O filósofo Alain De Botton assegura que todos nós necessitamos de conselho, consolo e direção.
Por Marco Lacerda*
Todo mundo precisa de ajuda. Quem diz isso é o filósofo Alain De Botton, sentado em seu escritório em Londres, diante de fileiras de estantes repletas de livros que falam dele e de seus interesses. Livros sobre o que foi feito, o que está em andamento e o que virá. Livros sobre viagens, arquitetura, religião, literatura, temas recorrentes que o converteram em best-seller, em estrela de uma nova filosofia, consoladora, com os pés na terra e nos tempos atuais. Botton escreve sobre como Proust pode mudar vidas, de edifícios felizes, de filmes que marcaram época.
Em 2008, De Botton (Zurique, 1969), ateu cofessso, filho de judeus para quem acreditar em Deus tinha o mesmo valor que crer em Papai Noel, inaugurou uma escola, uma empresa social ao estilo de sua antiga fundação, Living Architecture. Nada do que aborda esse homem com jeitão de bom moço e look austero é gratuito. “Todos necessitamos de ajuda”, repete, antes de esclarecer que A Escola da Vida (The School of Life) nasceu por pura provocação, em resposta à má fama angariada por esse nicho editorial conhecido como auto-ajuda. “Muitos crêem que só os estúpidos precisam de ajuda”.
Todos precisamos de consolo
De Botton convocou intelectuais de várias procedências e alta qualidade para demonstrar que não, que todos, sem exceção, necessitamos de conselho, consolo, orientação. Assim nasceu o centro para reabilitar um gênero maltratado. E para demonstrá-lo, pariram uma coleção de seis livros, puro festim de otimismo, uma espécie de ode à vida, publicados no Reino Unido e já com versões em espanhol. “Todos são realistas, ninguém lhe conta sonhos impossíveis”, assegura.
Tudo o que existe dentro da Escola da Vida – livros, objetos etc – está focado na superação e no crescimento pessoal. Os seis volumes dispostos na vitrine externa falam de refletir sobre o modo como vivemos e nos relacionamos, de nos conhecermos segundo a máxima de Sócrates: “Uma vida sem exame não vale a pena ser vivida”. Fala de aprender a nos auto-assistir para que nossa existência não descambe para o tormento. Nesta escola assume-se o moto segundo o qual a festa é a própria vida. Pensemos, propõe ele: Que tempo ou época da História não foi de caos, mudança, inquietação, crise?
“Desde que nascemos até morrermos necessitamos que os demais nos busquem e nos ajudem a sentir-nos seguros”, escreve a psicoterapeuta Philippa Perry, uma das autoras da Escola. “Na realidade, a auto-ajuda é inerente a nossa cultura, é parte do mundo clássico”, reflete De Botton. Com certeza por isso, tudo na casa é cheio de referências a Sócrates, Platão Sêneca e Virgílio.
Como não se perder
Philippa Perry fez um trabalho hercúleo juntando seu conhecimento à sabedoria da psicologia. Seu livro trata de como não se perder. “Se reformamos nossa mente seremos capazes de reformar nosso modo de vida”, diz ela, para quem a introspecção é de grande valor pra alcançar a serenidade. “Graças à serenidade podemos averiguar que coisas nos produzem stress e como o stress, depois de um certo ponto, torna-se daninho.” Perry insiste sobretudo em algo que todos os autores da escola repetem: para crescer é preciso superar a linha da acomodação a todo instante.
Alain De Botton sabe melhor que todos os seus companheiros o que significa superar essa linha. O êxito da unidade britânica da Escola da Vida o leva a pensar em abrir franquias, uma rede global de escolas da vida. “Afinal de contas, hoje em dia não existem muitas alternativas para se chegar ao consolo. Ou você é profundamente religioso ou está chafurdando no consumismo. O resto é vazio”, afirma. “Quem acredita em Deus é mais feliz. Não sou contra as religiões, tenho muitos amigos crentes, mas me interesso mais pelo que existe por trás delas”. E dessa curiosidade nasceu a ideia de escrever seu mais novo livro já em fase final: “Religião para ateus”.
A Escola da Vida, Londres. Veja o vídeo:
Em 2008, De Botton (Zurique, 1969), ateu cofessso, filho de judeus para quem acreditar em Deus tinha o mesmo valor que crer em Papai Noel, inaugurou uma escola, uma empresa social ao estilo de sua antiga fundação, Living Architecture. Nada do que aborda esse homem com jeitão de bom moço e look austero é gratuito. “Todos necessitamos de ajuda”, repete, antes de esclarecer que A Escola da Vida (The School of Life) nasceu por pura provocação, em resposta à má fama angariada por esse nicho editorial conhecido como auto-ajuda. “Muitos crêem que só os estúpidos precisam de ajuda”.
Todos precisamos de consolo
De Botton convocou intelectuais de várias procedências e alta qualidade para demonstrar que não, que todos, sem exceção, necessitamos de conselho, consolo, orientação. Assim nasceu o centro para reabilitar um gênero maltratado. E para demonstrá-lo, pariram uma coleção de seis livros, puro festim de otimismo, uma espécie de ode à vida, publicados no Reino Unido e já com versões em espanhol. “Todos são realistas, ninguém lhe conta sonhos impossíveis”, assegura.
Tudo o que existe dentro da Escola da Vida – livros, objetos etc – está focado na superação e no crescimento pessoal. Os seis volumes dispostos na vitrine externa falam de refletir sobre o modo como vivemos e nos relacionamos, de nos conhecermos segundo a máxima de Sócrates: “Uma vida sem exame não vale a pena ser vivida”. Fala de aprender a nos auto-assistir para que nossa existência não descambe para o tormento. Nesta escola assume-se o moto segundo o qual a festa é a própria vida. Pensemos, propõe ele: Que tempo ou época da História não foi de caos, mudança, inquietação, crise?
“Desde que nascemos até morrermos necessitamos que os demais nos busquem e nos ajudem a sentir-nos seguros”, escreve a psicoterapeuta Philippa Perry, uma das autoras da Escola. “Na realidade, a auto-ajuda é inerente a nossa cultura, é parte do mundo clássico”, reflete De Botton. Com certeza por isso, tudo na casa é cheio de referências a Sócrates, Platão Sêneca e Virgílio.
Como não se perder
Philippa Perry fez um trabalho hercúleo juntando seu conhecimento à sabedoria da psicologia. Seu livro trata de como não se perder. “Se reformamos nossa mente seremos capazes de reformar nosso modo de vida”, diz ela, para quem a introspecção é de grande valor pra alcançar a serenidade. “Graças à serenidade podemos averiguar que coisas nos produzem stress e como o stress, depois de um certo ponto, torna-se daninho.” Perry insiste sobretudo em algo que todos os autores da escola repetem: para crescer é preciso superar a linha da acomodação a todo instante.
Alain De Botton sabe melhor que todos os seus companheiros o que significa superar essa linha. O êxito da unidade britânica da Escola da Vida o leva a pensar em abrir franquias, uma rede global de escolas da vida. “Afinal de contas, hoje em dia não existem muitas alternativas para se chegar ao consolo. Ou você é profundamente religioso ou está chafurdando no consumismo. O resto é vazio”, afirma. “Quem acredita em Deus é mais feliz. Não sou contra as religiões, tenho muitos amigos crentes, mas me interesso mais pelo que existe por trás delas”. E dessa curiosidade nasceu a ideia de escrever seu mais novo livro já em fase final: “Religião para ateus”.
A Escola da Vida, Londres. Veja o vídeo:
*Marco Lacerda é jornalista, escritor e Editor Especial do DomTotal
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