Belo Horizonte, que lotavam as casas do gênero a cada fim de semana. Colegas que nunca imaginei possuir qualquer gingado, estavam lá, ‘bailando’ com desenvoltura e driblando as piadas dos amigos. “Aposto que é só para conhecer meninas”, duvidavam.
Felizmente, a dança de salão parece estar em nova fase, com menos estigmas ou preconceitos. Na última semana, arrisquei alguns passos de forró, bolero e samba, em minha primeira ‘aula formal’. Se o improviso lida com a espontaneidade, a dança de salão exige sintonia, confiança e entrega. Acostumada com o balé clássico e contemporâneo, tive dificuldades em ‘me deixar levar’ pelo parceiro, dei trombadas, pisei no pé.
No final, já estava com os passos básicos firmes, mas o que me deixou feliz foi ver, na mesma sala, pessoas das mais variadas idades, realmente interessadas em dançar. É a mesma satisfação de encontrar com o antigo colega de serviço, que acorda cedo, atravessa acidade de moto, trabalha como programador de 8h às 18h, ajuda em casa. Ele se desdobra, mas não perde suas aulas de balé contemporâneo (e nem o brilho nos olhos).
Mimulus
Para quem prefere não se arriscar pelos salões, uma opção é acompanhar como espectador. A Mimulus Cia de Dança, de Belo Horizonte, desenvolve um trabalho muito bonito, tendo como base a dança de salão. Fundada em 1994, e dirigida artisticamente por Jomar Mesquita, ela já criou sete espetáculos, dos quais cinco continuam no repertório: ‘Entre’, ‘Por um Fio’, ‘Dolores’, ‘Do lado esquerdo de quem sobe’, e ‘De carne e Sonho’.
A próxima apresentação da companhia acontece no dia 26 de julho, no Festival de Inverno de Ouro Branco (MG). Depois passa por Goiânia e Natal, e já tem estreia marcada para 25 e 26 de outubro, em Belo Horizonte. Além dos belos espetáculos, essa é uma parte (muito) boa: a Mimulus sempre faz temporadas na capital mineira e participa da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.
Gênesis
Outro programa imperdível para os belo-horizontinos é a exposição ‘Gênesis’, do fotógrafo mineiro Sebastião Salgado. Quem deixa a dica é a psicóloga Cláudia Madrona, da Dom Helder Câmara. Segundo ela, a mostra é surpreendente. “As imagens são fantásticas, mexem conosco”, conta a psicóloga.
As fotografias, divididas em cinco seções geográficas, revelam maravilhas que permanecem imunes à aceleração da vida moderna – montanhas, desertos, florestas, tribos, aldeias, animais -, imagens que o fotógrafo registrou entre 2004 e 2011. A exposição fica em cartaz até o dia 24 de agosto, nas galerias Alberto da Veiga Guignard e Mari'Stella Tristão do Palácio das Artes.
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