Em entrevista exclusiva à GloboNews, secretário-geral da ONU condenou a decapitação do britânico David Haines pelo grupo extremista.
Às vésperas da Assembleia Geral da ONU, Ban Ki-moon espera que os debates deste ano sejam decisivos. Em um mundo ameaçado pelo Estado Islâmico, pelas mudanças climáticas e pelo maior número de refugiados da história, é um desafio estar à frente da organização que reúne 193 nações e muitas divergências.
Pela primeira vez, o secretário-geral condenou a morte do britânico David Haines. O voluntário de uma organização de ajuda humanitária foi o terceiro ocidental decapitado pelos extremistas do Estado Islâmico. O secretário-geral da ONU deu uma entrevista exclusiva para a GloboNews.
Sandra Coutinho: E em relação à Síria e ao Iraque? Quase 200 mil pessoas já morreram naSíria. O senhor considera o Estado Islâmico uma ameaça mundial?
Ban Ki-moon: Tornou-se uma ameaça global, por isso toda a comunidade internacional deve se unir e, antes de mais nada, demonstrar toda a solidariedade aos povos do Iraque e da Síria. Estou animado com o fato de que países como os Estados Unidos tenham demonstrado uma vontade firme e resoluta de enfrentar esses ataques terroristas. Mas esse terrorismo não pode ser resolvido por nenhum país sozinho, ou por uma única organização. As Nações Unidas não podem agir isoladamente, nem a União Europeia ou os Estados Unidos podem agir sozinhos. Portando, a comunidade internacional inteira deverá demonstrar sua solidariedade, deve estar unida, agir simultaneamente. Venho insistindo para que o governo iraquiano, o primeiro-ministro Al Abadi, para ter um governo bem inclusivo, isso é muito importante e eu também tenho pedido ajuda aos líderes do governo regional do Curdistão, o KRG, ao presidente Barzani, para cooperar completamente como um Estado Federal. É muito importante ter um diálogo inclusivo e uma governança inclusiva.
Sandra Coutinho: Neste fim de semana, um cidadão britânico foi decapitado pelo Estado Islâmico, e ele trabalhava com ajuda humanitária. São pessoas que se arriscam para ajudar os outros. As Nações Unidas condenaram o assassinato desse cidadão britânico?
Ban Ki-moon: Eu venho condenando. É uma brutalidade completamente inaceitável contra as Nações Unidas, contra as pessoas que trabalham com ajuda humanitária, contra as forças de paz. Por isso, é um crime contra a humanidade. Nós condenamos e temos que condenar, e por isso temos que enfrentar os terroristas.
O secretário-geral falou da antiga reivindicação brasileira por uma cadeira permanente no conselho de segurança da ONU: "Sei que o Brasil é um dos aspirantes com grande capacidade para ter um assento permanente no Conselho de Segurança. A reforma do Conselho de Segurança está sendo discutida há 20 anos para refletir uma posição mais representativa e democrática da comunidade internacional".
Ele disse ainda que o Brasil tem um papel de destaque nas negociações sobre as mudanças climáticas: "O Brasil é um líder nas questões climáticas. Visitei o país várias vezes e fui até o rio Amazonas, a floresta Amazônica. Vi de perto o impacto do desmatamento, mas o Brasil está à frente nos esforços pela sustentabilidade e no combate ao desmatamento”.
A reunião de cúpula sobre o clima está marcada para o próximo dia 23, um dia antes do início dos debates na Assembleia Geral da ONU.
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