segunda-feira, 14 de julho de 2014

Woelki, uma esperança para Colônia

O popular arcebispo de Berlim, Rainer Maria Woelki, volta à cidade da catedral do Reno. Assim anuncia a rede de rádio e televisão WDR. É o início de uma mudança de clima, depois de décadas de uma "era do gelo" na diocese de Colônia com o cardeal Meisner. Mas, atenção: uma andorinha só não faz verão. Em muitas dioceses alemãs, os católicos esperam, preocupados, pelos novos bispos. No pacote-surpresa romano, ainda há muitos enigmas.
No dia 12 de fevereiro de 1989, nada menos do que um quarto de século atrás, quando o cardeal Joachim Meisner, imposto aos católicos renanos pelo então papa polonês João Paulo II, tomou posse do arcebispado de Colônia, começou para os católicos comprometidos com uma das maiores e financeiramente mais poderosas arquidioceses do mundo um catastrófico período de crise quase infinito.
Meisner, teologicamente tão ingênuo quanto reacionário, exerceu a sua missão em obediência cega ao seu velho amigo, o Papa Wojtyla. Meisner reduziu o diálogo com o mundo atual e também o diálogo aberto com os cristãos progressistas da sua diocese a quase a zero. E, ao contrário, caracterizou-se por afirmações contra as mulheres e contra os muçulmanos. Em um certo ponto, quase ninguém ouviu mais o que esse homem do passado tinha a dizer.
A maior decepção de Meisner foi a renúncia do Papa Bento XVI naquela segunda-feira de 2013. Porque, de Bento XVI, com quem ele se sentia em sintonia, ele esperava o prolongamento do cargo para além do dia de Natal de 2013, quando chegaria ao limite de idade dos 80 anos.
Em janeiro de 2014, o recém-eleito Papa Francisco não perdeu mais tempo. O argentino não prolongou o cargo de Meisner. E assim, naquele ponto, tornou-se quase impossível, a ele que tinha sido um poderoso diretor nas sombras, intervir nas decisões sobre o poder e sobre a nomeação dos bispos.
O cardeal Rainer Maria Woelki tem agora a possibilidade de mudar de rumo e de dar início a uma nova era em Colônia de relações em igualdade de condições. Ele cresceu em um assentamento de refugiados de Varmia, no norte de Colônia. Woelki entende e fala a língua renana do seu povo entre Colônia, Neuss e Düsseldorf.
Ao contrário de Meisner, notoriamente carregado de ressentimentos, Woelki se baseia em uma atitude de diálogo aberto, também com os não cristãos e com pessoas pertencentes a minorias sexuais.
O fato de admitir ser um torcedor do time de futebol de Colônia o aproxima de muitas pessoas na região. E o clube renano repetidamente em crise pode precisar de um defensor como o tranquilo e tenaz Woelki.
Esse arcebispo, jovem em relação à média no âmbito católico, é um homem que não tem medo dos contatos. Conservador no âmbito teológico, mas aberto para as pessoas, originalmente jovem padre de Meisner, tendo sido secretário secreto do seu antecessor em alguns períodos, o jovem Woelki não contrariou o curso de Meisner, mas, no norte do arcebispado, onde foi bispo auxiliar por um tempo, conseguiu introduzir uma atmosfera que em parte o atenuou.
Mas o retorno de Woelki ao Reno também é acompanhado por um mau humor. Evidentemente, o Vaticano – concretamente a Congregação para os Bispos, com o cardeal canadense Marc Ouellet – ignorou todos os três nomes dos candidatos propostos pelo Capítulo da catedral. Na terna enviada a Roma, em vez das propostas iniciais, também havia, dentre outros, o nome do candidato berlinense cardeal Woelki. E os eleitores do bispo de Colônia o escolheram.
Na escolha do arcebispo de Friburgo, aconteceu exatamente a mesma coisa. Roma não levou em conta as propostas da diocese e, ao contrário, apresentou uma terna própria, da qual os membros do Capítulo da catedral escolheram depois um deles, da região, o jovem e até então completamente desconhecido canonista Burger.
Assim, Roma desvia os direitos de codecisão e escolha das dioceses que foram estabelecidos claramente por escrito pelas concordatas, o de Baden e, no caso de Colônia, o da Prússia. E isso é um escândalo. O não cumprimento das Igrejas locais está em evidente contraste com as afirmações do Papa Francisco, que quer dar mais peso e responsabilidade às Igrejas locais, depois de décadas de centralismo arquiconservador dos papas anteriores.
Consolador, no entanto, é o fato de que Woelki demonstrou ser em Berlim um homem da Igreja para as pessoas comuns. Morava em um apartamento alugado em Kiez. Andava de bicicleta para fazer suas compras. Nos anos 1960, quando era adolescente em Colônia, o líder do seu grupo católico era Franz Meurer. E Meurer foi durante muitos anos um astuto e e carismático "pároco do povo" na pobre região leste de Colônia, no lado direito do Reno.
Quando a base crítica da Igreja fez uma pesquisa – "Quem deve se tornar cardeal de Colônia?" –, o resultado foi uma clara maioria para Meurer. Quando a hierarquia de Colônia começou uma pesquisa similar, a maioria a favor de Meurer foi ainda mais evidente. Ao que o pároco Meurer, no domingo seguinte, proferiu uma estrondosa pregação pública em defesa do sacerdócio feminino na Igreja Católica – de modo a evitar subir na hierarquia.
Meurer conseguiu. E Woelki conseguiu chegar a trabalhar lá onde ele pode se sentir em casa. Se pessoas como esses dois dão o tom na grande Igreja no Reno, então, para os tão provados católicos da região, começaram tempos melhores.
Publik-Forum.de, 10-07-2014.

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