domingo, 17 de agosto de 2014

Editorial: Confirmação e esperança

Igreja > 2014-08-16 09:46:25 
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Cidade do Vaticano (RV) – RealAudioMP3 “Queridos amigos! Para mim é uma grande alegria vir à Coreia, a ‘terra do calmo amanhecer’, e experimentar não só a beleza natural do país, mas também e, sobretudo, a beleza do seu povo e da sua riqueza histórica e cultural”: com essas palavras o Papa Francisco iniciou a sua visita à Coréia do Sul na manhã de quinta-feira, falando às autoridades governamentais e aos representantes do Corpo Diplomático, no Palácio Presidencial de Seul. A tão esperada viagem, aguardada por 25 anos, depois da última visita de João Paulo II, hoje São João Paulo, foi precedida como já se tornou habitual para Francisco, com a visita à Basílica de Nossa Senhora Maior, na manhã de quarta-feira onde depositou flores no altar diante do ícone de Maria Salus Popoli Romani. O Papa rezou ali de forma estritamente privada, sozinho e em silêncio, por cerca 20 minutos. Podemos intuir que o Papa mais uma vez colocou nas mãos da Mãe de Deus os frutos dessa sua peregrinação que o leva a confirmar na fé, um povo que tanto sofreu por causa de sua pertença a Cristo, mas também os anseios e desejos de um povo dividido por causa de uma guerra. Certamente o pensamento também se dirigiu a todo o continente asiático e àqueles povos que padecem hoje o horror da guerra.
Francisco é o segundo Pontífice a visitar a Coreia do Sul, mas esta é a terceira viagem de um papa ao país, já que João Paulo II visitou a Coreia em duas ocasiões. A primeira vez foi em 1984 e a segunda em 1989. O primeiro Papa da era moderna a visitar o continente asiático, por sua vez, foi Paulo VI, quando, em 1970, fez uma visita ao Irã, Paquistão e Filipinas, além de Samoa Ocidental.
A importância da viagem Apostólica Internacional de Francisco – a terceira do seu Pontificado -, está presente nos motivos que levam o Sucessor de Pedro a esta parte do mundo: um deles é o fato de que o Papa Francisco, pela primeira vez, visita o Extremo Oriente, uma região do mundo que adquire uma relevância cada vez mais acentuada na política e na economia mundial. O Pontífice está ali para se dirigir a todo o continente, não só à Coreia. Certamente, a viagem é à Coréia, mas tem como destinatários todos os países do continente, precisamente graças à celebração da Jornada da juventude asiática, que se realiza em Daejon e da qual participam representantes dos jovens de 23 países. Também se evidencia o olhar para o futuro: sim, porque a juventude representa o porvir, e Francisco se dirigiu no encontro com os jovens ao futuro deste continente, ao futuro da Ásia.
A viagem do Papa Francisco, com os muitos eventos programados – são 11 discursos –, a beatificação de Paul Yun Ji-Chung e dos seus 123 companheiros mártires e a mensagem de reconciliação traz grandes perspectivas: “A Igreja na Ásia é uma promessa” disse Francisco, bem consciente de que no país se está assistindo, durante os últimos anos, a um crescimento do cristianismo e da participação na vida da Igreja como não se via há muito tempo em outros continentes e países. Desde que a religião cristã foi levada a este país por um grupo de intelectuais leigos e se foi enraizando, durante séculos, sem um clero, sobrevivendo a graves perseguições, o catolicismo coreano ainda tem as marcas de um desenvolvimento original e, sem sombra de dúvidas, vivo.
A viagem do Papa reforça então as consciências e ilumina os corações e as mentes dos coreanos, nesta terra onde a questão dos leigos afunda as raízes nas suas origens. De fato, os leigos foram os verdadeiros protagonistas da história desta Igreja, mas, como afirma a Igreja local, é necessário que este seu ser protagonistas continue e se perpetue com o tempo.
A viagem de Francisco é uma viagem a 360 graus: de confirmação da fé e de esperança pelo futuro; constatação, mais do que óbvia de que a península, ainda atingida por muitas tensões, precisa de paz e de reconciliação. Francisco está ali para recordar a todos qual é a estrada para o futuro, uma estrada que passa pelo diálogo e pelos valores de um cristianismo, mais do que nunca enraizado na história deste povo.
(Silvonei José)
 da Rádio Vaticano 

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