Juliano Paiva*
O primeiro tempo apático do Atlético, que surpreendeu Levir, deixa no ar uma questão que atormenta o torcedor: existe mobilização no clube para ser campeão brasileiro? Parece claro que o clima é totalmente diferente do que se via na época da disputa da Taça Libertadores da América, em 2013. De certa forma, isso só reflete o que vem de cima, em especial, do presidente Alexandre Kalil e do técnico Levir Culpi.
Entre a derrota para o São Paulo, 2 a 1, no Morumbi, e a vitória sobre o Lanús, 1 a 0, no estádio La Fortaleza, há um intervalo de 46 dias. Nesse período, houve uma semana de folga e o time fez três amistosos na China e um jogo-treino na Argentina.
Frente a esse contexto tranquilo, praticamente sem desgaste, qual o motivo para se poupar Ronaldinho Gaúcho e Diego Tardelli contra o Bahia? O fato ainda revela a falta de coerência entre o discurso e a prática no clube, o famoso “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Pois se Ronaldinho disse, mais de uma vez, que precisa de ritmo de jogo, e Levir apontou que o jogador precisa melhorar tecnicamente, por que não colocá-lo contra o Bahia? Não vejo motivo também para Tardelli ficar de fora. A partida com eles em campo seria outra.
Esse episódio revela também que a comissão técnica atleticana subestimou o time nordestino, como se bastasse entrar em campo para sair com os três pontos. Não é assim, no futebol nunca é.
Libertadores 2013
Quando foi que o Atlético esteve mais perto de ser eliminado da Libertadores 2013? Foi diante do Tijuana. Depois de conseguir um empate heróico no México, o time se deu como classificado para a semifinal. O próprio Kalil admitiu, em entrevista a ESPN Brasil, que houve um salto alto sem precedentes naquela ocasião.
Se não fosse a espetacular defesa de Victor, o Galo teria dado adeus ao torneio naquela noite no Independência. Algo semelhante aconteceu contra o Bahia. Falha grotesca de um clube que está na fila há quase 43 anos.
Reforços
Kalil e o diretor de futebol Eduardo Maluf adoram dizer que o elenco do Atlético é forte. Não é. O time sim já foi forte, o elenco nem tanto. Em 2012, fez um segundo turno arrastado e perdeu o caneco do Brasileiro para o Fluminense. Em 2013, num erro de estratégia, disputou boa parte do Nacional com equipe reserva ou mista e amargou o 8º lugar.
Agora em 2014 está evidente que o time precisa de, no mínimo, um lateral-esquerdo, um volante, um zagueiro e um atacante. Mas não chega ninguém. Entre os jogadores mais experientes, cientes da deficiência no elenco, isso certamente não é bem visto.
Do jeito que está, sem mobilização e com elenco limitado, o Atlético apenas participará de mais um Campeonato Brasileiro e dificilmente conseguirá vaga na Libertadores 2015.
Ingressos
Fico sem entender também porque não houve promoção de ingressos vinculando a final da Recopa com os jogos do Campeonato Brasileiro. Sem haver venda casada, claro, seria apenas uma opção para o torcedor.
O Mineirão tem capacidade para 58 mil pessoas; o Independência, 22 mil.. Como o Atlético tem 5 mil sócios no Galo na Veia Black, a capacidade no Horto cai para 17 mil, uma vez que eles já possuem lugar garantido. Já a Minas Arena tem oito mil bilhetes do Gigante da Pampulha, 50 mil são do Galo.
Feita essa conta, a promoção seria bem simples. O torcedor que comprasse um ingresso para a decisão no Mineirão teria o direito de adquirir também um bilhete com 50% de desconto para uma partida no Horto, podendo escolher entre a seguinte sequencia de jogos em casa no Brasileirão: Bahia, Atlético-PR e Palmeiras.
Seriam 17 mil ingressos disponíveis para cada um dos dois primeiros jogos e 16 mil para o duelo diante do Verdão, totalizando 50 mil bilhetes. Os sócios Galo na Veia Prata teriam a preferência como normalmente acontece.
Com uma promoção assim, dificilmente o Independência receberia apenas 8 mil pessoas como aconteceu no sábado e o estádio estaria “fervendo”, sendo o caldeirão que tanto já ajudou o Galo.
Apesar dos pesares
Apesar das últimas bolas foras, o Atlético tem a oportunidade de comemorar em alto estilo o primeiro aniversário da conquista da Libertadores. Para tanto, precisa levantar a taça da Recopa diante do Lanús, quarta, no Mineirão.
Depois é tentar vida nova no Campeonato Brasileiro. O próximo adversário será o Sport, na Ilha do Retiro. É o tipo de jogo para se impor, mesmo jogando fora. O empate não interessa. Se quiser algo grande no Nacional, o Galo precisa reagir o mais rápido possível.
Dunga
A Globo está cravando Dunga como novo técnico da Seleção. Mais do mesmo, como seria também o preferido da opinião pública, Tite. Só haveria mudança considerável se o novo técnico fosse um estrangeiro, de preferência Guardiola. Entre os brasileiros, somente Marcelo Oliveira e Cuca acrescentariam algo novo à Seleção.
Juliano Paiva escreve toda segunda-feira no DomTotal.com
É jornalista formado na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Atualmente editor do Dom Total, Paiva trabalhou nos jornais O Tempo, Hoje em Dia e no extinto Diário da Tarde, tradicional periódico de Belo horizonte fechado pelos Associados Minas em julho de 2007. No DT, começou como repórter da editoria Cidades, mas, na época do fechamento do jornal, fazia cobertura esportiva. Também foi responsável pela cobertura de jogos do Campeonato Brasileiro para a Folha de São Paulo no segundo semestre de 2007.
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