segunda-feira, 18 de agosto de 2014

'Mudança climática tem a ver com capitalismo'

Segundo ativista Naomi Klein, alterações no clima são oportunidade para se construir um mundo melhor.

Por Jon Queally

O novo livro da autora e ativista Naomi Klein vai explorar como nosso atual ”modelo de economia está em guerra com a vida na Terra”. O título do livro não é difícil de ser entendido: "Isso muda tudo: Capitalismo versus Meio ambiente".

Esperado para setembro, o novo trabalho da jornalista, ativista e intelectual canadense Naomi Klein tem sido divulgado em um vídeo que expõe seus principais temas e argumento central.

"Em dezembro de 2012, um grupo de cientistas foi até o palco da União Geofísica Americana para apresentar um artigo", diz a narradora do vídeo – a própria Klein – enquanto imagens mostram o crescimento urbano e a queimada de lavouras.

E a narração continua: O artigo foi intitulado "A Terra está ferrada?”. E sua resposta foi: "Sim. Bastante".

É para onde a estrada onde estamos está nos levando, mas isso tem menos a ver com carbono do que com o capitalismo. Nosso modelo de economia está em guerra com a vida na Terra. Não podemos mudar as leis da natureza, mas podemos mudar nossa economia falida.

E é por isso que as mudanças climáticas não significam apenas um desastre. É também nossa grande chance de exigir – e construir – um mundo melhor. Mudar ou ser mudado. Mas não se enganem… isso muda tudo.

De acordo com a editora Simon & Schuster, isso muda tudo é uma "brilhante explicação de como nossa crise climática nos desafia a abandonar o centro da ideologia do 'mercado livre' do nosso tempo, reestruturar a economia global e refazer nossos sistemas políticos".

Descrita como mais importante e visionário do que seu best-seller anterior, "Doutrina do Choque", a nova obra de Klein vai argumentar que a mudança climática não é apenas outro item a ser habilmente arquivado entre impostos e assistência médica. É um alerta que nos chama a ajustar nosso sistema econômico que já está nos extinguindo de diferentes formas.

Klein argumenta meticulosamente que a redução maciça da emissão de efeito estufa é a nossa melhor chance de simultaneamente diminuir as desigualdades, repensar nossas democracias falidas e reconstruir nossas tristes economias locais. Ela expõe o desespero ideológico daqueles que negam a mudança climática, as ilusões messiânicas dos pretensos geoengenheiros e o derrotismo trágico de muitas iniciativas verdes tradicionais.

Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.

Esses argumentos não serão novos para quem segue o trabalho de Klein – e os argumentos similares de muitos outros nos últimos anos – mas a expectativa é de que assim como na abordagem anterior sobre o capitalismo moderno em Doutrina do Choque, ela vai apresentar sua análise mais completa da situação atual e sua visão do futuro.

Em discurso para um dos maiores sindicatos do Canadá, Klein disse aos membros da Unifor que se foi o tempo em que os trabalhadores e os interesses industriais entregam suas mentes ao que dita a ciência climática sobre o modelo econômico vigente do capitalismo global dominado pelas corporações.

Ela também discutiu a ideia de que as mudanças climáticas não devem ser vistas como um desastre, mas como uma enorme oportunidade para reformar o paradigma político e a luta por justiça global. Ela declarou à plateia de trabalhadores:

A ideia que quero trazer a vocês é que a questão das mudanças climáticas – quando toda a sua economia e implicações são entendidas – é a mais poderosa agenda progressista que já existiu para a igualdade e a justiça social.

Mas primeiro, nós temos que parar de fugir da crise climática, parar de deixar isso para os ambientalistas e nos confrontarmos com o problema. Temos de entender o fato de que a revolução industrial que levou prosperidade a nossa sociedade está agora desestabilizando o sistema natural do qual dependem nossas vidas.

”As mudanças climáticas”, ela acrescentou, ”não são um item para você adicionar à lista de coisas com as quais se preocupar. São um alarme para a civilização”.

Assista ao vídeo:

Eco D, 14-08-2014.

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