domingo, 7 de setembro de 2014

Ensino médio, o grande gargalo da educação brasileira


por Andrea Ramal

Sala de aula
resultado do Brasil no Ideb mostra que o ensino médio é o maior gargalo do sistema educacional brasileiro. Desde a primeira medição, em 2005, o Brasil segue com média abaixo de 4,0. A nota deste ano mostra que estamos patinando com mudanças de décimos, para cima ou para baixo, sem sair do lugar.
O Ideb é composto por três indicadores que ajudam a decifrar nossos problemas. O primeiro deles é o desempenho em português e matemática. O resultado revela que os estudantes não aprendem tudo o que poderiam aprender. É preciso reformular o currículo, formar os professores para ensinar com métodos mais efetivos e criar meios de diagnosticar e trabalhar as deficiências dos alunos antes que se tornem irreversíveis e se transformem em repetência – justamente o segundo indicador que compõe o Ideb.
Como resultado de tudo isso, em muitos casos, o jovem acaba abandonando os estudos. Tanto é assim que cresceu o número de jovens em idade escolar fora do ensino médio. É o terceiro indicador: o de evasão e abandono. Esse conjunto de fatores aumenta a geração nem-nem (jovens que nem estudam, nem trabalham), ameaça a competitividade brasileira e o futuro do país.
Nesse cenário de estagnação, vale verificar o que acontece na gestão de redes estaduais que conseguem dar saltos. No Rio de Janeiro, por exemplo, que foi o estado que mais posições avançou no ranking, passando de 26° para 4° lugar, cinco pontos associados contribuíram para sair do lugar. 
Em primeiro lugar, uma rede de ensino precisa ter professores nas salas de aula. Em 2010 faltavam 70 mil professores e hoje a carência não chega a 700.
Além disso, é lógico pensar que, numa rede com 900 mil alunos espalhados em 92 municípios, precisa-se garantir que todos aprendam um conjunto mínimo de conteúdos, mesmo que haja complementos específicos por região. O Rio definiu um currículo mínimo, comum a todas as escolas. Isso começou a reduzir as desigualdades dentro da rede.
Na sequência, resta ver se todos os estudantes estão mesmo aprendendo. Foi instituído um sistema bimestral de avaliação de português e matemática.
A partir dos resultados dessa avaliação, o próximo passo foi colocar 225 mil alunos no reforço escolar, o que reduziu a repetência e a defasagem idade-série.
Para verificar se este planejamento é mesmo cumprido, basta estabelecer e acompanhar as metas de desempenho para gestores e professores. Assim, sem perder a autonomia, eles passam a prestar contas dos resultados do seu trabalho.
Quando analisamos outros bons resultados brasileiros, como o caso de Goiás, que neste momento passou a ocupar o primeiro lugar e seguiu o mesmo movimento ascendente, as estratégias de gestão são muito similares. E nada muito mirabolante.
Sem dúvida há muito a fazer – basta dizer que a nota do Rio de Janeiro é ainda 3,6. A infraestrutura das escolas fluminenses é precária, a relação com os professores precisa melhorar muito e, para o tamanho da rede, o programa de capacitação docente ainda é tímido.
Conteúdos mais atuais e próximos da vida, uma didática mais atual, professores mais bem formados e remunerados, tecnologias nas aulas e uma gestão mais profissional das redes de ensino são requisitos fundamentais para dar início a uma virada que, como se percebe, ainda não começou na maior parte do país.

Foto: Reprodução/TV Integração

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