sexta-feira, 18 de julho de 2014

Menos, Levir!

Faço parte da parcela que aprovou a chegada do técnico Levir Culpi ao Atlético. Pela identificação com o clube e por entender muito de futebol, era o nome mais indicado para arrumar a casa. No entanto, parece que o longo período no futebol japonês fez o treinador ter um comportamento de afirmação que vai além da conta.  Faz parte das obrigações de um bom treinador, como Levir, substituir quando bem entender. Da mesma maneira, é preciso saber conduzir certas situações.
Não vejo problema algum em sacar Ronaldinho Gaúcho. O que incomoda é a forma como Levir expõe certas opiniões na imprensa. “Somos um grupo. Tem que entender. Se não entender, vão ter que sair do mesmo jeito”, disse o treinador sobre Ronaldinho.  Não precisava disso. Todo mundo sabe, Levir, que você tem autonomia para tirar e colocar quem entender, quando bem entender. Não precisa mostrar isso pra ninguém. Cria-se, desnecessariamente, um clima ruim entre os jogadores.
Ronaldinho não pode e nem deve ser tratado como qualquer cabeça de bagre. Se não está rendendo o que se espera dele, que o tire da equipe naturalmente. Talvez, por ter ficado anos no Japão, Levir Culpi não saiba o que Ronaldinho Gaúcho e o Atlético representam um para o outro. Foi uma relação construída rápida e que está eternizada no clube.
Não foi a primeira vez que Levir Culpi expôs na imprensa posicionamento que diz respeito somente ao grupo. Logo quando retornou ao clube, no começo de maio, fez questão de repudiar o atacante Diego Tardelli, outro ídolo da torcida, via imprensa.  Não estou dizendo que os jogadores estão certos quando reclamam abertamente de uma substituição. É claro que estão errados. Mas esse tipo de situação deve ser tratada internamente.
Cuca, técnico que levou o clube ao título da Libertadores, conduzia muito bem esses problemas. Ele sacou R10 na primeira partida da decisão da Libertadores, contra o Olimpia. Ronaldinho saiu com cara de poucos amigos, mas Cuca soube tirar proveito da situação:
“Às vezes você não vai conseguir, naquele dia, uma resposta. Mas a resposta pode vir em outro jogo. E o Ronaldo ficou mordido (com a substituição). No outro dia, conversei com ele: 'Tá “puto?”' e ele respondeu: “Tô, lógico”. Então, beleza! E no outro jogo, ele jogou muito. Foi fundamental para essa caminhada nossa”, explicou Cuca, após a conquista do maior título da história do clube.
É preciso ter jogo de cintura para conduzir um elenco de estrelas, como o do Atlético. Nenhum atleta gosta de ser substituído, o que é até positivo. Ronaldinho Gaúcho é um mito do futebol mundial. Muito do respeito que o Lanús teve pelo Atlético no jogo de ontem foi pela simples presença de R10 em campo. Se ele não estava bem e o treinador resolveu sacar é outra história.  O que não pode é transformar isso em problema. Menos, Levir!

Rômulo ÁvilaÉ jornalista formado pela Newton Paiva. Foi repórter esportivo durante dois anos do extinto Diário da Tarde (tradicional periódico de BH fechado pelos Associados Minas em julho de 2007). Atualmente é repórter do Portal DomTotal. Antes de cursar comunicação, foi jogador de futebol profissional. Começou no Villa Nova-MG e passou pelo futebol paulista e nordestino. 

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