quarta-feira, 2 de julho de 2014

Euforia coletiva e o poder corrupto

Antes de se fazer protestos, vamos votar nas pessoas mais indicadas para melhorar o país.

Por Lev Chaim*

Nação eufórica não é automaticamente uma nação feliz. Quem disser que sim, talvez, esteja querendo camuflar alguma coisa. A euforia individual, na maioria das vezes, pode terminar bem. Mas a coletiva, de uma forma ou de outra, quase sempre resulta em grandes movimentações e nem é o ambiente ideal para se tomar decisões que afetem a sociedade como um todo. Nesta hora, o uso da razão é importantíssimo.

A história está ai e não nos deixa mentir. A crise de 1929 atingiu em cheio a Alemanha e causou desemprego em massa. A isto se juntou a depressão dos alemães por terem perdido para os franceses na Primeira Guerra Mundial. Nesta manifestação eufórica de sentimentos coletivos, um novo líder surgiu, prometendo restaurar tudo que os alemães haviam perdido.

Adolf Hitler, do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, mais conhecido nos livros de história como o Partido Nazista, em 1924, conseguiu apenas 3% dos votos da população votante. Mas, já em 1932, com a sua eloquência mentirosa e ardilosa, aproveitando o clima político propício, Hitler conseguiu para o seu partido 33% dos votos e em 1933 foi nomeado chanceler da Alemanha.

Ante aos problemas econômicos, os alemães, principalmente os desempregados, jovens e membros da classe média baixa, tais como donos de pequenos negócios, funcionários burocráticos, artesões e agricultores se encantaram com a oratória eloquente de Hitler, o que fez com que o seu partido chegasse ao poder. Levados pela euforia das palavras enganadoras do futuro ditador nazista, os alemães decidiram o destino do país. O resto, a história registrou tudo e deu no que deu.

Este é um dos muitos exemplos do porquê de não se poder decidir coisas importantes em momentos de euforia coletiva. Outro caso ainda mais conhecido  foi a decisão eufórica coletiva da população de Jerusalém, por ocasião da decisão de se condenar à morte, Jesus ou o ladrão Barrabás. A coletividade, manipulada pelos donos do poder, escolheu Jesus, o iluminado, para morrer na cruz. 

Mas basta de exemplos e vamos aos tempos atuais. Citei que uma nação eufórica não necessariamente seja uma nação feliz, com referência à atual situação do Brasil, da nossa seleção, nesta copa do mundo. Como vamos ter uma eleição importantíssima em outubro próximo, para decidir o futuro do país, uma euforia coletiva pela vitória da seleção poderá ajudar o atual partido no poder a se perpetuar ali.

Após doze anos de PT, chegou a hora de mudança. É claro que os candidatos da oposição não são os melhores. Mas uma coisa tenho certeza: só de se mudar um pouco tudo isto, a coisa já melhora. O PT chegou ao poder dizendo-se um partido do povo e pró-povo. O que se viu foi uma coisa bem diferente: mitômanos que se consideram os donos do dinheiro público e o usam da forma que querem, indiferentes à vontade do povo, num processo também de aviltamento do sistema judicial da nação.

O PT hoje é um partido de "elite". Não aquela elite que orienta e mostra o caminho, mas aquela que mais quer ganhar para si própria sem se importar bulhufas para com a sorte dos menos favorecidos. A estes, o PT fornece uma esmola. Aos grandes, à nova elite, o manjar é bem mais rico e mais exclusivo. Portanto, por mais que eu ame a seleção nacional de futebol, não quero que uma vitória possa perturbar o povo, na hora de cumprir o dever cívico do voto. Não podemos voltar ao coronelismo, onde o voto era trocado por favores prestados.

Antes de se fazer protestos nas ruas, vamos votar nas pessoas mais indicadas para melhorar o país e tirá-lo da estagnação em que se encontra. Os petistas dizem que nunca se fabricou tanto álcool e açúcar como agora. É verdade. Mas eles não contam o resto da história. Ao mesmo tempo, nunca se ganhou tão pouco ao produzi-los. E como o açúcar e álcool, existem muitos outros exemplos.

O governo do PT sabe cobrar impostos, mas não é transparente na hora de mostrar onde eles foram aplicados. Não foram os resultados que substantivaram esse anos, mas uma demagogia a toda prova, apoiada por essa publicidade enganosa, onde o povo se endivida a prazo.

Por que construir porto em Cuba, quando os nossos portos precisam de um aumento em sua capacidade de exportação? Cerca de 20% da nossa produção nacional de soja se perde devido à falta de infraestrutura. Será que ficamos cegos e não vemos a verdade? Impostos cobrados devem voltar em benefícios à sociedade e não sumir num emaranhado de coisas e investimentos sem nexo. Onde estão os homens de bem? Até a próxima terça.
*Lev Chaim é jornalista, colunista, publicista da FalaBrasil e trabalhou 20 anos para a Radio Internacional da Holanda, país onde mora até hoje. Ele escreve todas as terças-feiras para o Dom Total.

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