Pego de surpresa com a nomeação, Ir. Enzo Bianchi disse que havia sido recebido em audiência pelo Papa em 2 de julho, o terceiro encontro entre os dois desde o início do Pontificado de Francisco. Na pauta dos encontros, a unidade da Igreja e as ações necessárias para promover esta unidade. “Mas não me havia falado sobre esta nomeação”, observou.
O Prior de Bose explicou que uma das grandes preocupações de Bergoglio em relação ao ecumenismo, é “que a unidade não se faz somente com a espiritualidade da unidade, mas é um mandamento de Cristo que é necessário seguir. É um compromisso que ele sente como prioritário - disse. Sobretudo com a Ortodoxia, sente que a unidade é uma meta urgente”. “Creio que o Papa deseja buscar a unidade, mesmo tendo que reformar o papado. Um papado que não coloca mais medo – como disse o Patriarca Bartolomeu – ao qual o Papa tem ligações de amizade”, explicou Bianchi.
“A reforma do papado significa um novo equilíbrio entre sinodalidade e primado. Os ortodoxos exercem a sinodalidade e não têm o primado, nós católicos temos o primado mas também um defeito de sinodalidade. Não existe sinodalidade sem primado e não existe primado sem sinodalidade, observou ele. Isto ajudaria a criar um novo estilo de primado papal e de governo dos bispos”.
Partindo do Sínodo dos Bispos existente a partir do Concílio Vaticano II e do Conselho dos 9 Cardeais desejado pelo Papa Francisco para coadjuvá-lo nas reformas da Igreja, o Prior da Comunidade de Bose hipotizou para o futuro “um organismo episcopal para ajudar o Papa no governo da Igreja, sem colocar em discussão o primado papal”.
Enzo Bianchi falou ainda sobre a “delicada situação” vivida na Ucrânia, onde o quadro das comunidades cristãs é “extremamente fragmentado”, saudando no entanto, “que todas as Igrejas, ortodoxos de diversas linhas, católicos latinos e greco-católicos, tiveram a inteligência de não fazer uma imersão política, sinal de uma consciência eclesial melhor do que se podia esperar”.
Referindo-se à dramática situação vivida pelos cristãos no Oriente Médio, defendeu que “eles têm necessidade de sentir a fraternidade e a solidariedade dos outros cristãos”. E na mesma linha de Francisco, recordou que “nunca houve tantos mártires como nesta época, e são cristão pertencentes a todas as Igrejas. O sangue dos diversos cristãos unem-se além das decisões teológicas e dogmáticas”, completou.
(VI - JE)
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