segunda-feira, 7 de julho de 2014

Papa pede um pacto contra o desemprego


“Não poder levar o pão para casa tira a dignidade”. Primeiro na Universidade de Molise, depois para 80.000 pessoas no que fora um dia um campo de futebol, o Papa Bergoglio fala sobre o evangelho e propõe um pacto pelo emprego que permita conciliar o trabalho e a família, que defenda a agricultura (“Não abandonem a terra”), que impeça a desmatamento selvagem e que consagre os domingos aos afetos domésticos. “Vi que em Molise – indica o Pontífice – se está procurando responder ao drama do desemprego juntando as forças de maneira construtiva. Muitos postos de trabalhopoderiam ser recuperados mediante uma estratégia concordada com as autoridades nacionais, um pacto pelo trabalho que saiba aproveitar as oportunidades da legislação nacional e europeia. Animo-os a seguir em frente por este caminho, que pode dar bons frutos aqui e em outras regiões”.

Ao reunir-se com o mundo do trabalho, o Pontífice recomenda: “Pais, percam tempo com seus filhos”. E conta uma história: “Quando confessava, se chegava uma mãe ou um pai jovens, perguntava: ‘Quantos filhos têm?’ E depois outra pergunta: ‘Você joga com seus filhos?’ E a resposta sempre era: ‘Perdoe, padre, como?’ Estamos perdendo esta ciência, jogar com as crianças”. Contra a praga do desemprego, Francisco pede às instituições “mais esforços e coragem”. E, em seguida, dirige-se aos sacerdotes e aos fiéis. Durante a homilia na missa do ex-estádio Romagnoli de Campobasso, o Papa Francisco destaca que a Igreja é “um povo que serve a Deus”, e este serviço “realiza-se de diferentes maneiras, em particular na oração, no anúncio do Evangelho e no testemunho da caridade: a via privilegiada para servir a Deus é servir os irmãos necessitados, estar atento aos pequenos e excluídos”.

Além disso, “o Senhor nos liberta das ambições e rivalidades, que minam a unidade e a comunhão. Liberta-nos da desconfiança, da tristeza, do medo, do vazio interior, do isolamento, dos remorsos, das queixas”. E também em nossas comunidades há atitudes negativas, que levam as pessoas à autorreferencialidade, a preocupar-se mais com a autodefesa do que em dar-se: mas Cristo nos liberta desta “escuridão existencial”. O testemunho da caridade é “a via mestra da evangelização”. Por este motivo, a Igreja é o povo que experimenta a libertação do Senhor e vive nesta liberdade que Ele lhe dá, explica Francisco: “A liberdade, sobretudo, do pecado, do egoísmo em todas as suas formas. A liberdade de entregar-se e de fazê-lo com alegria, como a Virgem de Nazaré, que é livre de si mesma, não se inclina sobre sua condição, mas pensa naquele que nesse momento tem mais necessidade”.
Neste aspecto, a “Igreja sempre esteve na primeira linha, presença maternal e fraternal que compartilha as dificuldades e as fragilidades das pessoas”. Assim, “a comunidade cristã trata de infundir na sociedade esse suplemento de alma que permite ver além e ter esperança”. O Pontífice exorta a difundir “em todas as partes a cultura da solidariedade”.
Durante o encontro com o mundo do trabalho, Francisco havia destacado enfaticamente: “O domingo livre do trabalho (excetuando os serviços imprescindíveis) afirma que a prioridade não é o econômico, mas o humano”. “Talvez chegou o momento de nos perguntar se trabalhar aos domingos é uma verdadeira liberdade”.
O convite do Papa foi claro e simples: “Devemos conciliar os tempos do trabalho com os tempos da família”. Bergoglio indica que este é um ponto crítico que “nos permite discernir, avaliar a qualidade humana do sistema econômico no qual nos encontramos”.
Vatican Insider, 05-07-2014.

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