domingo, 14 de setembro de 2014

'A guerra é uma loucura', diz papa Francisco

"A guerra é louca, seu plano de desenvolvimento é a destruição", disse o papa em cerimônia na Itália.

O papa Francisco afirmou neste sábado (13) que todas as guerras são uma loucura alimentada pela indústria armamentista e pelos interesses geopolíticos, em uma cerimônia na Itália por ocasião do centenário do início da Primeira Guerra Mundial.
"Depois de contemplar a beleza da paisagem de toda esta região, onde homens e mulheres trabalham (...), crianças brincam e idosos sonham (...), penso em apenas uma coisa: a guerra é uma loucura", afirmou o santo padre no cemitério militar de Redipuglia (nordeste).
Este cemitério é o maior da Itália, e nele descansam os restos de mais de 100.000 soldados mortos durante a Grande Guerra.
O avô de Francisco participou da Primeira Guerra Mundial, nas batalhas travadas nesta região, perto do rio Piave, entre 1917 e 1918.
Em junho, o Papa argentino falou "da enorme tragédia que foi a Primeira Guerra Mundial, da qual ouvi tantas histórias dolorosas da boca de meu avô, que esteve no Piave".
A cerimônia deste sábado ocorreu diante de milhares de fiéis, que compareceram ao evento apesar da chuva que caía nesta parte da Itália.
O chefe da Igreja católica presidiu a cerimônia com os cardeais Christoph Schönborn, arcebispo de Viena, e Josip Bozanic, arcebispo de Zagreb, na presença de bispos austríacos, croatas, eslovenos e húngaros.
"A guerra destrói. A guerra desfigura tudo, inclusive o vínculo entre irmãos. A guerra é louca, seu plano de desenvolvimento é a destruição", acrescentou o sumo pontífice em sua crítica aos conflitos armados que, segundo argumentou, nascem dos interesses econômicos da indústria armamentista e da indiferença do povo.
"A ganância, a intolerância, a ambição de poder (...) são motivos que levam a decidir para a guerra, e estes motivos muitas vezes são justificados por uma ideologia", afirmou o bispo de Roma.
"Ainda hoje, após o segundo fracasso de outra guerra mundial, podemos talvez falar de uma terceira guerra travada por partes, com crimes, massacres, destruições", acrescentou o sucessor de São Pedro.
"Aqui há muitas vítimas. E a partir daqui nos lembramos de todas as vítimas de todas as guerras. Ainda hoje existem muitas vítimas (...) Como é possível? É possível porque (...) nos bastidores há interesses, planos geopolíticos, avidez de dinheiro e poder, e existe a indústria das armas, que parece ser importantíssima", denunciou Francisco.
"E estes planejadores do terror, estes organizadores do confronto, assim como os comerciantes de armas, escreveram em seus corações: 'que me importa?'", disse o Papa.
"Com esse 'que me importa' que os mercadores da guerra têm em seu coração, talvez ganhem muito, mas seu coração corrupto perdeu a capacidade de chorar".
"Vemos isso na história que vai de 1914 a nossos dias. E também vemos isso nos nossos dias. Com um coração de filho, de irmão, de pai, peço a todos, e para todos nós, a conversão do coração: passem desse 'que me importa' às lágrimas", concluiu o papa Francisco.
O chefe do Estado Vaticano, que chegou pela manhã ao aeroporto de Trieste, planejava retornar aos seus aposentos após a cerimônia.
AFP

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